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Pesquisadores criam simulador de aplicação de insulina de baixo custo

hsyncoban/iStock
Imagem: hsyncoban/iStock

Joice Soares

Do Jornal da USP

04/04/2019 12h55

Receber diagnóstico de diabetes e conviver com a doença não é tarefa simples. Para além do controle alimentar, alguns diabéticos têm ainda que se acostumar às picadas diárias de injeções de insulina. É nesse momento que entram em cena os simuladores, desenvolvidos para os pacientes se capacitarem para as aplicações e, de quebra, aprenderem mais sobre a diabetes.

Apesar de ser um excelente recurso, seu uso ainda não é disseminado entre os pacientes, pois o custo dos simuladores existentes no mercado ainda é alto. Atualmente, eles são mais utilizados dentro das próprias universidades para capacitar os estudantes.

Problema que pesquisadores da EERP (Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da USP) prometem resolver com um protótipo de preço muito menor, acompanhado por cartilha e vídeo educativo. Hoje, um simulador para autoaplicação de insulina custa em média R$ 4.752,00. Já o modelo criado pela pesquisadora Janaina Pereira da Silva, responsável pelo projeto, ficou em cerca de R$ 339,50, valor quase 15 vezes menor que o disponível no mercado.

Criado a partir de um manequim tamanho adulto (utilizado para exposição de roupas em vitrines), o protótipo da USP apresenta estrutura fixada a regiões específicas, uma associação de espuma laminada e uma espécie de pele desenvolvida com silicone. Essas regiões, com a estrutura que mimetiza tecido da pele, representam os locais do corpo nos quais a aplicação de insulina é recomendada (abdômen, coxas, braços e nádegas - veja imagens abaixo). Janaina explica que, caso "a insulina seja aplicada fora desses locais", o paciente pode sofrer lesões, além da absorção não ser adequada.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), após o diagnóstico e a indicação do uso da insulina, o profissional de saúde deve explicar e demonstrar a aplicação ao paciente que, por sua vez, deve repetir o que foi demonstrado para que seja possível avaliar o aprendizado. Nesse sentido, o uso de simuladores "permite essa prática, tanto pelos profissionais, quanto pelos pacientes em ambiente seguro e de maneira adequada", comenta Janaina.

O simulador de baixo custo, desenvolvido pela equipe da EERP com o apoio da Oficina de Precisão do Campus USP em Ribeirão Preto, pode atender à demanda crescente no Brasil. Informações do Ministério da Saúde apontam que entre 2006 e 2016 o diagnóstico de diabetes cresceu cerca de 61,8% entre a população, reforçando a necessidade de capacitação de pacientes e cuidadores para a aplicação de insulina.

Conta Janaina que, com a escassez de recursos para a saúde, "muitas vezes as equipes não dispõem de ferramentas para auxiliar os pacientes e os cuidadores no aprendizado do uso da insulina, o que reforça a importância de um simulador de aplicação mais acessível".

Testado na prática por especialistas (professores e profissionais da área de saúde), o simulador ofereceu mais que aprendizado da técnica de aplicação das injeções de insulina, levando aos pacientes informações importantes sobre a doença, garante Janaina. A equipe da EERP decidiu adicionar ao projeto a cartilha Aplicação de insulina passo-a-passo além de vídeos explicativos. Essas ferramentas "complementam a prática educativa, tanto dos profissionais quanto dos pacientes, e servem como suporte para consultas e esclarecimento de dúvidas", acrescenta a pesquisadora.

As ferramentas que prometem facilitar a vida dos diabéticos foram desenvolvidas durante o mestrado Construção, validação e avaliação de diferentes métodos educativos em diabetes mellitus para aplicação de insulina: simulador de paciente de baixo custo, vídeo e cartilha, apresentado por Janaina à EERP com orientação da professora Alessandra Mazzo.

Diabete

Existem dois tipos mais conhecidos de diabete. A Tipo 1, que geralmente é diagnosticada em crianças, adolescentes e adultos jovens, é resultado da destruição das células produtoras de insulina, por um processo autoimune. O tratamento desse tipo é sempre com insulina, associado à atividade física e alimentação balanceada.

Já no Tipo 2, o diagnóstico é mais comum entre adultos e ocorre quando o organismo não consegue utilizar adequadamente a insulina produzida. O controle da doença pode ser feito com medicamentos, alimentação balanceada e atividade física, mas em alguns casos também exige aplicação diária de insulina.

Além dessas, existe também a diabetes gestacional que é diagnosticada durante a gravidez. O controle é feito, na maioria dos casos, com orientação nutricional, mas em alguns deles o uso da insulina também é necessário.

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