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Por que tantos amam café mesmo sendo algo amargo? Resposta está na genética

você pode achar que tem poder de escolha quando o assunto é sua bebida favorita, mas na realidade suas variantes genéticas já escolheram por você - iStock
você pode achar que tem poder de escolha quando o assunto é sua bebida favorita, mas na realidade suas variantes genéticas já escolheram por você Imagem: iStock

Do UOL VivaBem, em São Paulo

22/12/2018 13h26

Você pode não acreditar, mas cientistas ficavam andando de um lado para o outro em uma sala sem conseguir achar uma razão científica para entender o amor das pessoas por café. 

A bebida é uma das mais consumidas no mundo, e você já imagina isso só de lembrar a quantidade de publicações de xícaras com a bebida que já viu pelas redes sociais. Porém, pensando no funcionamento do organismo não há um motivo para seres humanos apreciarem um café amargo.

Isso porque a lógica é que o gosto amargo provoque uma reação negativa nas pessoas, como um mecanismo de defesa, afinal, sabores desagradáveis podem frequentemente vir de substâncias tóxicas, como os alcaloides presentes em plantas venenosas.

Mas calma, um estudo publicado no periódico Scientific Reports pode esclarecer o que acontece ao examinar a relação entre a sensibilidade genética de uma pessoa para substâncias amargas, e o nível de bebidas amargas que consomem. 

Como foi feita a pesquisa?

Na análise, pesquisadores usaram dois conjuntos de dados. O primeiro veio de um estudo em larga escala de gêmeos australianos que mostrou uma ligação entre variantes genéticas e como as pessoas percebiam gostos diferentes.

Com os dados, foi possível detectar quais variantes específicas são responsáveis por uma maior percepção de amargura em três substâncias: cafeína, quinina (um ingrediente da água tônica), e PROP (composto amargo presente em alguns vegetais).

Já com o segundo conjunto de dados, que veio do UK Biobank -uma instalação de pesquisa que armazena amostras de sangue, urina e saliva-, a equipe teve acesso a mais de 400 mil amostras genéticas de homens e mulheres, além de respostas de um questionário sobre o consumo de bebidas, mostrando a preferência das pessoas quanto a chá, café e álcool.

Com as análises, os cientistas dividiram os indivíduos em grupos:

  • Um bebedor assíduo de café era alguém que toma mais de quatro xícaras por dia;
  • Um grande bebedor de chá era aquele que consumia mais do que cinco xícaras diárias;
  • Os bons bebedores de álcool foram aqueles que beberam mais de três ou quatro vezes por semana.

E como tudo isso decifrou o enigma? 

Juntando todas as informações adquiridas foi possível mostrar que os seres humanos podem ser geneticamente predispostos a gostar ou odiar o gosto amargo de algumas bebidas.

As respostas mostraram que uma pessoa mais sensível ao sabor amargo da cafeína bebia mais café, enquanto aqueles que tem maior sensibilidade ao PROP e a quinina tomavam menos café.

Pode parecer confuso pessoas mais sensíveis ao sabor amargo da cafeína serem mais propensas a beber muito café, mas o que acontece é que os efeitos estimulantes da cafeína no cérebro funcionam como uma espécie de reforço positivo a sensibilidade. É como se os bebedores regulares de café desenvolvessem a capacidade de detectar a cafeína e adquirir gosto por ela.

O chá teve os resultados exatamente opostos aos do café. E no caso do álcool, a PROP foi a única substância que claramente afetou o consumo, aqueles que conseguem a detectar facilmente bebem menos álcool.

Resumindo, você pode achar que tem poder de escolha quando o assunto é sua bebida favorita, mas na realidade suas variantes genéticas já escolheram por você o que cai melhor no seu organismo.

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