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Cuidar da mente para uma vida mais harmônica


Problemas na vida sexual? Existem diversas formas e abordagens para tratar

Às vezes pessoa acha que tem um problema, mas depois descobre que quem tem é o parceiro - iStock
Às vezes pessoa acha que tem um problema, mas depois descobre que quem tem é o parceiro Imagem: iStock

Silvio Crespo

Colaboração para o UOL VivaBem

19/07/2019 04h00

Não é raro que uma pessoa passe a vida inteira insatisfeita com a sua prática sexual, sem saber que muitas vezes o problema dela tem solução. Por falta de informação ou por vergonha, é comum que pessoas não busquem tratamento, acabem aceitando rótulos como "sou ruim de cama" ou "não gosto de sexo" e abram mão de uma vida sexual satisfatória, como conta a psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade (ProSex) da USP (Universidade de São Paulo).

"Falar sobre uma falha às vezes é tão difícil que as pessoas podem ficar anos sem se cuidar porque não se sentem capaz de dividir aquela situação com ninguém, nem mesmo com um médico"
Carmita Abdo, coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade (ProSex) da USP

Também acontece de a pessoa achar que tem um problema, mas depois descobrir que quem tem é o parceiro. A psicóloga Magda Pearson conta que estava atendendo um casal que não fazia sexo e o homem alegava que a culpa era de sua mulher. Em certo momento, ele revelou que sentia dores no pênis e eles perceberam que essa era a razão verdadeira por não transarem.

Porém, existe uma ampla gama de profissionais que podem ajudar. Veja alguns caminhos e recursos para tratar melhor o problema:

1. Investigue sua mente

No aspecto sexual, a psicoterapia ajuda a "entenderem quais são os valores e as crenças que estão impedindo uma pessoa de ser mais espontânea e mais livre na expressão da sua sexualidade", explica Alexandre Saadeh, professor de psicologia da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).

"Você vai entender por que você se censura, quais fatores que você viveu e que hoje atrapalham uma vivência prazerosa e saudável para a sua sexualidade", afirma. Dificuldades relacionadas à ereção e à ejaculação, no homem, e à lubrificação ou ao orgasmo, na mulher, são exemplos de queixas tratadas na psicoterapia.

A psicanálise, inclusive, pode ajudar a entender o que está por trás de problemas e, assim, ter condições de construir uma trajetória diferente daqui para frente.

Sintomas específicos, como a ejaculação precoce, são apenas a ponta de um iceberg. O que a psicanálise pode fazer é ajudar a pessoa a olhar para a parte escondida.

Essa vertente da psicologia considera que o ser humano está sempre em conflito do ponto de vista sexual, porque uma pessoa nunca encontra na prática uma forma de satisfazer as suas demandas exatamente como elas foram imaginadas, explica Mara Selaibe, do departamento de psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae.

Quando esse conflito gera sofrimento, entra a possibilidade de um trabalho maior. Nas sessões de psicanálise, o profissional ajuda as pessoas a identificar os elementos inconscientes que estavam causando essa dor.

Mas em casos de depressão ou ansiedade "muito grave", segundo Saadeh, é necessário que o paciente busque um médico, paralelamente ao processo da psicoterapia.

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Quando a origem do problema sexual é emocional, pode ser necessário o uso de medicamentos
Imagem: iStock

2. Problemas físicos também influenciam

Diversos são os casos de disfunções sexuais que precisam necessariamente de cuidados médicos, afirma Carmita Abdo.

Às vezes, o problema de ereção, no homem, ou de falta de lubrificação, na mulher, é causado por diabetes, hipertensão ou colesterol alto, pois tudo isso afeta os nervos e os vasos, que por sua vez atingem o funcionamento do aparelho sexual, de acordo com Abdo.

A falta de libido é outro problema que também pode ter uma causa física: a baixa produção de hormônios --a testosterona, no caso do homem, e o estrogênio, na mulher. A causa pode ser o estresse, a bebida alcoólica ou até uma predisposição da pessoa a produzir menos hormônios.

Quando a origem do problema sexual é emocional, como no caso da depressão ou da ansiedade, pode ser necessário o uso de medicamentos, segundo Abdo. Mas "nunca as causas emocionais poderão ser tratadas com profundidade sem um tratamento psicoterapêutico", completa.

3. Terapia tântrica ajuda no autoconhecimento

Ainda pouco conhecida, a terapia tântrica utiliza a conversa, a meditação e a massagem para ajudar as pessoas a "entrarem em contato com a sexualidade de uma forma mais tranquila, sem tabu", explica o terapeuta corporal Fábio Henrique Neves, do espaço Pulso de Vida.

Na terapia tântrica, trabalha-se a respiração e o toque para que a pessoa consiga entrar em contato com as próprias sensações "sem o medo, o terror e a culpa" que muitas vezes estão associados ao sexo.

"Às vezes as pessoas têm uma sexualidade reprimida por causa da cultura e da forma como foram tratadas desde criança. Muitas vezes, a mulher não consegue se soltar com medo de parecer ridícula, e o homem acredita que tem que ser viril. Na terapia [tântrica] é possível afrouxar essa cobrança para que a pessoa comece a ter relações mais profundas, mais íntimas", afirma Neves.

Segundo ele, a terapia tântrica trata pessoas com diversas queixas relacionadas a sexo, como anorgasmia (ausência de orgasmo), baixa libido e baixa autoestima. Porém, a terapia tântrica tem limites. Segundo Neves, ela não pode ser utilizada ou não faz efeito se o motivo do problema for um problema físico ou psiquiátrico, como infecção, doenças vasculares, câncer ou um transtorno psicológico agressivo.