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Existe um 'prazo de validade' para o luto? Até quando ele é normal?

Gabriela Ingrid

Do UOL VivaBem, em São Paulo

27/11/2018 04h00

"Já se passaram oito anos da morte de um dos meus filhos. Sentir muito ainda e não poder falar no assunto sem chorar é normal?"

O luto é um processo que ocorre em todos os seres humanos quando há uma perda. Sofremos microlutos todos os dias, com expectativas, desejos que não se realizam, ideias que não dão certo. Mas existem os lutos maiores, como uma morte, a perda de emprego, de oportunidades. Em casos menores, nós vamos lidando com isso, superando e a vida continua. Quando se trata de perdas mais graves, como a morte de um filho, uma migração forçada ou até uma amputação, a sensação é mais intensa e demorada.

Um período de três meses a um ano é a media de duração do luto, mas pode chegar a até dois anos. Se a tristeza não diminui e o indivíduo não consegue retomar a vida, fica o tempo todo se sentindo culpado e infeliz, o problema se torna um luto patológico. Nesse caso, a depressão pode entrar em jogo e a busca por ajuda profissional, como tratamento psiquiátrico ou psicoterapêutico, pode ajudar.

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É importante ressaltar que uma pessoa que sofre uma perda tão grande, como a de um filho, nunca vai esquecer essa situação. Ela vai se lembrar, principalmente em datas especiais, como aniversários. Mas isso tem que ser natural, sem tanta dor. Ela tem que trabalhar o luto até conseguir aceitar a realidade. E não pense que seguir em frente é algo controlável. É um processo inconsciente e pessoal que implica na necessidade de se adaptar ao mundo sem essa pessoa. Costuma-se dizer que a perda é para sempre e, neste sentido, sempre seremos afetados por ela. Mas o luto não é para sempre, ou seja, sempre é possível se organizar após uma perda.

Fontes: Valéria Ulbricht Tinoco, mestre e doutora pelo Programa de Psicologia Clínica da PUC-SP, cofundadora, professora e supervisora do instituto de psicologia Quatro Estações, especializado no atendimento a pessoas enlutadas; Roosevelt Cassorla, médico psiquiatra e psicanalista, analista didata da SBPSP (Sociedade Brasileira Psicanálise de São Paulo) e professor titular da Unicamp.

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