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Artrite reumatoide atrapalha a tenista Caroline Wozniacki; entenda a doença

Caroline Wozniacki contou que tem artrite reumatoide após perder no WTA Finals - Dita Alangkara/AP
Caroline Wozniacki contou que tem artrite reumatoide após perder no WTA Finals Imagem: Dita Alangkara/AP

Do UOL VivaBem, em São Paulo

26/10/2018 16h37

A tenista Caroline Wozniacki anunciou nesta quinta-feira (25) que foi diagnosticada com artrite reumatoide. A dinamarquesa já liderou o ranking de melhor tenista do mundo e atualmente ocupa o terceiro lugar. Ela contou sobre a doença ao ser eliminada do WTA  Finals.

"No começo, foi um choque. Você se sente a atleta mais apta por aí, ao menos era isso que estava na minha cabeça, é por isso que sou conhecida, e de repente tem que lidar com uma doença", comentou em entrevista. "Obviamente não é ideal para ninguém, para um atleta profissional também não. Mas, felizmente, há grandes coisas que posso fazer, criar planos para descobrir como lidar e viver com isso", completou.

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Wozniacki está tomando remédios e fazendo tratamento desde que recebeu o diagnóstico, em agosto. Ela contou que começou a notar os sintomas depois de Wimbledon, quando no dia seguinte de sua derrota não conseguia levantar os braços. "Alguns dias você acorda e não pode sair da cama, e é preciso assumir que é isso aí, em outros dias você estará bem, nem sentirá que tem algo", disse a atleta sobre o que sente com a doença.

Mas o que é artrite reumatoide?

É uma doença crônica e inflamatória que não tem cura e se manifesta por dor e inchaço de várias articulações ao mesmo tempo. Com o passar do tempo, novas articulações podem ser acometidas.

Entre os principais sintomas ainda estão o rubor nos punhos e nas mãos --e também em outras juntas, como cotovelos, joelhos e tornozelos -- e a rigidez matinal, que dificulta a movimentação da região afetada na parte da manhã.

A artrite reumatoide é considerada uma doença autoimune, condição em que o sistema imunológico, responsável por defender o corpo de vírus e bactérias, passa a atacar o próprio organismo, de acordo com George Basile Christopoulos*, presidente da SBR (Sociedade Brasileira de Reumatologia).

O problema afeta de 1% a 2% da população e é prevalente em mulheres. A doença tende a aparecer entre os 30 e 60 anos, e sua incidência aumenta com a idade. E só para sanar a curiosidade, Wozniacki tem 28 anos.

Segundo Paola Machado, colunista do VivaBem, a artrite reumatoide é dividida em quatro classes, conforme a funcionalidade do paciente:

  • Classe I: A pessoa pode realizar perfeitamente todas atividades diárias de autoassistência (se alimentar, tomar banho, se vestir, fazer suas necessidades), além das atividades recreativas (andar de bicicleta, nada, malhar etc.) e de trabalho.
  • Classe II: O paciente consegue realizar todas as atividades de autoassistência e trabalho, mas sente limitação para as recreativas.
  • Classe III: É possível executar todas as atividades de autoassistência, mas há limitação nas de trabalho e lazer.
  • Classe IV: Tem limitação para realizar os três tipos de atividade.

E por que isso acontece?

Ainda não se sabe ao certo o que causa a artrite reumatoide e faz o próprio corpo passar a se atacar. "No entanto, existem alguns fatores desencadeantes que podem precipitar a doença, como o estresse físico e emocional e até o consumo de alguns medicamentos. A pessoa pode estar predisposta a ter a artrite e uma tensão forte pode desencadear a doença", diz Christopoulos.

O fator genético não é predominante, mas se você tem parentes com o problema, a tendência de desenvolvê-lo aumenta.

Quais os sintomas?

A doença costuma afetar as articulações das mãos, punhos, cotovelos, ombros, coluna cervical, quadris, joelhos, tornozelos e pés. Em adultos, o problema é simétrico --atinge os dois punhos, ou os dois joelhos, por exemplo. Já em crianças pode aparecer apenas em uma articulação. Entre os principais sintomas estão:

  • Rigidez matinal nas articulações, que melhora cerca de 30 minutos após acordar;
  • Dor e inchaço articular;
  • Dano articular e estrutural;
  • Atrofia muscular por desuso.

Muitos estudos mostraram que pessoas com artrite reumatoide têm função neuromuscular e cardiorrespiratória mais baixas --e, consequentemente pior condicionamento físico em relação a indivíduos saudáveis, de acordo com Machado. Essas disfunções geralmente ocorrem porque a dor limita os pacientes a se exercitarem e realizarem suas atividades diárias.

Como é o tratamento?

O diagnóstico é realizado por meio do histórico da pessoa e exame físico, que visa identificar dor ao se movimentar, redução na amplitude de movimento articular, contraturas, crepitação, sinais locais de inflamação, calor, tumefação.

O tratamento farmacológico é realizado principalmente com drogas antirreumáticas e remédios biológicos, além de analgésicos, anti-inflamatórios e injeções de corticosteroides. Já o tratamento fisioterapêutico pode ser feito com terapias de calor e frio, proteção patelar, exercícios, massagens e imobilização de articulações. A cirurgia é indicada apenas em casos muito graves, com a finalidade de reduzir a dor e aumentar a estabilidade e o alinhamento articular.

Quem tem artrite reumatoide pode treinar?

Tanto o tipo quanto a programação de exercícios devem ser recomendados por um profissional especializado, que vai levar em consideração o tipo de artrite, os sintomas e todas as suas limitações e prognósticos da doença. Segundo Machado, o treinamento tem como objetivo inicial aumentar a capacidade funcional do paciente e, em seguida, elevar seu condicionamento físico, otimizando a atividade sem fadiga ou dor excessiva.

Pesquisas do American College os Sports Medicine mostraram que pessoas com artrite reumatoide podem ser beneficiados pelos exercícios aeróbicos como caminhada, bicicleta ergométrica e hidroterapia. Além da função física global, exercícios em água quente melhoram a flexibilidade articular e aliviam a dor.

*Fonte entrevistada para reportagem do 09/01/2018.