Permanecer ativo durante período na UTI aumenta chances de recuperação
Um projeto da USP (Universidade de São Paulo) busca desconstruir a ideia de que pacientes em terapia intensiva devem ficar em repouso. Durante a internação em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), os pacientes podem experimentar um período sem realizar atividades e de repouso prolongado, o que está relacionado a diversas perdas e alteração física.
Estudos científicos apontam que permanecer ativo durante o período de internação aumenta as chances de o paciente sair do hospital realizando o maior número de atividades possível.
"Ao contrário do que muitos pensam, um paciente com estado de saúde grave pode e até deve sair da cama. O risco é muito baixo e o benefício muito alto", explica Debora Stripari Schujmann, fisioterapeuta da USP.
Ela é uma das coordenadoras do Movimente sua UTI, com Carolina Fu, professora da FMUSP (Faculdade de Medicina da USP). As pesquisadoras criaram um site para reunir informações sobre o assunto e orientar hospitais, profissionais da área da saúde, pacientes e familiares deles sobre os benefícios da atuação fisioterapêutica, por meio de exercícios físicos, durante a internação. O material é livre para reprodução.
"Por isso, escolhemos nomear o projeto de forma ampla: Movimente sua UTI, e não Fisioterapia na UTI. Todos, inclusive outros profissionais de saúde, precisam entender a importância da movimentação para pacientes", explica Carolina Fu, professora da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP).
A pesquisadora destaca ainda a conscientização dos familiares dos pacientes. "Aqui no Brasil ainda há uma cultura de que pacientes em estado fragilizado não podem praticar exercícios. O diálogo entre profissionais da saúde, paciente e família é uma maneira de reverter essa situação."
Mas por que é tão importante se movimentar?
O projeto aponta que descansar para se recuperar não é sinônimo de ficar em repouso constante. A UTI é um local de reabilitação e isso inclui exercícios
"A mobilização precoce é importante porque os músculos começam a sofrer degradação em apenas dois dias. Realizar atividades físicas antes das 48 horas de internação precisa ser mais incentivado", explica Schujmann.
De acordo com a fisioterapeuta, após a saída da internação, muitos pacientes desenvolvem dificuldades psicológicas, psiquiátricas, cognitivas e físicas ao longo do tratamento. É a chamada síndrome pós-terapia intensiva. Ela pode ser desencadeada por diversos processos realizados durante a internação, como medicação sedativa (estímulo ao sono), ventilação mecânica (respiração por aparelhos) e imobilidade (falta de exercícios físicos).
Medidas que aparentemente seriam boas para a recuperação da pessoa acabam por prejudicá-la. O imobilismo acarreta deficiência em diversas partes do corpo, como pulmão, coração e músculos, por exemplo.
Qual a forma ideal de ação para uma UTI e pacientes ativos?
Ficar acordado
O ideal é o paciente durma só durante à noite. Ficar completamente desacordado traz inúmeros prejuízos e só é necessário em poucos casos.
Respirar sozinho
É importante que o paciente respire sozinho assim que possível, para ativas os músculos.
Participar
Perguntar informações, descobrir o que fará no dia, tentar comer e se movimentar na cama sozinho são ações positivas que o paciente pode fazer.
Movimentar
Levantar da cama e fazer exercícios, com supervisão, é de grande importância para a recuperação. Caso não for mencionado pelo hospital, não deixe de pedir fisioterapia.
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