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Blog do Prem Baba

O que os fenômenos naturais e a crise estão tentando nos dizer

Sri Prem Baba

15/09/2017 04h10

Há bastante tempo, me comprometi com o despertar da consciência coletiva, com a criação e a propagação de uma nova maneira de viver a vida, tendo a paz e a prosperidade como premissas sociais. Essa é uma missão e tanto, porque exige uma transformação em larga escala, em que cada um de nós terá que assumir responsabilidade pelos nossos atos, tomando nas mãos as rédeas do próprio destino.

Assim, é uma grande alegria para mim estrear este novo canal de diálogo, um espaço para explorarmos tudo aquilo que nos impede de sermos felizes de verdade, como indivíduos e como coletivo. Uma oportunidade para nos autoconhecermos e encontrarmos novos caminhos para o despertar do amor. Por isso, agradeço o convite e a chance de estar aqui nesse momento tão delicado pelo qual a humanidade está passando.

Estamos atravessando um período no qual nosso sistema como um todo está entrando em colapso. Todos os setores da sociedade –político, econômico, educacional, ambiental– estão em crise. Tudo parece estar desmoronando. Apesar disso, considero que esse seja um momento positivo, uma bendita crise. Estamos sendo chamados a nos responsabilizar pelos nossos erros e a participar da mudança que queremos ver no mundo.

Furacão Irma deixou rastro de destruição e mortes onde passou (Alexandre Meneghini/Reuters)

É um tempo que pede por um alinhamento entre pensamento, palavra e ação, o que significa que precisamos tomar consciência das nossas contradições internas para que possamos transformar as contradições externas. Uma mudança de dentro para fora se faz necessária. Enquanto não transformarmos os padrões destrutivos que têm regido nossas mentes há séculos, não seremos capazes de criar uma cultura de paz e prosperidade.

Temos sido guiados por impulsos inconscientes que nos levam a destruir a natureza e as nossas relações íntimas, sem nem compreender por quê. Por um lado, queremos paz, enquanto, por outro, fazemos guerra. Por um lado, queremos viver em harmonia com a natureza, por outro, abusamos dos recursos naturais até que a vida se torne insustentável.

Fenômenos naturais como terremotos, furacões e tsunamis são sinais da natureza que podem se transformar em desastres de grande escala justamente por conta da nossa incapacidade de lidar com nossos impulsos destrutivos. Dependendo da forma como nos organizamos socialmente, geramos esse tipo de fenômeno. Eu sei que é difícil de compreender, mas é fato que existe uma interdependência entre todas as coisas –um único espírito nos move neste plano. Os seres humanos são movidos pelas mesmas forças que movem os outros reinos da natureza.

Os fenômenos naturais são como mensageiros do Grande Espírito: eles querem nos dizer que algo precisa mudar. O mesmo ocorre no nível pessoal. Quando nos distanciamos da nossa natureza primordial, adoecemos. Então, surgem desafios que são como verdadeiros furacões em nossas vidas: perdas, fracassos, acidentes… Especialmente doenças. Tais desafios nos provocam a rever a forma como escolhemos viver.

Em termos coletivos, o terremoto político que vem assolando o Brasil, somado aos crimes, denúncias de abusos sexuais e tantas outras barbáries, exemplificam esse distanciamento do nosso propósito maior, retratando um momento de total desgoverno no país. Isso ocorre quando a injustiça cresce de tal forma que fica impossível promover uma transformação através da escolha da vontade consciente. Então, se faz necessário entrar em um rodamoinho energético de transformação, que é praticamente impossível saber aonde vai parar. O fato é que nossas escolhas e decisões têm sido baseadas sobretudo no medo e na ambição.

Temos direcionado toda nossa energia para a conquista do poder, quer seja na forma do dinheiro, do sexo ou da fama. E essa forma de viver tem gerado demasiado sofrimento ao ser humano. Cada vez mais, nos afastamos do caminho do coração, o caminho determinado pela alma em evolução neste planeta.

Com isso, nos esquecemos do propósito maior da existência. Os sintomas desse esquecimento são angústia, tristeza, ansiedade, sentimento de desencaixe e falta de sentido na vida. Tentamos amortecer esse desconforto e preencher esse vazio com diversas coisas, mas, basicamente, com comida, sexo, dinheiro e seus derivados. Quanto mais nos distanciamos da nossa natureza, mais fortes são os sintomas e mais eficientes e potentes precisam ser os amortecedores. É aí que entram os ansiolíticos, antidepressivos e uma séria de drogas pesadas.

Todo esse cenário se deve ao fato de termos nos desviado do dharma, o propósito maior, em tradução do sânscrito. Precisamos nos reaproximar de nós mesmos, da nossa essência. E isso só é possível através do autoconhecimento. Nesse momento, é de grande valia nos perguntamos: o que eu gostaria que fosse diferente na minha vida? Onde eu gostaria de estar? O que me impede de estar onde eu gostaria de estar? Quais forças estão me segurando? O que esse desconforto quer me dizer?

Na medida em que vamos nos conhecendo e nos transformando como indivíduos, iniciamos também uma transformação coletiva

Vamos abrindo espaço para uma nova economia baseada no amor e não no medo da escassez; uma nova política baseada no autêntico altruísmo e não no egoísmo; uma nova educação e uma nova maneira de nos relacionarmos com o meio ambiente.

Eu sinto que essa é a mensagem que a natureza está tentando nos transmitir. Ela clama para que nos harmonizemos com ela e, dessa forma, nos alinhemos com o propósito maior da vida. Para isso, precisamos nos harmonizar também com o passado –o que significa nos libertarmos dos pactos de vingança. Essa transformação só é possível através da autorresponsabilidade, que é a coragem de assumir nossos erros e de perdoar aqueles que nos magoaram.

Eu sei que isso não é fácil. Não é fácil abrir mão dos mecanismos de defesa, mas é o único caminho. O único caminho é tornar-se amigo do outro, é querer ver o outro brilhar. Algumas pessoas são fáceis de amar, mas o convite é para amar até mesmo aquele que te traiu. Amar até mesmo quem não te ama.

Essa humildade precisa se manifestar na nossa vida pessoal, assim como na nossa estrutura social. O amor precisa despertar em todos e em todos os lugares.

Tudo se resume no amor. Essa é a essência.

Sobre o autor

Nascido em São Paulo, Sri Prem Baba estudou psicologia e ioga. É discípulo do mestre indiano Sri Sachcha Baba Maharaji Ji, da linhagem Sachcha, e idealizador do movimento global Awaken Love. Seu trabalho une conhecimentos para fortalecer valores humanos, espirituais e sociais. Hoje, existem centros representativos de sua missão na Índia, Estados Unidos, Europa, Israel, Argentina e Brasil. É autor dos livros “Amar e Ser Livre - As Bases Para uma Nova Sociedade”, “Transformando o Sofrimento em Alegria” e do best-seller “Propósito – A Coragem de Ser Quem Somos”.

Sobre o Blog

Ensinamentos para o bem-viver com foco em autoconhecimento e desenvolvimento pessoal. Conteúdos profundos abordados de forma prática sobre relacionamentos, propósito de vida, prosperidade, sustentabilidade, educação, crise planetária e espiritualidade, entre outros.

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