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Sem milagre: aparelhos de massagem dão alívio, mas não resolvem problemas

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Imagem: iStock

Rodrigo Lara

Colaboração para o UOL VivaBem

26/02/2019 04h00

Resumo da notícia

  • Aparelhos massageadores trazem alívio, mas não resolvem problemas ortopédicos
  • A boa notícia é que eles não fazem mal e podem ser usados para dores pontuais
  • Se a dor persistir mesmo com seu uso, é importante buscar um médico
  • Mudar hábitos do dia a dia também ajuda a reduzir dores

É bem provável que você já tenha visto diversos anúncios de aparelhos massageadores que prometem aliviar pés e costas de dores incômodas. O número de opções desse tipo de aparelho é grande, indo desde dispositivos compactos, que podem ser usados em qualquer parte do corpo, até itens mais complexos, como almofadas "robóticas" para massagear a região lombar.

A dúvida que fica é: esse tipo de aparelho pode, de fato, promover algum bem à saúde ou serve apenas para aquela hora que você chega do trabalho e quer apenas dar uma relaxada? UOL VivaBem conversou com dois especialistas e a resposta para a pergunta acima é simples: esses tipos de aparelhos não têm qualquer função terapêutica. 

"Hoje a medicina é baseada em evidências e, sendo assim, não há nenhuma evidência científica de que esse tipo de aparelho seja útil no tratamento de problemas mais sérios", afirma Alexandre Fogaça, ortopedista no Hospital das Clínicas e professor da Faculdade de Medicina da USP (Universidade São Paulo). 

Podem até não tratar, mas ajudam a relaxar

Fogaça complementa dizendo que, em casos de problemas físicos, os tratamentos tradicionais são as únicas opções que, de fato, funcionam. "Um massageador não vai tratar alguém que tenha hérnia de disco, por exemplo. Ele pode até proporcionar um alívio paliativo, mas não substitui tratamentos como fisioterapia e RPG, o consumo de remédios prescritos para alívio de dor, além de mudanças de hábitos e prática de exercício físico. A longo prazo, é isso que poderá resolver um problema mais sério"

Mesmo sem uma função mais "séria", esses dispositivos não são necessariamente inúteis. "Eu não diria que eles tenham uma função terapêutica, de forma literal, mas podem sim aliviar dores musculares provenientes de espasmos e contraturas, além de estimular músculos como a panturrilha, ajudando na circulação. Esses aparelhos, muitas vezes, trazem os músculos para uma posição de conforto", pondera Maurício Garcia, fisioterapeuta do Centro de Traumatologia do Esporte da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e coordenador do setor de fisioterapia do Instituto Cohen. 

Um dos motivos pelos quais esses massageadores provocam aquela sensação de alívio é que eles acabam "acalmando" os receptores de dor dos músculos e ossos. "É um dos resultados de uma massagem suave e superficial. Essas terminações nervosas, que mantém o conjunto músculo-esquelético em equilíbrio, podem fazer com que o músculo entre em contratura ou tenha espasmos como forma de proteção em decorrência de problemas de postura, traumas, tensões etc", explica Garcia. 

Não trazem riscos

A boa notícia para quem está decidido a comprar um aparelho do tipo é que eles não representam --ao menos diretamente -- qualquer risco à saúde dos seus usuários. "O perigo maior é se alguém que tenha um problema mais sério deixar de ir ao médico só porque o uso desses aparelhos aliviam as dores momentaneamente", diz Fogaça.

Garcia complementa dizendo que é normal termos dúvidas se esses aparelhos podem causar problemas de saúde e que o mesmo se aplica a massagens em geral. "O risco é baixo, principalmente se considerarmos que as pessoas buscam conforto com essas técnicas e, se esse objetivo não é atingido, elas acabam desistindo. O mais importante é nos mantermos atentos para as condições de saúde geral, para colocarmos dentro da rotina de vida hábitos de exercícios, alimentação e relaxamento".

De qualquer maneira, o ideal é procurar o médico --e não um aparelho massageador -- em caso de dores mais frequentes e incômodas. "Há sinais de alerta. Dores após traumas, que podem indicar fraturas, especialmente em crianças e idosos, dores acompanhadas de problemas neurológicos, como perda de força e de sensibilidade, dores que persistem por muito tempo, se tornando crônicas, ou ainda acompanhada de sinais sistêmicos, como febre e perda de peso, são indícios de que o melhor a se fazer é procurar um especialista", conclui Fogaça. 

Antes de adotar, pense em mudar hábitos

Caso você esteja olhando esse tipo de aparelho com muito carinho, especialmente porque fica "moído" após um dia de trabalho, é bastante provável que algo esteja errado em sua rotina. Neste caso, melhor do que adquirir um aparelho para aliviar um corpo tenso é atacar o problema na sua origem. 

Uma das grandes vilãs que causam dores pelo corpo é a postura incorreta, especialmente quando a pessoa passa muito tempo em uma mesma posição. É uma situação bastante comum para quem, por exemplo, trabalha em escritório, na frente de um computador. 

Antes de qualquer coisa, é importante prestar atenção na ergonomia. "O ideal é que quem trabalhe sentado faça isso em uma cadeira com bom apoio para as costas, mantenha o quadril e os joelhos dobrados a 90 graus e fique com os pés apoiados, seja no chão ou em um apoio. E se for utilizar um computador, a tela deve ficar na altura dos olhos", explica Fogaça. 

O especialista ainda ressalta que devemos evitar ficar na mesma posição por muito tempo. "Uma recomendação é levantar a cada duas horas, pelo menos, alternando posições. É bom levantar, andar um pouco e fazer um alongamento, o que melhora a circulação e também alonga a musculatura". 

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