Novo biossensor detecta bactérias em alimentos e bebidas
Um novo biossensor que detecta ameaças bacterianas em alimentos e bebidas foi desenvolvido recentemente na USP (Universidade de São Paulo). O dispositivo foi concebido em parceria do IFSC (Instituto de Física de São Carlo da USP), a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária e a UFSCar (Universidade Federal de São Carlos).
A novidade, que provou ser mais rápida que os métodos tradicionais, tem em sua gênese um filme nanoestruturado com eletrodos de prata fabricados no próprio IFSC (com tecnologia em fase de patenteamento) e nanopartículas magnéticas funcionalizadas com um peptídeo - a melitina. Esse peptídeo é retirado do ferrão de abelhas e interage especificamente com as bactérias. O dispositivo consegue detectar a presença de diferentes bactérias na carne, em peixes, vegetais, água potável, refrigerantes e sucos.
Em aproximadamente 20 minutos, o aparelho consegue concentrar uma colônia que esteja espalhada no alimento em um volume menor de amostra para análise. Isso se mostrou uma vantagem sobre o método tradicional, em que se tem que analisar todo o volume ou massa, acompanhar o crescimento das bactérias e proceder à contagem das unidades que formam a colônia, o que pode demorar entre 24 e 72 horas.
Concebido para uso em diversas aplicações, o novo biossensor poderá ser utilizado no controle de qualidade em grandes superfícies em supermercados e restaurantes, ou em indústrias de alimentos e bebidas.
A metodologia utilizada é simples: na análise de uma amostra de refrigerante, por exemplo, basta introduzir, em uma parte do líquido, as nanopartículas magnéticas impregnadas com o peptídeo melitina que, com ajuda de um imã, atrairão para o fundo do recipiente as bactérias existentes.
Ao retirar-se o líquido que fica por cima, as bactérias pré-concentradas nas nanopartículas serão depositadas no eletrodo de prata para se proceder à devida análise e quantificação da colônia. No caso de alimentos sólidos, uma pequena amostra triturada, homogeneizada e filtrada bastará para fazer o mesmo procedimento.
Segundo o professor Osvaldo Novais de Oliveira Jr, do IFSC e um dos autores da criação, "um dos maiores destaques deste trabalho foi a combinação de eletrodos de prata fabricados com tecnologia desenvolvida no IFSC e um filme nanoestruturado de baixo custo. Não precisaremos importar nenhum dos itens do biossensor, cujo custo final será de apenas cerca de R$ 0,30", explica.
De acordo com Deivy Wilson, jovem pesquisador cubano, coautor do trabalho e pós-doutorando do IFSC, o uso do biossensor poderá ir além do planejado: "Com algumas adaptações, o biossensor poderá, num futuro próximo, detectar contaminações em pacientes com feridas, queimaduras, escaras, etc."
A esse respeito, Gisela Ibáñez Redín, jovem doutoranda colombiana do IFSC, que também assina o artigo científico, salienta que o biossensor "poderá ser empregado para detectar diferentes tipos de contaminação em ambientes hospitalares, como enfermarias e salas de cirurgia, bem como em instrumentos e equipamentos utilizados nesses ambientes".
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