Topo

Paola Machado

Quais são as melhores fontes de proteína e qual suplemento consumir?

Paola Machado

01/04/2018 04h00

Crédito: iStock

No texto de ontem, expliquei que a maioria das pessoas, inclusive quem treina, já alcança por meio de alimentos a quantidade diária recomendada de proteína (de 1,2 g a 1,8 g por quilo de peso corporal). Também mostrei que, para quem ingere essa porção, aumentar o consumo do nutriente não gera diferença na síntese proteica –associada a construção muscular.

Mesmo assim, há casos e casos e alguns nutricionista preferem dividir a quantidade de proteínas diária de seus clientes em alimentos e suplementos, resultando na quantidade total adequada.

Há pessoas que respondem melhor a este tipo de intervenção e com a oferta de proteínas de alto valor biológico. Enfim, tudo depende da necessidade diária, individualidade biológica e rotina de cada um. Algumas pessoas, por exemplo, não conseguem comer depois do treino e o suplemento pode ser boa opção.

Qual tipo de proteína devo ingerir?

A proteína é um macronutriente encontrado em muitos alimentos, como carne bovina, frango, peixe, ovo, leite e derivados (queijo, iogurte), nozes, feijão etc. O nutriente é composto de aminoácidos, utilizados pelo organismo na produção muscular e também na pele, nos cabelos, nos ossos, nas unhas.

Ingerir a quantidade ideal de proteína, seja por meio de alimentos, seja por meio de suplementos, é fundamental para o balanço proteico do corpo e produção de massa magra, como já expliquei no texto de ontem. A melhor opção para a síntese muscular são as proteínas de alto valor biológico, que fornecem grande quantidade de aminoácidos essenciais –aqueles que seu corpo não é capaz de produzir.

Alimentos de origem animal (carne, ovo, leite) geralmente são as melhores fontes de proteínas de alto valor biológico.

Um estudo avaliou jovens que realizaram uma sessão de treino de força para membros inferiores e ingeriram 500 ml de leite desnatado (fonte de whey protein e caseína) ou uma porção de soja (com cerca de 18 g de proteína). Três horas após a ingestão dos alimentos, os pesquisadores notaram o aumento da síntese proteica muscular nos dois grupos, mas ele foi maior nos voluntários que beberam leite.

Não há uma explicação científica para esse acontecimento, porém, podemos avaliar duas hipóteses plausíveis:

• O leite oferece maior quantidade de leucina –um aminoácido com grande potencial anabólico — do que a soja.

• A digestibilidade e a taxa de absorção dessas proteínas são diferentes. O whey tem taxa de absorção rápida e a soja também, estimulando a síntese proteica. A diferença é que o leite, além do whey protein, possui uma quantidade significativa de caseína, que tem proteínas de absorção lenta, aumentando menos a síntese proteica, contudo, mantendo a taxa de aminoácidos (aminocidemia) elevada por mais tempo; diferentemente da ingestão somente do whey ou soja, que causa um aumento mais repentino.

Qual suplemento tomar?

É essencial uma avaliação nutricional para ver se há realmente necessidade da suplementação de proteínas. Além do mais, é importante adequar as quantidades de forma individual. Há diversos tipos de suplementos de proteína e abordarei as vantagens e desvantagens de cada um no futuro.

