Namorada de ator morto está com estresse pós-traumático; saiba o que é
Namorada do ator Rafael Miguel, assassinado junto com seus pais no domingo (9), Isabela Tibcherani foi diagnosticada com transtorno do estresse pós-traumático, de acordo com seu advogado, Eliton Lima dos Santos.
O pai da jovem, o comerciante Paulo Cupertino Matias, é o único suspeito do crime e é considerado foragido pela polícia, que decretou sua prisão temporária na semana passada. Segundo o advogado, Isabela não voltou para casa desde o crime e está morando na casa de uma amiga. Santos ainda disse que ela apresenta sintoma de oscilação de humor: "Uma hora está triste, depois fica alegre e chora. Ela ainda não caiu na realidade porque ainda aguarda uma ligação do Rafael".
O advogado conta que conseguiu um psiquiatra para Isabela e que o especialista realizou exames. "Ela foi diagnosticada com estresse pós-traumático e ainda não tem condições de sair sozinha. Tento evitar que ela assista a televisão para não ficar se influenciando. Ela só vai voltar à vida normal quando o pai dela for preso", disse Santos ao UOL.
O que é o TEPT?
Algumas pessoas que vivem uma tragédia como essa desenvolvem o chamado TEPT, ou transtorno do estresse pós-traumático. Para elas, é como se o evento nunca ficasse definitivamente no passado. Crises de pânico e flashbacks reatualizam o trauma criando um drama que muitas vezes parece infinito.
No caso de Isabela, seu advogado informou que ela ficou "chocada" após a divulgação do laudo necroscópico. De acordo com o documento, foram disparados 13 tiros contra as vítimas, sete dos quais foram em Rafael.
"A quantidade de tiros que ele tomou é muito elevada. Os dois tiros no braço indicam que tanto ele quanto o pai tentaram se defender. Já os tiros nas costas [do Rafael Miguel] indicam que houve um índice de crueldade muito grande. Você percebe o quanto ele [o suspeito, Paulo Cupertino] estava com raiva e sem motivação [para cometer o crime]", afirmou Santos.
É como quando comemos algo pesado e nosso estômago não consegue digerir, só que, nesse caso, é nossa psique que não consegue digerir o acontecimento"
Gabriela Malzyner*, mestre em psicologia clínica pela PUC-SP.
Seguindo a analogia da digestão, o TEPT faz com que os "alimentos" fiquem voltando, como um refluxo. Entre os sintomas estão pesadelos ou lembranças repentinas, fuga de situações que relembrem o trauma, reações exageradas a estímulos, ansiedade e humor deprimido.
Quais os sintomas
- Memórias angustiantes recorrentes e indesejadas do evento traumático;
- Reviver o evento como se estivesse acontecendo novamente (flashbacks);
- Sonhos ou pesadelos sobre o acontecimento;
- Grave aflição emocional ou reações físicas a algo que o lembra do evento traumático;
- Tentar evitar pensar ou falar sobre o episódio, assim como lugares e pessoas que lembrem o ocorrido;
- Mudanças negativas no pensamento e humor;
- Falta de interesse;
- Sentir-se emocionalmente entorpecido;
- Alterações nas reações físicas e emocionais.
Tratamento inclui agir normalmente
O tratamento inclui diferentes tipos de psicoterapia ou medicamentos para tratar os sintomas. Entretanto, falar sobre o assunto pode piorar. "Pesquisas mostram que aquelas pessoas que passaram por uma entrevista em que precisaram detalhar o que lhes aconteceu tiveram maior risco de desenvolver TEPT do que aquelas que ficaram em seu canto e tentaram esquecer", diz o psicólogo e blogueiro do VivaBem Dan Josua sobre o transtorno.
E é importante não medicar demais. Segundo Josua, de acordo com diversos estudos, o uso de calmantes, especialmente benzodiazepínicos, atrapalham o processo natural de formação das memórias e isso eleva a ameaça de a pessoa continuar viver como se o trauma ainda estivesse presente. Isto é, o uso de calmantes está associado a uma piora do quadro.
Por pelo menos um mês, respostas extremas e pesadelos são esperados. Mas o silêncio e o esforço de lidar com tudo isso sem entrar em detalhes são as melhores estratégias"
Dan Josua, mestre em Psicologia Clínica pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo)
Do mesmo modo, no papel espectadores de uma tragédia, aceitar o silêncio das vítimas é o melhor que podemos fazer.
Malzyner ainda afirma que, mesmo após o tratamento, e assim como qualquer evento importante, o episódio é lembrado em ciclos, sendo comumente recordado no dia de seu aniversário. Os sintomas não são diferentes aos associados ao TEPT e podem incluir pensamentos ou sonhos sobre o evento. O que fazer nesse momento? Agir normalmente. "A pessoa tem que viver, entender o que aquilo representa para ela", diz a psicóloga.
*Fontes consultadas em matéria do dia 01/11/2017; Mayo Clinic; NIH (National Institute of Mental Health).
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