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Pacientes idosos que parecem mais novos vivem mais, diz estudo

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Imagem: filipefrazao/Istock

RFI

14/11/2018 09h04

Estudo inédito de médica francesa propõe que aparência seja usada pelos clínicos gerais para avaliar saúde e expectativa de vida de adultos de mais de 65 anos

A pesquisa, realizada entre 2009 e 2014, reuniu clínicos-gerais de toda a França. Durante três anos, eles escolheram e acompanharam um grupo de 3.334 pacientes, respondendo a um questionário amplo que incluía a seguinte pergunta: “ele parece mais jovem ou mais velho?”

O objetivo, explica a pesquisadora Sophie Bucher, foi avaliar se esse fator tinha uma incidência direta na saúde dos pacientes, e, no caso dos mais idosos, poderia servir até mesmo como uma predição do risco de morte nos três anos seguintes. O próximo passo agora é saber se a aparência poderá se transformar em uma mais ferramenta para determinar a condição física do paciente, diz a médica.

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Na análise dos dados, os pesquisadores do Inserm (Instituto de Pesquisas Médicas da França) descobriram que os problemas cardíacos, a depressão, a obesidade e a perda de autonomia nas tarefas diárias estavam associadas a pacientes que pareciam mais velhos.

Já aqueles com um maior nível de estudo, sem problemas vasculares ou hipertensão, e usando poucos medicamentos, pareciam bem mais jovens. “Que eu saiba, esta é a primeira vez que os médicos se interessam em uma matéria subjetiva de avaliar a saúde de seus pacientes”, disse Sophie Bucher à RFI.

“Inicialmente, era uma questão quase inocente. Sabíamos que era importante observar como os médicos enxergavam seus pacientes mais velhos, mas nunca tínhamos pensado em fazer um estudo sobre isso”, explica.

“Por outro lado, analisando os estudos, e observando o que acontecia com os pacientes, percebemos que essa variável, chamada de idade aparente, estava muito ligada à saúde dos pacientes. Foi isso que nos levou a investigar essa variável mais de perto e verificar se ela estava ligada à mortalidade”, descreve.

A médica francesa explica que a idade aparente é uma variável que já existia na avaliação de um paciente, mas não era levada em conta. “No caso do diabetes, por exemplo, temos recomendações que aplicamos em função dos resultados dos exames, mas não temos uma maneira padronizada de avaliar o estado de saúde. Fica a critério do médico”, diz.

As aparências enganam…

A médica lembra que, às vezes, essa variável pode ser enganosa. No estudo, explica, quanto mais idosos eram os pacientes, mais difícil era dizer qual idade eles tinham. Por outro lado, ressalta, os pacientes mais jovens, ou na meia-idade, têm mais chances de parecerem mais velhos. “Podemos ter um paciente jovem, cronologicamente, mas que por conta de suas patologias, sua perda de autonomia e de sua historia de vida, vai parecer mais velho. E pode também ter uma saúde mais frágil do que alguém mais velho, cronologicamente”, afirma.

Um paciente com boa aparência também pode ter uma saúde frágil, salienta a médica. Este tipo de caso, entretanto, é mais raro. Diante de todas essas possibilidades, Sophie Bucher lembra a importância de propor a aparência como uma ferramenta de avaliação para os clínicos-gerais.

Para isso, são necessários novos estudos para generalizar a proposta. Ela lembra que apenas médicos experientes participaram de sua pesquisa, e que jovens profissionais talvez não tivessem a mesma percepção. A aparência para avaliar a saúde “abre uma nova perspectiva de pesquisa” que pode, no futuro, gerar uma ferramenta de despistagem ou pelo menos sensibilizar os médicos sobre a questão. Sophie Bucher sugere que a questão sobre a idade seja incluída em outros estudos.

Depressão envelhece

Em seu estudo, a médica francesa, que integra a equipe “Gênero, Saúde e Sexualidade” do Centro de Pesquisas em Epidemiologia e Saúde da População, constatou que pacientes com depressão e problemas cardiovasculares em geral pareciam mais velhos em relação a outros com patologias crônicas diferentes.

“São doenças que geram perda de autonomia. Pacientes com problemas cardíacos são mais limitados em seus movimentos, têm a respiração curta. Isso gera uma imagem de uma pessoa bem doente, na verdade. Uma pessoa com diabetes que vai bem, na verdade, podemos olhar para ela e não perceber que é diabética”, exemplifica.

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