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Cérebro produz neurônios na velhice, mas Alzheimer prejudica este processo

Se os cientistas puderem agir em estágios iniciais, talvez consigam desacelerar ou evitar uma parte da perda de plasticidade no cérebro - iStock
Se os cientistas puderem agir em estágios iniciais, talvez consigam desacelerar ou evitar uma parte da perda de plasticidade no cérebro Imagem: iStock

Do UOL VivaBem, em São Paulo

25/03/2019 16h12

Resumo da notícia

  • Os cientistas identificaram milhares de neurônios imaturos no hipocampo de sujeitos neurologicamente saudáveis até a nona década de vida
  • Os cérebros de pessoas que tinham Alzheimer, entretanto, mostraram pouco ou nenhum sinal de novos neurônios no hipocampo
  • Se a perda de novos neurônios pudesse ser detectada no cérebro vivo, seria um indicador precoce do aparecimento da doença

Aquela história de que o cérebro para de produzir neurônios com o tempo caiu por terra. Um novo estudo, publicado nesta segunda-feira (25) no periódico Nature Medicine, revelou que os neurônios continuam nascendo —um processo chamado de neurogênese—, mesmo na velhice.

Os cientistas ainda descobriram que a doença de Alzheimer prejudica esse processo justamente no hipocampo (local do cérebro responsável pela memória), o que poderia ajudar no desenvolvimento de novas terapias para combater a doença.

"O hipocampo é uma das áreas mais afetadas na doença de Alzheimer. Além disso, essa estrutura abriga um dos fenômenos mais singulares do cérebro de mamíferos adultos: a adição de novos neurônios ao longo da vida", explicam os pesquisadores.

Ao analisarem o cérebro de 58 pessoas, eles mostraram que, por mais que esses neurônios continuassem nascendo ainda na velhice, em quem tinha Alzheimer, o número e a maturação dessas células declinaram progressivamente à medida que a doença avançava. "Esses resultados demonstram a persistência da neurogênese durante o envelhecimento fisiológico e patológico em humanos e fornecem evidências suficientes que podem ser passíveis de novas estratégias terapêuticas para o Alzheimer", dizem os cientistas.

Como o estudo foi feito

  • Os pesquisadores da Espanha testaram uma variedade de métodos para preservar o tecido cerebral de 58 pessoas recém-falecidas. Eles descobriram que diferentes métodos de preservação levaram a conclusões diferentes sobre se novos neurônios poderiam se desenvolver no cérebro adulto e envelhecido.

  • Combinando amostras de cérebros humanos obtidas sob condições rigorosamente controladas e métodos de processamento de tecidos de última geração, eles identificaram milhares de neurônios imaturos no hipocampo de sujeitos neurologicamente saudáveis até a nona década de vida.

  • Os cientistas descobriram que os cérebros de pessoas com Alzheimer mostravam pouco ou nenhum sinal de novos neurônios no hipocampo. Isso sugere que a perda de novos neurônios, se pudesse ser detectada no cérebro vivo, seria um indicador precoce do aparecimento da doença de Alzheimer, e que a promoção de um novo crescimento neuronal poderia atrasar ou prevenir a doença.

O que é o Alzheimer?

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), o Alzheimer representa cerca de 60% a 70% dos casos de transtorno neurocognitivo maior e 35,6 milhões de pessoas no mundo tem a doença, de acordo com a Abraz (Associação Brasileira de Alzheimer), com estimativa para 115,4 milhões de pacientes até 2050.

Quando o paciente tem Alzheimer, os sintomas que mais chamam atenção são o problema de memória e a dificuldade de adquirir novos conhecimentos. "O hipocampo é a principal parte do cérebro afetada. Ele é responsável por guardar novas informações, então no início da doença o paciente ainda tem memória de anos atrás, mas esquece do que fez ontem, por exemplo," explica Antônio Damin*, neurologista e especialista em neurologia cognitiva comportamental pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo).

Com o passar do tempo os sintomas vão se agravando. Também é comum que o paciente apresente dificuldade com linguagem (ele sabe para que um objeto serve, mas não consegue nomeá-lo), ou sofra de desorientação de tempo e espaço (se perdendo em ambientes conhecidos e ficando sem noção do horário que faz atividades).

A evolução tende a trazer ainda a perda da independência, insônia, agitação, resistência à execução de tarefas simples como escovar os dentes, perda da capacidade de controlar estímulos corporais, dificuldade para comer e deficiência motora progressiva. No estágio terminal, há e perda praticamente completa da memória, além de dependência total de terceiros para qualquer atividade.

*Fonte entrevistada em matéria do dia 04/02/2019.

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