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O que o autismo faz com o cérebro? Estudo analisa o que acontece no órgão

Descoberta pode ajudar a desenvolver estratégias para o tratamento  - iStock
Descoberta pode ajudar a desenvolver estratégias para o tratamento Imagem: iStock

Do UOL VivaBem, em São Paulo

20/11/2018 11h40

Uma nova pesquisa analisa o que acontece no cérebro de pessoas com TEA (Transtorno do Espectro Autista) para tentar entender melhor por que indivíduos com autismo podem experimentar alguns de seus sintomas. O estudo foi publicado no periódico JAMA Network Open na sexta-feira (16).

Apesar dos vários tipos de síndromes englobadas no TEA, os indivíduos acometidos pela condição geralmente têm algumas características principais, como a dificuldade de interagir socialmente; interesses restritos e estereotipados; movimentos repetitivos; tendência a evitar contato visual; falta ou excesso de sensibilidade a estímulos sensoriais e a resistência a mudanças na rotina. Mas por que isso acontece?

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Para encontrar uma explicação, pesquisadores da Universidade de Utah, nos Estados Unidos, realizaram uma ressonância magnética em 90 participantes do sexo masculino, dos quais 52 tinham um diagnóstico de autismo e 38, não. Os participantes com autismo tinham entre 19 e 34 anos, enquanto o restante dos voluntários tinha entre 20 e 34 anos.

Os resultados mostraram que as pessoas com o transtorno tiveram vários atrasos em como partes do cérebro se conectavam.

Os cientistas então compararam esses dados com os de outras 1.402 pessoas que participaram do estudo Autism Brain Imaging Data Exchange (ABIDE). Destes, 579 participantes (80 mulheres e 499 homens) tinham autismo. Os restantes 823 participantes (211 do sexo feminino e 612 do sexo masculino) não tinham o transtorno e faziam parte do grupo de controle.

Após novos exames de ressonância, os pesquisadores puderam confirmar que, no cérebro de pessoas com autismo, as conexões persistiram por períodos mais longos do que nos cérebros de indivíduos neurotípicos. Em outras palavras, no autismo, o cérebro acha mais difícil alternar entre os processos.

Nas pessoas com autismo, as conexões cerebrais permaneceram sincronizadas por até 20 segundos, enquanto desapareceram mais rapidamente em indivíduos sem essa condição. Além disso, naqueles com autismo, a gravidade dos sintomas pareceu aumentar com a duração da conectividade.

As descobertas podem explicar por que as pessoas com autismo podem sentir angústia quando expostas a vários estímulos de uma só vez, acredita a equipe de pesquisa. "As pessoas com autismo não gostam de estímulos inesperados, e pode ser porque elas não são eficientes em mudar rapidamente entre ideias ou pensamentos", observa Jeff Anderson, um dos autores.

O estudo fornece novas ferramentas para descobrir os mecanismos do transtorno, mas os pesquisadores observam que ele tem uma limitação fundamental: foi feito apenas com participantes do sexo masculino, o que pode não oferecer o quadro completo do que caracteriza o autismo no cérebro. Ainda assim, eles não vão parar neste estudo e esperam expandir a pesquisa.

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