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Suplemento de glutamina ajuda mesmo a melhorar a imunidade e a performance?

Diana Cortez

Colaboração para o UOL VivaBem

19/06/2019 04h00

Se você faz exercícios e busca maneiras de melhorar o desempenho no treino, provavelmente já deve ter visto nas redes sociais "influenciadores" e outros praticantes de atividades físicas dizendo que tomam glutamina para aumentar a imunidade, a recuperação muscular e, consequentemente, os resultados no esporte.

Realmente, a substância é um aminoácido importante, envolvido em diversas funções fisiológicas, como a manutenção da massa muscular, a produção de novas células e o equilíbrio no pH do organismo, além de ser fonte de energia das células do sistema imunológico. Porém, a substância é naturalmente produzida pelo organismo. Então, será que vale mesmo a pena investir no suplemento para turbinar o desempenho físico e a saúde?

A resposta é não quando falamos de pessoas saudáveis, de acordo com diversos trabalhos científicos, incluindo uma revisão de estudos recentemente publicada no European Journal of Clinical Nutrition and Metabolism, que analisou 47 pesquisas sobre o tema.

Glutamina não melhora a performance e a imunidade

O estudo verificou os impactos da suplementação de glutamina no desempenho atlético. Para isso, foram avaliados fatores como a síntese de proteína (essencial para a recuperação e construção muscular), o efeito anticatabólico, (que protegeria contra a degradação de tecidos), a performance aeróbica e a liberação do GH (hormônio do crescimento, que ajuda no ganho massa magra). E o resultado mostrou que consumir a substância não traz ganho algum nesses quesitos.

O trabalho ainda conferiu os efeitos do suplemento no sistema imunológico por meio de análises das células imunes, assim como o número de infecções que os participantes das pesquisas tiveram. E, mais uma vez, não houve efeito positivo da suplementação de glutamina para a prevenção de doenças.

Por que a suplementação não apresenta resultados?

Se a glutamina é um aminoácido que exerce papéis tão importantes no organismo, por qual razão sua suplementação não traz ganhos? A resposta é o fato de a substância estar em abundância no organismo e ser um aminoácido não essencial --ou seja, um tipo que não depende totalmente da alimentação para ser produzido.

O corpo sintetiza ("fabrica") sozinho cerca de 80% da substância e os outros 20% vêm facilmente da alimentação, por meio de proteínas animais, como ovos, carnes e leite. Portanto, uma pessoa saudável e que segue uma alimentação equilibrada já possui nível adequado da substância no organismo e não existe necessidade alguma de tomar o suplemento --mesmo se praticar exercícios intensos e/ou de longa duração.

Segundo pesquisas, a produção do aminoácido só não é suficiente e consumir o suplemento faz sentindo em casos em que o corpo sofre um estresse muito grande, gerando um alto gasto energético e o desgaste de tecidos, como acontece em quadros de câncer, em pacientes HIV positivo, que passaram por grandes cirurgias ou que sofreram queimaduras graves.

Fontes: Bruno Fischer, nutricionista esportivo especialista em fisiologia do exercício, mestre em educação física pela UnB (Universidade de Brasília), pesquisador do Gease (Grupo de Estudos Avançados em Saúde e Exercícios) e professor do Instituto Valorize; Matheus Meneguzzi Brambilla, nutricionista pela USP (Universidade de São Paulo) e especialista em nutrição esportiva pela Unesp (Universidade Estadual de São Paulo).

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