Paulo e a mulher tiveram câncer de mama: "Foi um choque em dose dupla"
Em menos de dois anos, Paulo e Elizabeth Parente foram diagnosticados com tumor. A seguir, ele conta como enfrenta a doença e a importância de estar lado a lado com a esposa nessa luta:
"Em 2016, minha mulher foi diagnosticada com câncer de mama em estágio inicial. Ela precisou fazer uma cirurgia de quadrante para retirar parte do tecido mamário do lado esquerdo. A Elizabeth sempre foi muito dedicada à família e trabalhou em casa. A doença foi um grande baque para ela, tanto que nem gosta de falar sobre o tema.
Eu e nossos três filhos buscamos dar todo o suporte possível para ela nos últimos anos, pois sabíamos da dificuldade que é enfrentar o problema. Nunca passou pela minha cabeça que o tumor na mama pode ocorrer em homens. Por isso, nem desconfiei que tinha a mesma doença da minha mulher.
Em janeiro de 2018, durante um banho, encontrei uma íngua na axila esquerda. Eu havia feito uma cirurgia algumas semanas antes para corrigir um problema na próstata, pois minha bexiga já não esvaziava completamente. Pensei: 'Deve ser algum reflexo do procedimento'.
Passei pelo urologista e nada. Fui ao cardiologista com medo de ser algo relacionado ao coração. Nada também. Até que um dia notei que o bico do mamilo esquerdo estava retraído e minha esposa sugeriu que me consultasse com Marcelo Lelis, mastologista do Hospital Fundação do Câncer, que cuida dela.
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Após uma biópsia, recebi com surpresa a notícia que tinha dois nódulos malignos (mama e axila), e que precisaria fazer uma mastectomia urgente para retirá-los. Nunca esperei contrair uma doença tão grave, já que sempre cuidei muito da saúde: faço check-up médico anual, controlo o peso e sempre joguei futebol no final de semana com os amigos.
Força para vencer
Apesar do grande choque, reagi bem à notícia. Desde que comecei o tratamento contra o câncer de mama, nunca tive medo e coloquei na cabeça que ele não me mataria. Sabia que precisava me manter forte, pois meu diagnóstico afetou a Elizabeth, especialmente por ser o mesmo tipo de doença que ela enfrenta.
Li bastante sobre o assunto para poder falar com mais conhecimento sobre algo que atinge 60 mil pessoas por ano no Brasil, ocorrendo apenas em 1% da população masculina, já que os amigos começaram a perguntar porque eu sumi e estava careca.
As fases do meu tratamento
Assim que retiraram os nódulos malignos, iniciei a "quimio branca", etapa menos agressiva do tratamento e que dura 12 sessões --uma por semana. No momento, estou na fase da "quimio vermelha", também com 12 semanas de duração, mas dividida em quatro aplicações, a cada 21 dias. É uma etapa mais agressiva, que fez meu cabelo e sentir alguns enjoos.
Ainda vou passar pela radioterapia, que dura por volta de seis semanas, com 25 a 30 sessões. Por fim, vem a hormonoterapia, que dura de cinco a dez anos, dependendo de cada caso. Ela vai ajudar na reposição de hormônios perdidos pela ação destrutiva do tumor ou tumores nas glândulas mamárias.
Estou preparado para enfrentar tudo isso e não vou me abater. Apesar de ter descoberto meu câncer em 2018, já luto contra doença há dois anos, ao lado de minha mulher, e juntos somos mais fortes"
Câncer de mama é mais agressivo em homens
Segundo Lelis, esse tipo de tumor tende a ser mais agressivo em homens do que em mulheres. Isso ocorre porque pessoas do sexo masculino possuem bem menos tecidos nas regiões mamárias, o que dificulta o diagnóstico precoce e, no caso de uma cirurgia de remoção da aréola e da papila, o risco de complicações é maior.
"A retirada de toda essa região usamos como último recurso para os homens. Costumamos fazer a mastectomia, que é a remoção de parte do tecido doente e, em casos em estágio inicial, indicamos o tratamento com quimio, radioterapia e, por fim, hormonoterapia, que pode durar de cinco a dez anos", observa.
O câncer de mama em homens costuma aparecer a partir dos 50 anos. Entre os principais fatores para seu desenvolvimento estão questões genéticas, sobrepeso, sedentarismo e uso de anabolizantes. É importante ficar atento a alguns sintomas, como modulações na aréola da papila, a retração dessa área e também ao surgimento de caroços ou ínguas pelo corpo. Ao identificar qualquer desses sinais, recomenda-se procurar um médico.
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