Referências:
– TANG, J. E.; PHILLIPS, S. M. Maximizing muscle protein anabolism: the role of protein quality. Current opinion in Clinical Nutrition and Metabolic Care, v. 12, n. 1, p. 66-71, 2009.
– Tang, J.E., D.R. Moore, G.W. Kujbida, M.A. Tarnopolsky, and S.M. Phillips (2009). Ingestion of whey hydrolysate, casein, or soy protein isolate: Effects on mixed muscle protein synthesis at rest and following resistance exercise in young men. J. Appl. Physiol. 107: 987-992.
– Wilkinson, S.B., M.A. Tarnopolsky, M.J. Macdonald, J.R. Macdonald, D. Armstrong and S.M. Phillips (2007). Consumption of fluid skim milk promotes greater muscle protein accretion after resistance exercise than does consumption of an isonitrogenous and isoenergetic soy-protein beverage. Am. J. Clin. Nutr. 85: 1031-1040.
– Lemon, P.W.R. Beyond the Zone: Protein Needs of Active Individuals. Journal of the American College of Nutrition, Vol. 19, No. 5, 513S–521S, 2000.
– Moore D.R., M.J. Robinson, J.L. Fry, J.E. Tang, E.I. Glover, S.B. Wilkinson, T. Prior, M.A. Tarnopolsky, and S.M. Phillips (2009). Ingested protein dose response of muscle and albumin protein synthesis after resistance exercise in young men. Am. J. Clin. Nutr. 89:161-168.
– Philips, S. Protein requirement and supplementation in strength sports. Nutrition 2004;20:689-95.
– Philips, S. M. Resistance exercise: good for more than Just Grandma and Granpa´s muscles. Appl Physio Nutr Metab. Vol. 32. p.1198-1205. 2007.
– Yang Y., L. Breen, N.A. Burd, A.J. Hector, T.A. Churchward-Venne, A.R. Josse, M.A. Tarnopolsky, and S.M. Phillips. (2012). Resistance exercise enhances myofibrillar protein synthesis with graded intakes of whey protein in older men. Br. J. Nutr. 108:1780-1788.
– Med Sci Sports Exerc. 2000 Dec;32(12):2130-45. Joint Position Statement: nutrition and athletic performance. American College of Sports Medicine, American Dietetic Association, and Dietitians of Canada.
– American College of Sports Medicine; American Dietetic Association; Dietitians of Canada.TIRAPEGUI, J. Nutrição – fundamentos e aspectos atuais. São Paulo: Atheneu, 2002. 342 p.
– Prestes J, Bucci M, Urtado CB, Caruso FG, Pereira M, Cavaglieri CR. Metabolismo Lipídico: suplementação e performance humana. Saúde Rev 2006;8(18):49-54.
– Gabriella A.M. Ten Have, Marielle P. K.J. Engelen, Yvette C. Luiking, and Nicolaas E.P. Deutz. Absorption Kinetics of Amino Acids, Peptides, and Intact Proteins. International Journal of Sport Nutrition and Exercise Metabolism, 2007, 17, S23-S36.
– TIPTON, K.D.; BLAKE B. RASMUSSEN; SHARON L. MILLER; STEVEN E. WOLF; SHARLA K. OWENS-STOVALL; BART E. PETRINI; ROBERT R. WOLFE. Timing of amino acid-carbohydrate ingestion alters anabolic response of muscle to resistance exercise. Am J Physiol Endocrinol Metab 281: E197–E206, 2001.
– Manore, Melinda; Thompson, Janice. Sport Nutrition for Health and Performance. Human Kinetics, 2005.

Sobre a autora

Paola Machado é fisiologista do exercício, formada em educação física modalidade em saúde pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), mestre em ciências da saúde (foco em fisiologia do exercício e imunologia) e doutoranda em nutrição pela UNIFESP. É autora do Livro Kilorias - Faça do #projetoverão seu estilo de vida (Editora Benvirá). Atualmente, atua como pesquisadora, desenvolvendo trabalhos científicos sobre obesidade, e tem um canal de desafios (30 Dias com Paola Machado) onde testa a teoria na prática. Também é fundadora do aplicativo aplicativo 12 semanas. CREF: 080213-G | SP

Sobre a coluna

Aqui eu compartilharei conteúdo sobre exercício e alimentação para ajudar você a encontrar o caminho para um estilo de vida mais saudável. Os textos são cientificamente embasados e selecionados da melhor forma possível, sempre para auxiliar no seu bem-estar. Mas, lembre-se: a informação profissional é só o primeiro passo da sua nova jornada. O restante do percurso depende 100% de você e da sua motivação para alcançar seu objetivo.