Gordura no fígado é perigosa e pode causar até cirrose em quem não bebe
Que o consumo excessivo de bebida alcoólica faz mal para o fígado, todo mundo sabe. O que algumas pessoas desconhecem é que existe uma condição muito frequente, com lesões no fígado praticamente idênticas a aquelas causadas pelo álcool, mas sem nenhuma relação com o hábito de beber.
O nome dessa condição é doença gordurosa hepática não alcoólica. De uma maneira simples: gordura no fígado. Ela é considerada a doença hepática mais comum no mundo, atingindo de 20% a 30% da população. Mas é importante salientar que esse diagnóstico só pode ser considerado em quem não tem consumo alcoólico excessivo.
Cada vez é mais comum o achado de gordura no fígado e uma das principais razões para o aumento de sua prevalência é a epidemia da obesidade. Pessoas com excesso de peso, particularmente aquelas com aumento de gordura na barriga, estão mais sujeitas a acumular gordura no fígado. O problema é que essa gordura depositada nas células hepáticas pode levar a várias consequências. Além de atrapalharem a ação da insulina e aumentarem o risco de desenvolvimento de diabetes do tipo 2, pode gerar uma inflamação crônica, desenvolvimento de fibrose (cicatriz) e até cirrose. Sim. Cirrose em uma pessoa que não bebe. Dados epidemiológicos indicam um aumento de 170% dessa condição na última década.
Muitos fatores parecem influenciar seu desenvolvimento. Pesquisas demonstram que a genética tem sua parcela de culpa. Outros estudos recentes também indicam que o risco de acumular gordura no fígado aumenta em filhos de mulheres que ganham muito peso na gestação ou que desenvolvem diabetes gestacional. Ou seja, antes mesmo de nascer, podemos carregar um risco para a vida adulta por conta de condições insatisfatórias durante a gestação. Mas, sem dúvida, o mau hábito ao longo de toda vida é o grande vilão: sobrepeso, sedentarismo, dieta rica em gordura e açúcar...
O grande problema é que existem evidências convincentes de que a presença de gordura no fígado é um fator de risco para o desenvolvimento de doença cardiovascular. São vários os trabalhos que atestam isso. Assim, a presença dessa gordura pode ser um sinal de alerta. Um aviso de que alguma coisa tem que ser feita. E perder peso é a melhor estratégia. Não precisa muito, não. Pesquisas indicam que reduzir 7% do seu peso já tem um impacto superpositivo na redução da gordura do fígado. Isso porque quando emagrecemos perdemos preferencialmente a gordura do fígado e do abdome. Ou seja, perda modesta de peso já traz grandes benefícios.
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