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Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


O mosquito é o animal que mais mata. Veja 7 doenças transmitidas por ele

O pequeno mosquito é 180 vezes mais letal que cobras, hipopótamos e tubarões - iStock
O pequeno mosquito é 180 vezes mais letal que cobras, hipopótamos e tubarões Imagem: iStock

Daniela Venerando

Colaboração para o UOL VivaBem

22/02/2019 04h00

Resumo da notícia

  • Doenças transmitidas por mosquitos matam cerca de 725 mil pessoas por ano em todo o mundo
  • O verão é a época ideal para esses insetos se multiplicarem --e também os casos de doenças que eles "causam"
  • Dengue, zika, febre amarela e malária são alguns dos problemas gerados por insetos no Brasil
  • A melhor forma de prevenir essas doenças é combater a proliferação de mosquitos

Quando pensamos em animais "mortais", é comum vir em mente o leão, a serpente, o tubarão, o hipopótamo, o escorpião... Porém, o bicho responsável pelo maior número de mortes de pessoas no mundo é um ser bem pequenininho e que muitas vezes não tememos: o mosquito.

Sim, o inseto é 180 vezes mais letal que cobras, hipopótamos e tubarões, segundo o levantamento da Fundação Bill e Melinda Gates. Enquanto as serpentes causam aproximadamente 125 mil mortes anuais, os mosquitos matam cerca de 725 mil pessoas por ano no mundo. Isso porque são responsáveis por transmitir várias doenças.

Como o verão brasileiro é a época propícia para a proliferação desses bichos —por causa da quantidade de chuvas (os ovos precisam de água para se desenvolver) e da alta temperatura (que acelera em duas vezes o período reprodutivo do mosquito) —, mostramos a seguir os sintomas e como tratar problemas trazidos por eles.

Vale lembrar que esses pequenos insetos são apenas vetores das doenças. Ou seja, eles precisam picar um hospedeiro que carrega o vírus, larva ou protozoário para se infectar e depois transmitir para as pessoas.

Dengue

  • Principal transmissor: Aedes aegypti

- Sintomas: a primeira manifestação é febre alta, seguida de dores musculares intensas, dor atrás dos olhos, manchas vermelhas no corpo, falta de apetite e dor de cabeça.

- Tratamento: na maioria dos casos, a dengue tem cura espontânea depois de 10 dias, mas é preciso procurar um médico ao sentir os primeiros sintomas. É usado medicamento antitérmico ou analgésico para aliviar os sintomas. O ácido acetilsalicílico (aspirina, ASS) não é indicado, pois pode estimular hemorragias. O risco de gravidade e morte é maior quando a pessoa tem alguma doença crônica, como diabetes e hipertensão. Vômito, desmaio ou dor na região abdominal é sinal de que o quadro está piorando. Existe vacina contra a doença, mas só deve ser tomada por pessoas que já foram expostas ao vírus, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde).

Zika

  • Principal transmissor: Aedes aegypti

- Sintomas: a doença se inicia com manchas vermelhas em todo o corpo, febre baixa, dores pelo corpo e nas juntas e, em alguns casos, conjuntivite. Após alguns dias, as manchas vermelhas começam a coçar. Se não for tratada, há o risco de desenvolver complicações neurológicas, como encefalites e Síndrome de Guillain Barré. Uma das principais complicações é a microcefalia, que causa malformação fetal do bebê, no caso de mulheres grávidas. Diferentemente do que é visto em outras doenças causadas por mosquitos, pode ter transmissão sexual.

- Tratamento: na maioria dos casos, a zika tem cura espontânea depois de 10 dias, mas é preciso procurar um médico nos primeiros sintomas. É usado medicamento antitérmico apenas para aliviar os sintomas. Mulheres grávidas devem procurar atendimento médico aos primeiros sinais.

Chikungunya

  • Principal transmissor: Aedes aegypti

- Sintomas: a principal característica da doença é a dor articular, que às vezes pode ser incapacitante, atingindo principalmente joelhos, cotovelos e tornozelos. Algumas pessoas podem desenvolver um quadro pós-agudo e crônico com dores nas juntas que duram meses ou anos. O sintoma inicial é febre, dor de cabeça e mal-estar. Também aparecem manchas vermelhas ou bolhas pelo corpo. A transmissão da mulher para o feto pode acontecer quando a mãe fica doente na última semana de gravidez. Também existe transmissão por transfusão sanguínea.

- Tratamento: assim como dengue e zika, a cura é espontânea após 15 dias. O paciente deve repousar e beber muito líquido. O tratamento é feito de acordo com os sintomas, com o uso de analgésicos, antitermicos e anti-inflamatórios para aliviar febre e dores. Em casos de sequelas mais graves, pode ser recomendada a fisioterapia.

