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O que você come pode influenciar na sua ereção? Veja o que diz a ciência

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Imagem: iStock

Chloé Pinheiro

Colaboração para o UOL VivaBem

03/06/2019 04h00

Resumo da notícia

  • Alimentação pode ser culpada por problemas de ereção após os 50 anos, principalmente itens como açúcar, gordura saturada e álcool
  • Isso ocorre porque esses itens prejudicam a circulação do sangue, essencial para que o pênis consiga ficar ereto
  • Por outro lado, existem alimentos que, se consumidos regularmente, podem ajudar. É o caso das ostras, chocolate amargo, azeite e peixes

Estima-se que metade dos homens na faixa dos 50 anos tem alguma queixa sobre seu desempenho sexual: a ereção não é mais como antes, ou às vezes nem acontece... Trata-se de um problema comum, que tem bastante a ver com o prato, especialmente se ele for rico em gordura, açúcar e sal.

"Os carboidratos refinados em excesso, do açúcar ou da farinha branca, estão relacionados diretamente ao aumento de peso, que pode influenciar nos níveis de testosterona e na saúde circulatória", comenta o urologista José Carlos Stumpf Souto, do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre.

Por outro lado, existem alimentos que podem, sim, dar uma mãozinha ao seu desempenho sexual. O conjunto da obra é mais importante aqui: a literatura científica mostra que uma dieta rica em oleaginosas, frutas, legumes, cereais integrais, verduras e peixes está relacionada a melhora na saúde sexual do homem. Mas o efeito vem do consumo constante dentro de uma alimentação equilibrada.

"É difícil comprovar a ação de um alimento dito como afrodisíaco, mas dietas que fazem bem à saúde do coração, como a mediterrânea, no geral ajudam também na saúde sexual. Só que isso não ocorre em curto prazo", Guilherme Wood, urologista e especialista em reprodução humana da Huntington Medicina Reprodutiva. Ou seja, não adianta comer ostra ou romã uma vez e achar que terá a melhor noitada em anos.

Conheça abaixo um pouco mais sobre esta relação!

Ostra

Já mencionada, é a mais famosa nesse aspecto. Isso porque é o alimento com maior nível de zinco, um mineral que está relacionado à saúde sexual. Ele e o magnésio estimulam a produção de óxido nítrico, substância que promove a dilatação nos vasos sanguíneos que irrigam o pênis e, assim, levam à ereção.

Além disso, homens com deficiência de zinco estão em maior risco de ter menos testosterona em circulação. A testosterona é o principal hormônio responsável pela libido do homem. Quando ela está em baixa, a vontade pode sumir e a ereção ficar mais difícil. Encontre o zinco também no feijão, nas castanhas, carnes vermelhas, de aves ou crustáceos.

Azeite de oliva

Estudos mostram que seu consumo pode aumentar os níveis de testosterona. Isso porque é fonte de vitamina E, que é utilizada pelo corpo para fabricar o hormônio, assim como o zinco. Outro ponto é que o azeite carrega gorduras boas, com ação anti-inflamatória, o que também ajuda a circulação - e ela precisa estar saudável para que a ereção ocorra com sucesso. (Veja aqui com escolher o melhor azeite no supermercado).

Romã

A fruta está associada a uma melhor função do óxido nítrico e da circulação em geral. O benefício corre por conta da sua composição: vitamina E, substâncias antioxidantes e a coenzima Q10, molécula que ajuda na conservação do óxido nítrico. Já os antioxidantes ajudam a combater a formação das placas de gorduras nas artérias que dificultam o abastecimento de sangue para a região. Benefício semelhante ocorre com a uva.

Melancia

Até existem estudos mostrando que a citrulina e a arginina, compostos presentes na fruta, podem contribuir para a ereção pois ajudam na liberação de óxido nítrico, mas eles foram realizados em roedores, e com o extrato da fruta --ou seja, ela in natura não carregaria uma quantidade suficiente dessas substâncias para fazer o pênis vencer a gravidade.

