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Goleiro Jairo tem câncer de rim; doença tem ligação com jogar bola? Entenda

Comunicação CFC
Imagem: Comunicação CFC

Maria Júlia Marques

Do UOL VivaBem, em São Paulo

18/12/2018 20h50

Ídolo do Corinthians, o goleiro Jairo está enfrentando uma dura batalha contra o câncer de rim. Em entrevista ao UOL Esporte, o filho do jogador contou a história da doença do pai e divulgou uma campanha online para levantar até 90 mil para o tratamento do pai. 

"De uns tempos para cá, a gente percebeu que ele estava com um emagrecimento muito grande. [...] E levamos para fazer uma bateria de exames. É um câncer de rim. Foi descoberto, é um câncer raro. Não se sabe a causa, se é genética ou a forma que ele trabalhava, com sucessivas quedas durante os jogos, pode ter fomentado," disse Jairo da Silva Nascimento, filho do goleiro. 

O câncer de rim realmente não é dos mais comuns. A estimativa para 2018 é um total de 6.270 casos, sendo 3.770 em homens e 2.510 em mulheres, segundo dados do Stênio de Cássio Zequi, urologista e diretor do Departamento de Urologia do A.C.Camargo Cancer Center, em São Paulo. Número que evidência o maior risco da doença se manifestar em homens. 

Para ter uma noção, o INCA (Instituto Nacional de Câncer) previu para este ano 165.580 casos de câncer de pele não-melanoma, sendo 85.170 homens e 80.140 mulheres.

Além disso, é bom saber que não existe só um tipo de câncer de rim. "A doença engloba vários tipos de tumores, são cinco mais frequentes, mas podemos dividir em cerca de 15 tipos. O mais comum, com cerca de 70% dos casos, é o que chamamos de Carcinoma Renal de Células Claras", explica Zequi. A doença costuma aparecer a partir dos 60 anos, mas já foram registrados casos em pacientes mais novos. 

O futebol explica o problema? Causas e sinais do câncer de rim

Já quando o assunto é o que leva a ter o câncer de rim, ter pulado e treinado muito durante a vida não parece fazer sentido. "Muito pelo contrário, praticar atividade física e ter controle de peso são fatores que podem afastar o paciente de um câncer", diz Zequi. 

Neste caso, as causas mais comuns são obesidade, IMC (Índice de Massa Corporal) elevado, hipertensão, diabetes, tabagismo, dieta rica em proteína e gordura, e o envelhecimento. "O histórico familiar também pode influenciar nas chances de desenvolver o câncer de rim, assim como o fato de o paciente ter passado por radioterapia na infância", afirma Augusto Takao, oncologista da Rede de Hospitais São Camilo, em São Paulo. 

Ao se tratar de sinais, o emagrecimento realmente pode ser um fator de alerta. Os sintomas mais clássicos são perda de peso, dor na lombar, massa palpável no abdômen e urina com sangue. O paciente também pode sofrer com febre, cãibras, anemia, fadiga e sudorese. 

"Os sintomas costumam ser claros em casos onde o câncer já se desenvolveu. Hoje em dia, felizmente, a maior parte dos tumores de rim são detectados na fase inicial quando ainda são assintomáticos e tem 80% de chance de cura", conta Carlos de Andrade, oncologista e diretor da Oncoclínica Centro de Tratamento Oncologico, no Rio de Janeiro. 

O que aconteceu de uns anos para cá, a partir de cerca dos anos 1980, é que os exames de imagem foram progredindo com o avanço da tecnologia, e passou a ser comum detectar os tumores em exames de rotina. O paciente vai fazer uma ultrassonografia por outro motivo e o exame detecta o câncer de rim. Uma análise de 2010 mostrou que 60% dos diagnósticos da doença foram incidentes.

"Antes dos exames modernos, o diagnóstico vinha com tumores de cerca de dez centímetros, com a popularização dos ultrassons conseguem identificar exames menores de quatro centímetros", diz Zequi. Um estudo feito pelo LARCG (Latin American Renal Cancer Group) e liderado pelo A.C.Camargo Cancer Center mostrou que 35% dos tumores detectados tinha menos que quatro centímetros, 37,5% tinha de quatro a sete centímetros, e 27% tinha mais de sete centímetros. 

Tratamento

Nos casos de câncer de rim o tamanho importa e pode facilitar o tratamento, uma vez que tumores nessa área não respondem bem a quimio ou radioterapia. "O tratamento principal é a cirurgia, retirar o tumor. Se ele é pequeno, pode ser feito um procedimento simples e minimamente invasivo, que tira apenas um pedacinho do rim. Em caso de tumores maiores pode ser necessário tirar todo o rim", explica Takao. É possível viver tranquilamente com um rim só, mas manter os dois diminui riscos de complicações a longo prazo.

Em casos de metástase, quando há migração de células cancerosas pelo organismo, também é possível fazer tratamento medicamentoso. Não é possível dizer se esse é realmente o caso do Jairo, uma vez que o UOL VivaBem não teve acesso aos exames do jogador. 

"Recomendamos terapias com remédios inteligentes que se dirigem para alvos específicos do tumor renal. O medicamento consegue controlar a doença, diminuir os sintomas e dão qualidade de vida, mas não promovem a cura", afirma Zequi. 

No Brasil, também já foi aprovada a imunoterapia para doença metastática de risco intermediário e alto. "Nesse tratamento, os medicamentos ajudam o sistema imunológico. Quando uma célula de defesa vai atacar uma célula tumoral, a célula cancerosa tem o poder de paralisá-la, o câncer vence essa batalha. O que a droga de imunoterapia faz é deixar as células de defesa do organismo ativas para lutar contra a cancerosa", explica Andrade. As próprias células do mecanismo de defesa do organismo ganham forças para atacar o tumor. 

De qualquer modo, independente do tratamento escolhido, é importante o paciente se manter regular nas consultas médicas para acompanhar o caso de perto. 

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