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Hora em que você se machuca interfere na velocidade da cicatrização

Descoberta pode levar a novos tipos de tratamentos médicos em torno da ciência dos ritmos circadianos - Getty Images/iStockphoto
Descoberta pode levar a novos tipos de tratamentos médicos em torno da ciência dos ritmos circadianos Imagem: Getty Images/iStockphoto

Do UOL VivaBem, em São Paulo

19/11/2018 12h46

Feridas feitas durante o dia se cicatrizam mais rápido do que as ocorridas à noite, segundo um novo estudo publicado no periódico Science Translational Medicine.

Apesar de ser um consenso acreditar que a noite é o verdadeiro momento de restauro do corpo, o tecido danificado é reparado em um ritmo drasticamente diferente, dependendo da hora do dia em que você se machuca. A explicação estaria justamente no famoso ciclo circadiano, ou melhor, o ritmo biológico do organismo.

As pesquisas sobre o tema começaram em 2017, quando cientistas da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, examinaram como células da pele chamadas de fibroblastos respondem de maneira diferente, dependendo da hora do dia.

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A equipe reparou que, quando a pele se fere, essas células migram para a área afetada e produzem proteínas restauradoras, como o colágeno, que ajuda a reconstruir o tecido danificado. O problema é que esses socorristas dependem de uma proteína chamada actina para funcionarem e o que determina os níveis de actina é justamente o tempo circadiano --essas células da pele funcionam com base no ciclo dia e noite.

Os pesquisadores então examinaram culturas de fibroblastos cultivadas em placas de petri. Quando elas foram arranhadas em momentos diferentes, as feridas nas condições simuladas de noite curaram mais lentamente do que aquelas durante o dia, devido às diferentes velocidades de resposta das células da pele.

Experimentos com camundongos vivos mostraram o mesmo fenômeno, com os animais curando mais rápido se um corte fosse feito no horário em que eles normalmente estariam caminhando do que quando provavelmente estariam dormindo.

De acordo com o autor sênior e biólogo molecular John O'Neill, tanto na cultura quanto nos camundongos, os cientistas puderam redefinir a resposta de cura do tecido ao enganar as células e fazer elas pensarem que era um horário diferente do dia (como acender as luzes à noite).

Humanos podem reagir na mesma forma

Quando a equipe analisou dados clínicos de pacientes que sofreram queimaduras, ela descobriu que os machucados sofridos durante a noite demoraram em média cerca de 60% mais tempo para se curarem eficazmente do que os mesmos tipos de ferimentos sofridos durante o dia. Ao todo, a cicatrização demorou 28 dias para queimaduras feitas à noite e apenas 17 dias para queimaduras diurnas.

Segundo os cientistas, esses resultados poderiam potencialmente levar a novos tipos de tratamentos médicos em torno da ciência dos ritmos circadianos, possibilitando aos cirurgiões adaptar as operações aos momentos em que os pacientes possam reagir melhor.

"Não só novos alvos de drogas podem ser identificados, mas também a eficácia de terapias estabelecidas pode ser aumentada com a mudança da hora do dia em que são dadas", disse um dos pesquisadores, o médico John Blaikley, da Universidade de Manchester.

A explicação para a cura ter um horário, ninguém pode dizer com certeza, embora os pesquisadores especulem que pode ser uma adaptação evolutiva. "Essa é apenas a mais recente evidência de quão influente o ritmo circadiano é em nossa saúde em geral, afetando não apenas os nossos padrões de sono, mas também o nosso apetite, estado de espírito, e comportamento", diz ele.

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