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Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Saiba identificar se você sofre de ansiedade no pós-parto

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Imagem: iStock

Simone Cunha

Colaboração para o UOL VivaBem

25/12/2018 04h00

Checar se o bebê está respirando ou garantir que a mamadeira esteja sempre esterilizada são apenas algumas das preocupações comuns entre as mães de recém-nascidos. O problema é quando essas apreensões começam a ganhar dimensões exageradas ou ficam persistentes demais, acompanhadas de pensamentos perturbadores. Aí é preciso ligar o sinal de alerta, pois a nova mãe pode estar sofrendo de ansiedade pós-parto.

Três em cada 10 mulheres apresentam, pelo menos, um tipo de transtorno de ansiedade após a chegada do bebê, de acordo com a psicóloga Luciana Rocha, idealizadora do projeto Tons da Maternidade. ''Mesmo quem nunca teve crise de ansiedade pode apresentá-la no pós-parto diante do enorme desafio que é cuidar desse bebê'', comenta a psicóloga Fernanda Travassos Rodriguez, doutora em Psicologia Clínica pela PUC-RJ.

Reações físicas como palpitações, pânico ou preocupação excessiva com a própria saúde e a do bebê são sinais que devem ser observados pela mãe e pela família, já que no pós-parto uma mãe ansiosa pode ficar ainda mais vulnerável diante de todo o estresse adaptativo.

Por isso, identificar o problema e buscar tratamento o quanto antes é primordial para a saúde dessa mulher. ''É uma fase em que a mãe pode exacerbar tudo de forma negativa, sendo que a ansiedade pode levar ao pânico'', diz o médico Joel Rennó Jr, coordenador do Programa de Saúde Mental da Mulher do IPq (Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo).

"Um marido que ainda não está em sintonia com a nova fase, que não ajuda com o bebê, que se mantém distanciado ou que demonstra ciúme da esposa com o bebê também contribui para o aumento do estresse, desencadeando a ansiedade'', acrescenta Fernanda.

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O médico Rennó Jr. alerta ainda que muitas mães sofrem caladas, afinal existe uma cobrança por parte da sociedade de que essa é uma fase mágica e, portanto, não faz sentido a mãe manter-se nessa tensão. ''É preciso conscientizar de que demora um tempo para estabelecer este vínculo e a fase inicial pode ser muito difícil. Em muitos casos, a mãe não se sente acolhida para dizer o que está sentindo e a atenção de alguém próximo pode ser essencial para identificar o problema e ajudá-la a enfrentá-lo''.

Quem tem mais chances

Segundo Luciana, mulheres com mais idade, que tiveram dificuldade para engravidar ou idealizaram essa maternidade podem ter mais chance de desenvolver a ansiedade, mesmo que essa mulher nunca tenha tido. Para quem já teve, pode ser acentuado nesse período. ''É um sofrimento que precisa de uma ajuda diferenciada'', enfatiza.  

O próprio aleitamento, segundo Luciana, pode provocar a ansiedade. ''É um processo difícil e doloroso. Assim com o sono que nessa fase não é reparador, mas bastante interrompido deixando a mãe mais sensível''.

Como tratar

Buscar ajuda médica é essencial para tratar a doença. ''Já existem medicações compatíveis com a amamentação que ajudam nos sintomas, além de conseguir frear sua evolução'', diz Luciana. E neste caso, a psicoterapia também é imprescindível para compreender essa fase e enfrentar suas dificuldades.

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