Técnica que cobre as olheiras com tatuagem ganha adeptas. Pode isso?
Olheiras escuras e profundas são difíceis de serem disfarçadas com maquiagem e muita gente recorre a lasers, peelings e outros tratamentos estéticos para amenizá-las. Nenhum desses procedimentos, entretanto, é tão radical quanto a técnica criada pelo tatuador Rodolpho Torres. Em seu estúdio, localizado em São Paulo (SP), ele recebe clientes dispostas a cobrir as olheiras com uma tatuagem no tom da pele.
Segundo Torres, a tinta permanente é aplicada sobre as olheiras como se fosse uma base corretiva. O tatuador teve a ideia de criar o método a partir das reclamações de mulheres que frequentavam seu estúdio. "Muitas delas se queixavam que estavam com estrias e manchas", conta.
"Percebi que não existiam tatuadores que fizessem procedimentos para cobrir essas imperfeições na pele com estria e criei o método, que fez bastante sucesso", ressalta. A clientela de Torres, especialmente as mulheres, começou a gostar do tratamento e questionar se funcionaria para cobrir as olheiras. "Iniciei os testes nessa área e obtive bons resultados", lembra.
Pomada anestésica
Uma das maiores questões para quem se interessa pelo método é: será que dói? De acordo com o tatuador, a pele sob os olhos é mais frágil com relação à dor do que aquela que cobre as estrias, mas não quanto a aplicação da tinta. Para evitar qualquer tipo de sofrimento, a cliente já chega ao estúdio com a indicação de comprar uma pomada anestésica com lidocaína na fórmula, que é aplicada de 20 a 30 minutos antes da tatuagem.
O tatuador afirma que tudo que utiliza em seu trabalho-- como pigmentos, agulhas e máquina --é aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e que sua tinta não muda de cor, mas sim desbota "em um processo que leva até 18 anos e vai fazer o procedimento durar mais que uma prótese de silicone ou o coração transplantado". Ou seja: a tatuagem nessa área também é definitiva que vai precisar de retoque em algum momento.
Quem fez
A ex-panicat Babi Muniz é uma das garotas-propaganda da técnica criada por Rodolpho. Em entrevista ao UOL, ela explica que passou pelo procedimento há 25 dias e que, como o prometido pelo tatuador, realmente não sentiu dor alguma. De acordo com Torres, tudo leva de 30 a 40 minutos para ficar pronto.
"Quando faço alguma tatuagem artística, normalmente choro de dor, mas foi tranquilo por conta da pomadinha que ele passou antes do procedimento", ressalta a ex-panicat, antes de lembrar que a aparência ficou "ridícula" logo após o processo, "pois a pele estava muito inchada e feia".
"Foram duas semanas sofrendo um pouco, sendo bem ruim de passar maquiagem, mas depois começou a cair a casquinha e estou amando", diz a modelo, antes de ressaltar que o resultado final demora cerca de um mês e meio para ser conquistado.
Ela conta que antes passava bastante corretivo e base para disfarçar a "cara de cansada" e sair na rua, mas que agora está com coragem de ir sem maquiagem. "Por enquanto, estou gostando bastante o resultado e até a minha dermatologista achou bacana a ideia e se empolgou, dizendo que vai querer ver o resultado final", diz.
Pode isso?
Três dermatologistas procurados pela reportagem se mostraram enfaticamente contra o procedimento. O dermatologista Abdo Salomão, por exemplo, desaconselha totalmente a opção. "A região abaixo dos olhos possui uma pele extremamente fina. Corre o risco do tatuador colocar o pigmento ali e estourar um vasinho, que vai derramar o sangue e tatuar com outro pigmento, chamado ferrero, tornando a região ainda mais escura, definitivamente", explica.
Além disso, lembra o especialista, a chance da tinta bater exatamente com a cor da pele é mínima, pois temos diferentes tonalidades, dependendo da região do corpo.
A dermatologista Ana Carolina Sumam concorda e diz que não indicaria uma técnica de tatuagem para uma área tão nobre quanto a face. "Atualmente dispomos de tratamentos mais efetivos para a área, como preenchimento com ácido hialurônico, lasers, entre outros, que estão efetivamente tratando e não apenas 'mascarando'", ressalta.
Ela ressalta pensar o mesmo em relação às estrias, exatamente por preferir um tratamento que vai estimular a produção de colágeno no local a uma tatuagem. "Acho que seria indicado para casos bem selecionados, que não tivessem tido resposta a tratamentos já estudados e consagrados, e com profissional extremamente capacitado", avalia.
Quando escurecer ou clarear?
A dermatologista e cirurgiã plástica Flávia Diniz é outra que não concorda com a técnica, justamente pelas olheiras mudarem de tonalidade de acordo com outros fatores, como falta de sono e estresse. "Como a pessoa vai avaliar o quanto deve escurecer ou clarear?", questiona.
Com relação as estrias, quando a pessoa não está bronzeada e pigmenta, sem problemas. Mas quando você bronzear, aonde está mais pigmentado vai ficar mais escuro, agravando uma situação que a pessoa gostaria de esconder", argumenta.
Durante a entrevista, o tatuador ressaltou que um possível bronzeamento no futuro não seria um grande problema, pois a tatuagem não tem o poder de bloquear sol e nem de manter aquela pele sem bronzear. "Se fosse o caso, a tatuagem seria ótima para evitar câncer de pele, mas não tem esse poder", argumenta.
"Caso a pessoa tome sol nas olheiras e fique com o rosto bronzeado, automaticamente você vai ver a tatuagem embaixo de uma pele bronzeada. Logo, fica tudo normal. A tatuagem não muda de cor quando vai o sol e também não bloqueia o sol. Então, a pele superficial de cima, que pega o bronze, faz com que a tatuagem escureça junto. Aquele bronzeado saiu? O desenho volta aparecer normalmente", alega.
Diz ter aceitação no meio clínico
Ainda na visão de Rodopho Torres, seu procedimento possui uma aceitação "muito grande" por parte da área médica e de estética.
Segundo ele, em workshops que dá no Brasil e no mundo, os próprios médicos, cirurgiões plásticos e dermatologistas querem aprender o procedimento para "resolver o problema que eles mesmos não podiam antigamente".
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.