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Longevidade

Práticas e atitudes para uma vida longa e saudável


Fonte da juventude? Cientistas descobrem enzima que prolonga vida de ratos

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Do UOL VivaBem, em São Paulo

16/06/2019 13h39

Em uma pesquisa realizada com ratos, cientistas da Universidade de Washington em St. Louis, nos Estados Unidos, descobriram uma proteína circulante no sangue dos animais jovens que, quando dada para camundongos idosos, leva a melhorias de saúde e sinais visíveis de rejuvenescimento.

De acordo com os cientistas, a enzima, chamada de eNAMPT, foi capaz de aumentar a expectativa de vida dos bichos em 16%. Os resultados foram publicados no periódico Cell Metabolism na quinta-feira (13).

Os pesquisadores dizem que estudos futuros devem examinar se os níveis de eNAMPT se correlacionam com doenças relacionadas ao envelhecimento ou expectativa de vida em humanos. "Poderíamos prever, com surpreendente precisão, quanto tempo os camundongos viveriam com base em seus níveis de eNAMPT circulantes", diz Shin-ichiro Imai,professor de biologia e autor do estudo.

"Ainda não sabemos se esta associação está presente nas pessoas, mas o estudo sugere que os níveis de eNAMPT devem ser mais estudados, para ver se ela poderia ser usada como um potencial biomarcador do envelhecimento", conclui ele.

Idoso alongando braço na praia - BrasilNut1/iStock - BrasilNut1/iStock
A prática de atividades físicas faz parte da lista de hábitos que prolongam a vida
Imagem: BrasilNut1/iStock

Como o estudo foi feito

  • Em estudos anteriores, os cientistas já haviam percebido que níveis elevados de eNAMPT no sangue tinham relação com a melhora da resistência à insulina, a qualidade do sono, a mobilidade e a função cognitiva em ratos mais velhos.
  • Ao analisarem as taxas de eNAMPT no sangue dos ratos, eles descobriram que essa proteína também aumenta os níveis de NAD (dinucleótido de nicotinamida e adenina), que desempenha papéis fundamentais no metabolismo, no reparo do DNA e no envelhecimento e longevidade geral. Com o tempo, no entanto, as células envelhecidas têm mais dificuldade em produzir o NAD.
  • Os pesquisadores então mostraram que o hipotálamo produz NAD usando a enzima eNAMPT. Imai e sua equipe explicam que o eNAMPT viaja através da corrente sanguínea até o cérebro em pequenos "portadores" chamados de vesículas extracelulares, tanto em ratos como em humanos.
  • Eles também revelam que os níveis sanguíneos de eNAMPT diminuem com o envelhecimento, de modo que menos atinge o hipotálamo do cérebro. Por sua vez, o hipotálamo deixa de funcionar adequadamente, encurtando o tempo de vida.
  • Eles então suplementaram ratos mais velhos com eNAMPT e descobriram que seu comportamento na roda, padrões de sono e aparência física --peles mais grossas e brilhantes, por exemplo-- assemelharam-se aos dos camundongos jovens.
  • O grupo de camundongos mais velhos que receberam eNAMPT viveu pelo menos 1.029 dias, ou 2,8 anos, enquanto o grupo controle que deu solução salina sobreviveu apenas 881 dias, ou aproximadamente 2,4 anos. No geral, a administração de eNAMPT a camundongos mais velhos levou a um aumento de vida útil de 16%.

Selfie de casal idoso feliz - adamkaz/IStock - adamkaz/IStock
Centenários de sucesso colocam suas famílias em primeiro lugar
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9 segredos das regiões mais longevas do mundo

Enquanto os cientistas não criam um pílula com eNAMPT, é possível ter uma vida mais longa e saudável apenas se baseando no estilo de vida dos lugares com as maiores expectativas de vida do mundo. Entre esses locais estão Ilha de Ikaria, na Grécia, Ilha de Okinawa, no Japão, região de Ogliastra, na Itália, Loma Linda, na Califórnia e Península de Nicoya, na Costa Rica.

Para atingir altas concentrações de indivíduos com mais de 100 anos que envelheceram sem problemas de saúde, como doenças cardíacas, obesidade, câncer ou diabetes, esses lugares têm alguns denominadores comuns. Veja abaixo e se inspire.

- Atividades físicas no dia a dia: seus habitantes fazem atividades naturalmente e não precisam de hora marcada para ir à academia, por exemplo. Cuidar da casa ou locomover-se a pé ao trabalho ou mercado são hábitos rotineiros. Em algumas regiões, o trabalho dessas pessoas envolve movimentos, como arar o campo.

- Vida com propósito: ter um plano de vida ou um motivo para acordar toda manhã é um ponto importante entre os moradores das zonas azuis e não só lá. A antropóloga Miriam Goldenberg já comprovou em pesquisas com idosos no Rio de Janeiro que ter projetos é algo comum entre idosos que vivem mais. O objetivo

- Rotinas mais calmas: essas populações não possuem um dia a dia corrido e cheio de compromissos. O estresse leva à inflamação do corpo, associada a todas as principais doenças relacionadas à idade.

- Refeições na medida certa: eles seguem a regra dos 80%, ou seja não comem até ficarem estufados (100%), mas, sim, até estarem satisfeitos.

- Dieta rica em vegetais: mesmo sem serem vegetarianos, esses grupos baseiam sua dieta nos alimentos derivados de plantas. Grãos, incluindo soja, feijões e lentilhas, são a pedra angular da maioria das dietas centenárias. Carnes --especialmente a de porco-- são consumidas, em média, apenas cinco vezes ao mês.

- Pequenas doses de vinho regularmente: o truque é beber de um a dois copos por dia, acompanhado de amigos ou nas refeições. E não, você não pode economizar durante toda a semana e consumir 14 copos no sábado. Isso não faz bem para a saúde.

- Espiritualidade: as zonas azuis têm algum tipo de prática religiosa. Muitos dos entrevistados pertenciam a alguma comunidade baseada na fé. Frequentar locais do tipo quatro vezes ao mês adicionará de 4 a 14 anos de expectativa de vida.

- Vida em comunidade: centenários de sucesso colocam suas famílias em primeiro lugar. Isso significa manter pais e avós idosos próximos ou em casa. Eles têm o propósito de serem os guardiões das famílias. Ou seja, são aquelas figuras centrais e encarregadas de passarem as tradições para os membros da comunidade.

- Influência das pessoas "certas": o Estudo de Framingham (pesquisa populacional realizada nos anos 80) mostra que fumo, obesidade, felicidade e até a solidão são contagiantes. Portanto, as conexões sociais de pessoas de vida longa moldam favoravelmente seus hábitos e saúde, e essas ligações são mais saudáveis nas regiões apontadas.

Informações de matéria publicada no dia 27/11/18.

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