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Xampus comuns contra queda de cabelo realmente funcionam?

Renata Turbiani

Colaboração para o UOL VivaBem

22/05/2019 04h00

Fios de cabelo caídos no travesseiro e no chão, acumulados no ralo do banheiro, presos na escova... Se você vem percebendo esses sinais, pode fazer parte dos cerca de 42 milhões de brasileiros que, de acordo com a SBC (Sociedade Brasileira do Cabelo, sofrem de perda capilar.

Só que muita gente, em vez de consultar um médico para investigar as causas do problema, acaba buscando logo soluções fáceis, como os xampus antiqueda de uso diário, ao alcance da mão em farmácias, supermercados e perfumarias. Mas será que dá para confiar neles?

Xampus comuns combatem a queda de cabelo?

Primeiro, vale saber que a maioria dos produtos desse tipo não tem o benefício antiqueda comprovado cientificamente. Além disso, eles raramente trazem na fórmula os agentes necessários para acabar ou controlar a perda de cabelo. Algumas versões são apenas livres de sal (lauril sulfato de sódio) e boa parte atua evitando somente a queda causada por quebra e não por outras razões, como as ligadas a estilo de vida e ação hormonal.

Mais um ponto negativo é que o tempo que o cosmético fica em contato com o couro cabeludo, na hora da lavagem, não é suficiente para a absorção eficiente dos ativos que impediriam a queda.

Apesar disso, vale destacar que os xampus antiqueda comerciais quase sempre têm ação hidratante, o que deixa o cabelo mais flexível, fácil de desembaraçar e, portanto, menos propenso a se partir quando submetido à tração no momento de pentear ou escovar.

Qual a melhor forma de evitar a queda de cabelo?

Antes de entrar na primeira farmácia à vista ao perceber que o cabelo está caindo mais do que o normal, é importante procurar um dermatologista ou especialista em cabelo (tricologista) para descobrir as causas. Recorrer de cara a um xampu antiqueda pode não apenas deixar seu problema sem solução, como ainda acabar retardando o diagnóstico e até piorando a situação, dependendo do caso.

Como são muitos os fatores envolvidos na perda de cabelo (veja causas abaixo), o tratamento pode variar bastante. De modo geral, inclui o uso de xampus, loções e cremes com formulações determinadas pelo especialista -- daí, o produto comercial, pode até entrar como coadjuvante.

Medicamentos orais para interromper a queda ou estimular o crescimento às vezes são necessários. Procedimentos tecnológicos (laser, microagulhamento e aplicação de injeções com substâncias específicas, por exemplo) e, em último caso, cirurgia para transplante capilar são outras ferramentas eficientes à disposição para recuperar os cabelos. Mas só o médico é capaz de avaliar se e quando deve-se recorrer a eles.

Causas da queda de cabelo

A maioria das pessoas tem entre 100 mil e 150 mil fios de cabelo na cabeça, e a queda faz parte do ciclo de vida dessas estruturas. A perda de até 100 fios por dia, em média, é considerada normal, tanto para homens quanto para mulheres. Quando esse número se torna mais acentuado, aí sim algo pode estar errado.

Os especialistas comentam que a perda capilar geralmente é multifatorial, ou seja, diversas questões precisam ser avaliadas -- alterações hormonais e metabólicas e características do estilo de vida, principalmente.

Devem ser considerados como possíveis gatilhos da queda de cabelo situações como gravidez, pós-parto, menopausa, alterações na menstruação; carências nutricionais (por dieta restritiva ou problema de saúde), consumo de certos medicamentos (anticoncepcionais e antidepressivos são alguns), estresse, tabagismo, sono ruim e algumas doenças (as da tireoide, autoimunes, anemia, diabetes e síndrome do ovário policístico são as mais associadas ao problema).

O que também pode fazer as madeixas caírem são as patologias do couro cabeludo (como dermatite seborreica e foliculite) e os hábitos na hora de cuidar do cabelo -- exagero no uso de secador e chapinha, excesso de procedimentos que utilizam química (como alisamento e tintura) e alongamento de fios ("aplique" ou "megahair") e dreadlocks são os principais vilões.

A predisposição genética também conta -- é ela que explica a chamada alopecia androgenética, que conhecemos por calvície --, e até mudanças de estação podem resultar em queda de fios em algumas pessoas.

Fontes: Lucas Portilho, farmacêutico, consultor e pesquisador em cosmetologia e diretor das pós-graduações do Instituto de Cosmetologia e Ciências da Pele; Nilton de Ávila Reis, dermatologista especialista em cabelo da Clínica Doppio e médico associado dos hospitais Albert Einstein, Sírio Libanês e Oswaldo Cruz; e Rodrigo Pirmez, dermatologista, coordenador do Departamento de Cabelos da Sociedade Brasileira de Dermatologia - regional Rio de Janeiro e professor do Centro de Estudo de Doenças dos Cabelos e Couro Cabeludo da Santa Casa da Misericórdia - Instituto de Dermatologia Professor Rubem David Azulay.

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