Antidepressivos reduzem risco de morte em pessoas com diabetes e depressão
Resumo da notícia
- Pessoas com diabetes têm maior risco de desenvolver depressão, mas nem todas tratam a doença mental quando a desenvolvem
- Um estudo observou que o uso de antidepressivos por diabéticos reduz o risco de morte por consequências da alteração metabólica
- Isso acontece pois esses medicamentos melhoram a coagulação do sangue e a inflamação no organismo, que podem gerar infarto e AVC
O uso de antidepressivos ainda gera discussões no tratamento de doenças mentais. No entanto, uma análise realizada por cientistas do Taiwan comprovou que em pacientes com diabetes e depressão esse tipo de remédio pode reduzir o risco de morte provocada por consequências da alteração metabólica.
De acordo com o estudo, ter diabetes pode aumentar de duas a três vezes as chances de uma pessoa desenvolver depressão. Mas apenas 25% a 50% delas recebem o tratamento necessário para essas condições, tendo altos índices de mortalidade.
Desta maneira, Vincent Chin-Hung Chen, da Universidade de Chang Gung, no Taiwan, iniciou uma investigação para entender o funcionamento do antidepressivo no organismo de um diabético. O resultado foi positivo.
Ao analisarem os pacientes, observou-se que o consumo de altas doses de antidepressivo foi relacionado a 35% da redução de mortalidade quando comparado aos que tomam menores doses.
Como foi feito o estudo
- Os cientistas de Twain usaram a base de dados nacionais do país. Desde 2000, foram diagnosticados 53.412 casos de pessoas com diabetes e depressão. Esses casos foram acompanhados até 2013, para a avaliação de suas taxas de mortalidade.
- Entre as pessoas estudadas, 50.532 faziam o uso de antidepressivos, sendo divididas em três grupos: as que tomavam pequenas, médias e altas doses diárias do medicamento.
- Quando chegaram aos resultados finais, os cientistas se depararam com números surpreendentes: uma taxa de 1.926,7 mortes a cada 100,000 pessoas/ano entre os que tomavam doses menores e 1.113,7 entre os que tomavam doses maiores.
- Também foi observado que o grupo de maior risco é composto por homens de classe social baixa, moradores da área rural e com uma depressão severa.
Quais medicamentos tiveram efeito positivo?
Após a análise populacional, o grupo passou a olhar mais de perto as diferentes categorias dos medicamentos. Antidepressivos inibidores da recaptação de serotonina, norepinefrina-dopamina e norepinefrina-derotonina tiveram bons resultados, assim como mirtazapina, tricíclicos e trazodona.
Por outro lado, os inibidores reversíveis de monoamina oxidase tipo A (IRMAs) podem aumentar duas vezes as chances de óbito —entre os pacientes que tomavam altas doses dessa substância, aconteceram 50% mais mortes do que os demais.
Como o antidepressivo ajuda no diabetes?
É claro que para tudo há uma explicação. O estudo sugere que antidepressivos são responsáveis por melhorar a coagulação do sangue e diferentes tipos de inflamações.
De acordo com a Associação Americana do Coração, especializada em cuidados cardíacos, 80% das mortes de diabéticos são relacionadas a complicações de coagulação, como infarto e AVC.
Por que a descoberta é importante?
A OMS (Organização Mundial da Saúde) aponta o diabetes como uma das principais causas de morte do mundo. Além disso, a depressão é classificada como o transtorno mental mais incapacitante, tendo crescido 18% nos últimos dez anos, ainda segundo a OMS.
Claro que o estudo conta com algumas limitações e novas pesquisas devem ser feitas: foram comparadas, por exemplo, apenas pessoas residentes em Taiwan e que tomavam altas ou baixas doses de antidepressivos, não contando com pacientes que sequer faziam uso dessas substâncias.
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