De qualquer maneira, citrulina, arginina e o licopeno, outras moléculas da fruta, fazem bem ao organismo. E tudo o que faz bem para a saúde no geral impacta positivamente na performance na cama. Se você quiser aproveitar melhor a citrulina consuma a parte branca da melancia ou do melão, que também carrega a substância.

Oleaginosas

Nozes, amendoim, pistache e castanhas carregam vitamina E e zinco, substâncias importantes para o bom funcionamento do óxido nítrico. Além disso, são fonte de gorduras mono-insaturadas. Essa categoria de lipídio ajuda a tornar o sangue menos viscoso e favorece a saúde das artérias. Ou seja, o sangue chega mais fácil aos corpos cavernosos, estruturas no pênis que se enchem dele para que ocorra a ereção.

Peixes

Também pelas gorduras boas, em especial o ômega 3. O consumo de peixe --que idealmente deve ocorrer três vezes na semana -- é uma das principais características da dieta mediterrânea, que inclui também as oleaginosas e o azeite. Uma revisão italiana de 2015, publicada no The Journal of Sexual Medicine, mostrou que esse plano alimentar pode melhorar os sintomas da disfunção erétil.

Chocolate amargo

Tem flavonoides com função vasodilatadora, que podem facilitar a irrigação sanguínea na região. Mas para que o chocolate traga algum benefício é preciso que ele seja consumido em pouca quantidade --a fileira de quatro quadradinhos da barra é uma porção considerada adequada.

Lembrando que mesmo os chocolates meio amargo e amargo carregam açúcar, que em excesso é prejudicial à saúde sexual. O que nos leva aos alimentos que atrapalham ao invés de ajudar. Quando o açúcar sobre na corrente sanguínea, ele é estocado como gordura. Parte dessa é a gordura visceral, aquela que se acumula no abdômen e é a mais ligada à síndrome metabólica. O conjunto de alterações --alta na glicemia, no colesterol e nas medidas da cintura -- maltrata os vasos sanguíneos do corpo todo, incluindo os que abastecem o pênis.

Gordura saturada

O problema é o mesmo do açúcar: a ação negativa no sistema circulatório. Comer muita gordura saturada ou trans por anos pode levar à dislipidemia, desequilíbrio nos níveis de colesterol que leva a gordura a se acumular na parede dos vasos e atrapalhar a circulação. Fora que a ação inflamatória do acúmulo de gordura visceral, a da barriguinha, diminui a disponibilidade de óxido nítrico no corpo.

A relação da aterosclerose --o nome desta condição caracterizada pelas placas de gordura e pelo estreitamento dos vasos sanguíneos - com a saúde sexual é tão grande que, às vezes, uma doença cardiovascular pode se manifestar primeiro com a dificuldade de ereção.

Álcool

Se primeiro ele age como um desinibidor e estimulante, o que até facilitaria a transa, quando as doses aumentam o efeito não é nada bem-vindo. Isso porque ele age como um depressor do sistema nervoso, diminuindo os estímulos necessários para que a ereção ocorra. Tanto o abuso pontual quanto o crônico afetam a performance, e o álcool pode ainda influenciar nos níveis de testosterona.

Não é só a comida que importa

Manter o sistema circulatório funcionando bem depende de outros fatores, como não fumar e fazer atividades físicas regularmente. A prática aliás, também aumenta a produção natural de testosterona.

Fontes: Guilherme Wood, urologista e especialista em reprodução humana da Huntington Medicina Reprodutiva; José Carlos Stumpf Souto, do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre; Nayara Massunaga, professora e nutricionista do departamento científico da VP Centro de Nutrição Funcional; Vanderli Marchiori, nutricionista membro da Câmara Técnica do Conselho Regional de Nutricionistas da 3ª Região e fundadora da Associação Paulista de Fitoterapia.

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