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Dieta com pouco glúten também pode beneficiar quem não tem alergia

Os benefícios para a saúde encontrados neste estudo parecem depender da qualidade de fibras na dieta - iStock
Os benefícios para a saúde encontrados neste estudo parecem depender da qualidade de fibras na dieta Imagem: iStock

Do UOL VivaBem, em São Paulo

20/11/2018 13h48

Uma nova pesquisa, publicada no periódico Nature Communications na terça-feira (13), descobriu que uma dieta baixa em glúten também pode beneficiar a saúde de pessoas que não são alérgicas a ele, desde que o plano alimentar também contenha fibras de alta qualidade.

A intolerância ao glúten, proteína presente no trigo, na cevada e no centeio, pode causar sintomas gastrointestinais. Mas um número crescente de pessoas que não têm a doença celíaca ou alergia ao glúten também parou de consumir fontes dessa proteína. A tendência incentivou um grupo de cientistas da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, a investigar se uma dieta pobre em glúten é benéfica para as pessoas que não são alérgicas a ele.

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Para isso, os pesquisadores realizaram um estudo com 60 adultos, com idade entre 22 e 65 anos, que não tinham doença celíaca, diabetes ou qualquer outro distúrbio.

Os participantes aderiram a dois tipos de dietas de oito semanas de duração: uma com baixa ingestão de glúten e outra rica na proteína. Eles tinham um período de descanso de 6 semanas entre as dietas.

O plano alimentar pobre em glúten consistia em 2 gramas da proteína por dia, enquanto a outra tinha 18 gramas de glúten por dia. O período de intervalo envolveu uma dieta regular com 12 g de glúten por dia.

As duas dietas foram semelhantes quanto ao número de calorias, mas a composição da fibra foi diferente entre elas: a com baixo teor de glúten também continha menos fibras de trigo, centeio e cevada, pois estas são fontes primárias dessa proteína. Um regime alimentar de baixo teor de glúten também implica na substituição de fibras alimentares de cereais ricos nessa proteína por fibras de outras fontes.

Os pesquisadores então examinaram as mudanças na fermentação intestinal, realizando o perfil metabólico das amostras de urina e monitorando as mudanças relacionadas à dieta na microbiota intestinal dos participantes.

Os resultados mostraram que, no geral, uma dieta com baixo teor de glúten alterou o microbioma intestinal dos participantes, reduziu o desconforto gastrointestinal e resultou em uma pequena perda de peso. Os pesquisadores acreditam que as alterações digestivas, como a redução do inchaço, são causadas pelas alterações nas bactérias e nas funções intestinais.

A perda de peso provavelmente ocorreu devido ao aumento da combustão do corpo desencadeada pelas funções bacterianas alteradas do intestino.

Nós demonstramos que, em comparação com uma dieta rica em glúten, uma alimentação com poucas quantidades dessa proteína e rica em fibras induz mudanças na estrutura e função do ecossistema complexo intestinal de bactérias, reduz a exalação de hidrogênio e leva a melhorias no inchaço"

Oluf Pedersen, que liderou o estudo

De acordo com Pedersen, mais pesquisas são necessárias antes que as pessoas saiam cortando o glúten da dieta, especialmente porque as fibras tiveram um papel importante nos resultados desse estudo específico. "Mas nosso estudo não deixa de ser um alerta para a indústria de alimentos. A maioria dos alimentos sem glúten disponíveis no mercado não contém fibras alimentares ou ingredientes nutricionais naturais", adverte o professor.

Há uma necessidade óbvia de disponibilidade de alimentos livres de glúten enriquecidos com fibras de alta qualidade e que sejam frescos ou minimamente processados. "Tais iniciativas podem ser a chave para aliviar o desconforto gastrointestinal, além de facilitar o controle de peso na população em geral."

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