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Intestino pode funcionar como sexto sentido, diz pesquisa

IStock
Imagem: IStock

Do UOL VivaBem, em São Paulo

24/09/2018 12h57

Em inglês, a expressão “gut feeling” é usada para indicar intuição. Sua tradução literal significa “sentimento do intestino”. De fato, nas últimas duas décadas, o órgão foi considerado por muitos pesquisadores como um segundo cérebro.

Pesquisas anteriores já revelaram que as bactérias em nosso intestino causam alterações no humor e nas emoções além de influenciar na ansiedade e a depressão, destacando sua conexão com uma série de transtornos psiquiátricos.

Cientistas estão, pouco a pouco, desvendando a influência do intestino no cérebro; mas o processo exato pelo qual esse órgão influencia nossos estados mentais e comportamento permanece incerto.

Alguns especialistas acreditam que a principal forma de comunicação do intestino com o cérebro é por meio de hormônios que são liberados na corrente sanguínea. No entanto, um novo artigo publicado no periódico Science desafia essa afirmação.

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A base biológica de um sexto sentido

Para a análise, os estudiosos examinaram o processo pelo qual o intestino informa o cérebro que está cheio, limitando o apetite.

Os cientistas basearam-se em suas pesquisas anteriores, nas quais mostraram que as células sensoriais no revestimento intestinal têm terminações nervosas que se assemelham a sinapses. Na época, os resultados sugeriram que essas células poderiam fazer parte de uma rede neural maior.

O novo objetivo era mapear esse circuito neural. Para isso, eles modificaram um vírus da raiva para que ele se tornasse fluorescente e fosse facilmente detectável, e depois, adicionaram-no a ratos.

A equipe foi capaz de rastrear e observar o vírus atravessar o nervo vago para alcançar o tronco cerebral. Então, os pesquisadores desenvolveram culturas de laboratório de células intestinais sensoriais junto com neurônios vagais.

Seu experimento revelou que os neurônios se movem em direção às células do intestino em uma tentativa de conectar e disparar sinais.

Finalmente, a equipe adicionou açúcar na placa de Petri (material de vidro usado por cientistas para a cultura de microorganismos), junto as células intestinais. A substância acelerou a taxa de disparo neuronal para milissegundos.

Os resultados sugeriram aos pesquisadores que o glutamato (derivado do açúcar) poderia servir como um mensageiro que transmite as informações do intestino para o cérebro.

Dada a rapidez com que a informação é enviada do intestino para o cérebro, explicam os autores, podemos falar de um "sentido instintivo" da mesma forma que falamos sobre o sentido do tato ou do olfato.

"Achamos que essas descobertas serão a base biológica de um novo sentido que serve como ponto de entrada para como o cérebro sabe quando o estômago está cheio de comida e calorias. Isso traz legitimidade à ideia do 'sentimento do intestino' como um sexto sentido”, afirma a equipe.

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