Febre amarela

  • Principais transmissores Haemagogus, Sabethes e Aedes aegypti (somente a versão urbana, que não ocorre desde 1942 no Brasil)

- Sintomas: pacientes com febre amarela costumam apresentar início súbito de febre, calafrios, prostração, dor de cabeça intensa, dores nas costas, dores no corpo em geral, náuseas e vômitos, fadiga e fraqueza. A maioria das pessoas melhora após estes sintomas iniciais. No entanto, cerca de 15% apresentam um breve período de horas a um dia sem sintomas e, então, desenvolvem uma forma mais grave da doença, podendo ocasionar icterícia (coloração amarelada da pele e do branco dos olhos), sangramentos (gengival ou intestinal) e, eventualmente, choque e insuficiência de múltiplos órgãos, como rins e fígado. Cerca de 20% a 50% das pessoas que desenvolvem doença grave podem morrer. A febre amarela não é passada de pessoa a pessoa.

- Tratamento: a pessoa deve permanecer em repouso, com reposição de líquidos e das perdas sanguíneas, quando necessário. Medicamentos podem ser usados para aliviar a dor e a febre. O ácido acetilsalicílico (aspirina, ASS) não é indicado, pois pode estimular hemorragias. Nas formas graves, o paciente deve ser atendido em UTI (Unidade de Terapia Intensiva), para reduzir as complicações e o risco de óbito. A vacina é a principal ferramenta de prevenção e controle da doença.

Malária

  • Principal transmissor: Anopheles darlingi

- Sintomas: febre alta, calafrios, tremores, sudorese e dor de cabeça, que podem ocorrer de forma cíclica. Muitas pessoas, antes de apresentarem estas manifestações mais características, sentem náuseas, vômitos, cansaço e falta de apetite. Em casos graves, o paciente tem fraqueza, alteração da consciência e até hemorragias. A malária não é contagiosa.

- Tratamento: comprimidos que são fornecidos gratuitamente em unidades do Sistema Único de Saúde (SUS). Somente pacientes com casos graves deverão ser hospitalizados de imediato. O tratamento indicado depende de alguns fatores, como a espécie do protozoário infectante; a idade do paciente; e condições associadas, tais como gravidez e outros problemas de saúde; além da gravidade da doença.

Febre oropouche

  • Principais transmissores: Culicoides paraensis e Culex quinquefasciatus

- Sintomas: o principal inseto que transmite essa doença no ciclo urbano é o popular borrachudo (ou maruim). A febre oropouche pode ser facilmente confundida com a dengue, já que os sinais são parecidos —febre, calafrios, dor de cabeça, dor nas articulações e náuseas. Alguns pacientes sentem fotofobia (sensibilidade à luz), dor nos olhos e tontura. Em casos graves, se houver evolução da doença, a complicação mais comum é a meningite viral.

- Tratamento: é prescrito medicamento para alívio dos sintomas. No caso de meningite viral, a doença é benigna e o tratamento consiste no alívio dos sintomas como febre, rigidez na nuca, dor de cabeça e vômitos.

Elefantíase (Filariose Linfática)

  • Principal transmissor: Culex quinquefasciatus

- Sintomas: a doença é popularmente conhecida pelo nome elefantíase porque provoca edemas (acúmulo anormal de líquido) nos membros (pernas e braços), seios e bolsa escrotal. Depois da picada do mosquito, a larva vai para a corrente sanguínea, se reproduz e dá origem a vermes adultos, que causam lesões nos vasos linfáticos e consequentemente inflamação local.

- Tratamento: não tem cura, mas é possível controlar os inchaços com medicamento.

Como se proteger dos mosquitos

Mulher passando repelente no braço - Photoboyko/IStock - Photoboyko/IStock
O uso de repelentes para afastar os insetos é indicado em áreas de riscos
Imagem: Photoboyko/IStock

De acordo com os especialistas, a prevenção mais eficaz é evitar a proliferação dos mosquitos, eliminando água acumulada em vasos, pneus, garrafas plásticas e até recipientes pequenos como tampas, que podem se tornar um criadouro

É prudente deixar as portas e janelas fechadas, principalmente nos períodos do nascer e do pôr do sol e utilizar telas de proteção com buracos de, no máximo, 1,5 milímetros.

Mosquiteiros devem ser utilizados para quem dorme de dia, como bebês, idosos, pessoas acamadas e trabalhadores noturnos e por pessoas que moram em regiões onde se concentram os mosquitos que transmitem malária (Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins), febre oropouche e filariose linfática (região metropolitana de Pernambuco).

Em áreas de risco ou no caso de gestantes é prudente usar roupas que cubram braços e pernas. Medidas paliativas podem ser adotadas como o uso de repelentes aprovados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) como o IR3535, DEET e Icaridina. Porém, esses produtos devem ser usados com parcimônia, pois podem provocar reações alérgicas e tóxicas.

Fontes: Joaquim Nunes Pinto entomologista da seção de arbovirologia do Instituto Evandro Chagas; Rafael Freitas, biólogo e pesquisador do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz); Rosana Richtmann, infectologista do Instituto de Infectologia Emilio Ribas; Luis Fernando Aranha Camargo, infectologista da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein e do Ministério da Saúde.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do informado, o ovo do mosquito precisa de água para se desenvolver, mas o inseto não necessita da água para botar seus ovos.