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Ex-BBB Marcos Harter posta foto comendo na sala de cirurgia; é proibido?

Ex-BBB Marcos Harter é alvo de críticas após postar foto comendo em centro cirúrgico - Reprodução/Instagram
Ex-BBB Marcos Harter é alvo de críticas após postar foto comendo em centro cirúrgico Imagem: Reprodução/Instagram

Gabriela Ingrid

Do UOL VivaBem, em São Paulo

21/03/2019 12h14Atualizada em 21/03/2019 16h57

Resumo da notícia

  • De acordo com a Anvisa, não é permitido comer ou guardar alimentos nos postos de trabalho destinados à execução de procedimentos de saúde
  • O código de ética do Conselho Federal de medicina desaconselha expressamente a publicação de imagens do tipo "antes e depois"
  • As selfies também não podem ser feitas em situações de trabalho e atendimento médicos

O cirurgião plástico e ex-BBB Marcos Harter foi alvo de críticas ao postar uma foto em que comia na sala de cirurgia, na sexta-feira (15). Após a polêmica, o médico apagou a postagem, não antes de publicar uma foto do "antes e depois" da paciente. "E quando eu tomo suco de cupuaçu no meio da cirurgia o nariz fica assim", escreveu ele na legenda.

A imagem postada por Harter chegou ao CRM-MT (Conselho regional de Medicina do Estado de Mato Grosso), que abriu uma sindicância para apurar se houve eventual desvio ético do profissional e da direção técnica do Hospital e Maternidade Nossa Senhora de Fátima, localizado no município de Sorriso, onde foi feita a cirurgia.

Em nota, o Conselho diz que a sindicância seguirá sob sigilo e que o cirurgião permanece regularmente inscrito.

Não é permitido comer na sala de cirurgia

De acordo com a Resolução RDC Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) nº 63/2011, que dispõe sobre os Requisitos de Boas Práticas de Funcionamento para os Serviços de Saúde, não é permitido comer ou guardar alimentos nos postos de trabalho destinados à execução de procedimentos de saúde.

O descumprimento das disposições contidas nesta resolução e no regulamento por ela aprovado constitui infração sanitária, nos termos da Lei nº. 6.437, de 20 de agosto de 1977, sem prejuízo das responsabilidades civil, administrativa e penal cabíveis. No manual Medidas de Prevenção de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde, da série Segurança do Paciente e Qualidade em Serviços de Saúde, também da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), é recomendado que a equipe não leve celular, bolsas e alimentos para dentro da sala cirúrgica, para justamente evitar possíveis infecções no paciente.

Segundo Dênis Calazans, secretário-geral da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica), um médico jamais deve se alimentar na sala de cirurgia. "Inclusive é uma norma de vigilância sanitária. Isso coloca em risco o protocolo de segurança do paciente em ambiente cirúrgico", diz.

Calazans afirma que, eventualmente, em situações extremamente excepcionais, como uma cirurgia muito longa, o cirurgião pode sair da sala, aos cuidados do primeiro assistente, para se alimentar e depois voltar, desde que não implique em riscos para a segurança do paciente. "Mas não são as condições que vemos nas imagens publicadas por este médico", diz ele.

Nada de selfie ou "antes e depois"

O CFM (Conselho Federal de Medicina), por meio da Resolução nº 1.974/11, desaconselha expressamente a publicação de imagens do tipo "antes" e "depois", de compromissos com êxito em um procedimento e a adjetivação excessiva ("o melhor", "o mais completo", "o único", "o mais moderno"). Segundo o texto, "é vedado ao médico expor a figura de seu paciente como forma de divulgar técnica, método ou resultado de tratamento, ainda que com autorização expressa do mesmo".

As selfies também não podem ser feitas em situações de trabalho e atendimento, mesmo com a autorização do paciente. "É vedada a publicação nas mídias sociais de autorretrato (selfie), imagens e/ou áudios que caracterizem sensacionalismo, autopromoção ou concorrência desleal", de acordo com a norma. Na visão do CFM, essa limitação protege a privacidade e o anonimato inerentes ao ato médico e estimula o profissional a fazer uma permanente reflexão sobre seu papel na assistência aos pacientes.

O UOL VivaBem entrou em contato com a assessoria de imprensa de Harter e aguarda um retorno.

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