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Carol Portaluppi: "Não era saudável"; veja perigo de buscar corpo perfeito

A filha de Renato Gaúcho compartilhou nas redes sociais sua história com dietas e autoaceitação  - Reprodução/Instagram
A filha de Renato Gaúcho compartilhou nas redes sociais sua história com dietas e autoaceitação Imagem: Reprodução/Instagram

Maria Júlia Marques

Do UOL VivaBem, em São Paulo

20/02/2019 10h11Atualizada em 20/02/2019 16h09

Carol Portaluppi desabafou no Instagram ao compartilhar uma foto em que não estava em seu melhor momento. "Eu pesava 4 kg a menos do que eu deveria, estava totalmente mal de cabeça, não estava uma magra saudável, fazia jejuns de quase dois dias e esse sorriso, podemos definir assim: quem conhece um sorriso de verdade, sabe que nem todo palhaço é feliz," escreveu.

O texto repercutiu nas redes sociais e, em entrevista ao UOL VivaBem, a filha de Renato Gaúcho explicou mais sobre como se sentia e como queria passar uma imagem de aceitação para seus seguidores. 

"Meses atrás eu estava muito magra e não enxergava isso. Demorei para compreender e para dividir a minha história e fiquei surpresa com a quantidade de gente que comentou e me mandou mensagem agradecendo pelo post. Fiquei muito tocada."

A carioca de 24 anos contou que ouvir muitas pessoas elogiando sua forma a deixou um tanto deslumbrada. Isso a levou a perder mais peso de forma inconsciente e prejudicou sua relação com a comida. "No começo, quanto mais eu emagrecia, mais me chamavam de magra, linda. Ouvir isso mexe com a gente, fiquei com a sensação de que aquilo era legal e quando notei estava parando de comer," lembra. 

Na busca para manter o corpo "perfeito" para as redes sociais, Carol diz que ficava dias sem fazer refeições "de verdade", às vezes apelando só para um doce para ter energia durante os períodos sem alimento. "Eu sempre comi de tudo, minha alimentação era muito boa, mas fui ficando com uma aversão da comida, nem quando meus amigos me chamavam para um pizza eu me animava. Com isso fui ficando fraca, sem forças para treinar, perdendo a alegria. Eu treinava só um pouco, comia só um pouco." conta.  

Carol Portaluppi - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Carol conta que ainda está no processo de ficar 100% , mas que sente estar em um bom caminho
Imagem: Reprodução/Instagram

A magreza excessiva começou a chamar mais a atenção das pessoas ao redor e Carol conseguiu enxergar que o que estava acontecendo não era saudável. "Meu pai me falou que estava muito magra, a manicure falou, eu não entendi. Até um dia que me olhei no espelho e me assustei, senti que não estava me amando, não estava cuidando de mim. Coloquei na minha cabeça que tinha que me amar em primeiro lugar, não podia continuar assim." 

Ela começou a se cuidar, tanto física quanto mentalmente, e quis fazer da sua experiência um alerta para os seguidores que podem estar passando pelas mesmas angústias. 

"A gente vive em um mundo em que as aparências têm muito poder, as pessoas querem ser um padrão. Não é assim. Aprendi que temos que abraçar nossas diferenças, ninguém precisa ser perfeito. É uma terapia diária? Claro que é! Mas tento ver as coisas no meu corpo e gostar mesmo se não for o modelo da rede social. Meu nariz não é o que todo mundo acha lindo? Não, mas é meu e eu vou aceitar e gostar de mim assim."

Temos que nos aceitar e nos amar, usando 36 ou 40. Temos que viver pensando que ser magra não é elogio, ser feliz é o que importa."

Alterações não são só físicas, também mexem no psicológico 

O alerta é que redes sociais estimulam essa busca por barrigas chapadas e que a sociedade como um todo aceita fazer dietas malucas por um corpo perfeito --se é que isso existe. "Estar magra vira um elogio, é ótimo ter um corpo assim independente de como chegou lá. Ninguém pensa na saúde. Por esse padrão e pressão o indivíduo se submete a exageros, se perde, se machuca e desenvolve transtornos alimentares muito graves, não é brincadeira," comenta Gabriela Malzyner, psicóloga e membro da Ceppan (Clínica de Estudos e Pesquisas em Psicanálise da Anorexia e Bulimia).

Ficar muito tempo sem comer pode ser um gatilho para transtornos diferentes: assim que você volta a ingerir alimentos pode exagerar na dose e desenvolver uma compulsão alimentar, ou então se encantar com a perda de peso rápida e gerar quadros como anorexia. 

"Desconfortos físicos geram desconfortos psíquicos. Dietas tão extremas produzem muito desconforto e você não consegue investir em outra coisa, fica só voltada aquele assunto. Fica preso ali na fome e desespero," diz Malzyner. 

Se a sua imagem o incomoda tanto e você não consegue se aceitar, é importante buscar ajuda e conversar sobre isso para ter novas visões e não buscar saídas ainda mais prejudiciais.

Como o corpo reage ao ficar sem comida

Você pode estar insatisfeito com o corpo e aceitando qualquer conselho para perder os quilos que incomodam, mas não entre em maluquices. É importante ter o auxílio de um nutricionista para saber qual a melhor forma de fazer uma dieta segura, que leve em conta suas condições de saúde (peso, altura e até doenças como diabetes e hipertensão, que têm relação com a alimentação).

A ideia de ficar sem comer por muito tempo não é aconselhável. O corpo precisa de alimento para ter energia e deixar todos os órgãos trabalhando corretamente, sem comida não há como manter as funções. 

"O organismo pede alimento. Ficar dias sem comer adequadamente altera a química do corpo. Você pode se desidratar, perder massa magra em uma proporção muito rápida, ter alterações de humor, irritabilidade, fraqueza e tontura. Não é nada saudável", diz Renato Zilli, endocrinologista do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo. 

"Além disso, em cerca de oito horas de jejum o fígado já não joga mais glicose no sangue. A glicose é fonte de energia para o cérebro, e sem ela aparecem quedas no desempenho cognitivo e alteração de consciência," completa Zilli. 

Com a ausência da comida o corpo sofre uma rápida queima de proteína e glicose: ele usa tudo que puder como fonte de energia e assim a perda de peso é rápida. Porém, quando os alimentos voltam a ser ingeridos o ganho também é veloz. "Fora que ficar sem comer, obviamente, causa muita fome, não é raro que quem volte de um período sem se alimentar queira devorar o que ver pela frente, até o imã da geladeira," afirma Rosália Padovani, endocrinologista.

E o organismo não quer uma salada, ele busca alimentos cheios de energia --ou seja, gorduras e, principalmente carboidratos de rápida absorção, como açúcar. 

"O corpo aproveita o carboidrato como fonte de energia de forma mais rápida que as proteínas e gorduras, o transformando em glicose e enviando para os órgãos quem precisam de combustível. Por isso, depois de períodos sem comida ele vai querer carboidratos. Mas não transformamos todo o carboidrato em glicose, parte dele fica acumulada em forma de gordura", explica Maria Fernanda Barca, doutora em endocrinologia pela FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo). 

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