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"Meu filho nasceu com menos de 1 kg e só pude pegá-lo no colo após 16 dias"

Felipe nasceu prematuro, ficou internado na UTI e Natália só pode pegá-lo no colo 16 dias após o parto  - Arquivo pessoal
Felipe nasceu prematuro, ficou internado na UTI e Natália só pode pegá-lo no colo 16 dias após o parto Imagem: Arquivo pessoal

Bárbara Therrie

Colaboração para o UOL VivaBem

23/06/2019 04h00

Mãe de dois meninos, a autônoma Natália Pedrosa, 32, teve dois partos prematuros. O mais delicado foi do primeiro filho, Felipe, que nasceu com 28 semanas e 775 gramas, após uma complicação devido ao diabetes. Com chances mínimas de sobrevivência, o bebê resistiu, hoje tem quatro anos e não possui nenhuma sequela: "Ele é o meu pequeno grande milagre". A seguir, Natália conta sua história:

"Tenho diabetes tipo e, quando planejamos ter um filho, eu e meu marido, Fabrício, perguntamos ao médico se isso seria um problema. O clínico disse que sim, que se meu esposo quisesse me matar era só me engravidar. Esse comentário infeliz acabou com nossa esperança, ficamos bastante chateados, nem conversamos sobre o assunto.

Felipe prematuro - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Felipe nasceu com 775 gramas
Imagem: Arquivo pessoal
Em 2014, descobri que estava grávida do Felipe. De primeira, sentimos medo pelo que o médico havia dito, mas, depois nos tranquilizamos e curtimos a novidade. Fiz o pré-natal e o tratamento de sempre em relação ao diabetes, media a glicemia, tomava insulina três vezes por dia e seguia uma dieta balanceada. Estava tudo dentro do esperado quando fiz um ultrassom com 26 semanas e foi constatado que o bebê não estava se desenvolvendo nem ganhando peso porque não estava recebendo os nutrientes necessários. Eles detectaram que uma artéria estava entupida e minha glicose descompensada. Fiquei 15 dias em observação.

O quadro do Felipe piorou e a obstetra disse que eu precisaria fazer uma cesárea de emergência. Ela explicou que, nessa idade gestacional, provavelmente o pulmão dele ainda estava fechado, ele não conseguiria respirar sozinho e as chances de sobreviver eram mínimas. Foi um baque, fiquei ansiosa e nervosa imaginando o pior. Aos olhos do homem era impossível, mas pedi paciência e sabedoria a Deus para acreditar e prosseguir. Se ele tinha me permitido engravidar, havia um propósito nisso.

A batalha para sobreviver

Primeiro dia de Felipe em casa - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Felipe foi para casa três meses depois de nascer
Imagem: Arquivo pessoal
Felipe nasceu prematuro extremo de 28 semanas e 3 dias, no dia 26 de março de 2015, pesando 775 gramas. Para surpresa de todos, ele nasceu agitado e chorando bastante. Foi um alívio, entendi como um sinal de que ia dar tudo certo.

O bebê foi direto para a incubadora e ficou 94 dias internado. Foi um período de aprendizado, lutas e provações. Ele teve várias complicações: infecção generalizada, apneia, pneumonia, fez cinco transfusões de sangue. Eu me sentia impotente de vê-lo naquela situação, tinha medo de ele morrer, mas vivi pela fé, ela era maior do que todos os meus temores.

Eu ia visitá-lo todos os dias. Como o hospital ficava em outra cidade, demorava de duas a três horas para chegar lá. Quando via o bebê, orava, cantava louvores, dizia que o papai estava construindo o quartinho dele.

Um momento inesquecível para mim foi quando peguei o Felipe no colo pela primeira vez, com 16 dias de vida. Foram cinco minutos que pareceram uma eternidade

Com quase dois meses de internação, ele começou a melhorar e foi para UTI semi-intensiva. Pude ter um contato físico maior e amamentá-lo no peito. Até então, eu tirava o leite e ele tomava pela sonda ou pela mamadeira. Cada grama que ele ganhava e cada centímetro que crescia era uma vitória. Ele é o meu pequeno grande milagre.

Após três meses no hospital, meu bebê recebeu alta, em 30 de junho de 2015, um dia antes do meu aniversário de 28 anos. Foi um momento único, de gratidão e de uma felicidade indescritível. Felipe precisou fazer acompanhamento com uma equipe multidisciplinar com pediatra, fonoaudiólogo, fisioterapeuta e oftalmologista. Ele respondeu de forma positiva ao tratamento e se desenvolveu bem dentro do desejado para a idade e condições de nascimento. É um menino forte e guerreiro.

O segundo filho, Fábio, também nasceu prematuro

Pai com Fabio e Felipe - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Fabrício com os filhos Felipe e Fábio
Imagem: Arquivo pessoal
Devido a tudo o que passei com o Felipe, fiquei traumatizada e não queria mais ter filhos, mas um tempo depois engravidei do Fábio. Os médicos me alertaram que, pelo meu histórico, poderia ter um segundo parto prematuro. Fiquei insegura durante toda a gestação.

Com 35 semanas, um ultrassom mostrou que meu bebê estava cansado, a frequência dos batimentos cardíacos estava baixa e ele não estava se mexendo muito. A obstetra achou que o mais seguro para nós dois era fazer a cesárea. Passou um filme na minha cabeça, fiquei abalada, com receio de viver tudo aquilo de novo e, dessa vez, com o agravante de ter um filho pequeno para cuidar. O Fábio nasceu com 35 semanas e 5 dias, em 5 de outubro de 2017, com 2,4 kg e 46 cm. Ele ficou internado por duas semanas e teve alta.

Fabio e Felipe juntos - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal
Olho para os meus dois filhos e vejo que eles são um milagre. São saudáveis e não têm nenhuma sequela. O Felipe tem quatro anos e o Fábio um ano e seis meses.

O ensinamento que tiro dessas duas experiências é a de que Deus é bom e que por mais que as coisas pareçam impossíveis, se for da vontade e dos planos dele, ele vai dar um jeito. Tudo o que precisamos é crer."

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