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Memórias são reconstruídas de forma contrária ao que se vê

A forma como as memórias são resgatadas são diferentes de como vemos as coisas - iStock
A forma como as memórias são resgatadas são diferentes de como vemos as coisas Imagem: iStock

Do UOL VivaBem, em São Paulo

22/01/2019 04h00

Pare alguns segundos para se lembrar de algum objeto que você viu hoje mais cedo. Provavelmente, começou a "enxergá-lo" em sua cabeça pelo seu conceito é e depois preencheu com seus detalhes, de cor, formato e estampas. Esse processo nem sempre é percebido, mas foi constatado por cientistas ingleses em uma pesquisa que descobriu como nossas memórias são reconstruídas

"Embora nossas memórias pareçam como um 'olho interno' como imagens vívidas, elas não são simples instantâneos do passado, mas representações reconstruídas e tendenciosas", explicou Juan Linde Domingo, autor da pesquisa, ao site da Universidade de Birmingham, onde foi desenvolvida. 

O estudo pode contribuir para a forma como se analisa os depoimentos de testemunhas de um crime, por exemplo. Isso porque a pesquisa provou que recapitulamos primeiro as informações conceituais, por exemplo, se é um cachorro, uma bola, ou um carro, e depois lembramos seus detalhes. Quando enxergamos, o processo é oposto. 

Ao todo, 49 voluntários tiveram suas atividades cerebrais monitoradas por 128 eletrodos presos ao couro cabeludo. Os pesquisadores observavam mudanças nos padrões cerebrais com precisão de milissegundos. 

Durante o monitoramento, eles viam imagens de objetos e associavam com palavras únicas. Depois, os pesquisadores mostravam estas palavras e pediam para reconstruir a imagem mentalmente com o máximo de detalhes. 

As descobertas vieram depois que os cientistas treinaram um algoritmo para decodificar qual tipo de imagem e de que forma os participantes estavam recuperando em cada parte da tarefa. 

"Conseguimos mostrar que os participantes estavam recuperando informações abstratas e de nível mais alto, diferenciando se estavam pensando em um animal ou em um objeto inanimado, pouco depois de ouvirem a palavra de lembrete", explica a Dra Maria Wimber, autora do estudo.

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