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Inspiração pra fazer da atividade física um hábito


"Perdi 50 kg e assumi a barriga flácida: são memórias de tudo que passei"

Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal

Bárbara Therrie

Colaboração para o UOL VivaBem

16/09/2018 04h00

Miriellen Andrade, 24, chegou a pesar 108 kg. Ela teve depressão e usou drogas para "fugir" dos problemas trazidos pela obesidade. Após superar as dificuldades e emagrecer, a modelo ficou com os seios e a barriga flácida, mas não quer fazer cirurgia e decidiu preservar as marcas de sua vitória. A seguir, ela conta sua história:

"Desde criança fui gordinha e sofria bullying na escola por isso. Meus colegas me excluíam e me chamavam de baleia e de saco de areia. Não revidava e voltava para casa chorando. Na adolescência, os meninos tinham preconceito de namorar comigo. Uma vez, uma amiga falou para um garoto que eu gostava dele, mas ele disse que não ficaria comigo pois eu era gorda. 

Aos 15 anos, já estava próximo dos 100 kg. Era uma dificuldade achar algo que coubesse em mim. Comprava roupas em loja plus size ou masculinas, por causa da numeração maior. Usava calça jeans, bermuda, camisa e moletom de homem

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Miriellen antes e depois - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal
Só comia besteira: esfiha, lanches, pizzas. Tentei fazer várias 'dietas milagrosas'. A pior delas foi uma que só podia me alimentar uma vez ao dia. Comia ovo e salada na hora do almoço e mais nada. Fiz por uns quatros dias, mas senti dor de estômago, fraqueza e desisti.

A obesidade trouxe vários prejuízos à minha saúde. Vivia com sono, era preguiçosa e não tinha disposição. Eu era pré-diabética e meus níveis de colesterol e triglicérides eram altíssimos. 

Bebi e usei drogas para fugir dos problemas

Miriellen antes  - Arquivo pessoal  - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal
Aos 16 anos, me afundei por causa da depressão e da obesidade. Primeiro veio a bebida. Nas festas de fim de semana com os meus 'amigos', todos bebiam, eu ia no embalo e bebia também. Depois, vieram as drogas. Uma vez um colega me ofereceu cocaína, falou que era 'da hora', que me me deixaria acelerada. Aceitei e logo estava usando cocaína, maconha, lança perfume, ecstasy.

As drogas traziam um momento de falsa alegria, eu saía da minha realidade, não pensava nos meus problemas, no meu peso, na minha depressão. Ninguém me julgava naquele mundo, todos estavam no mesmo barco de autodestruição. 

Parei de estudar e não achava trabalho. Fiquei nessa vida até os 22 anos, quando fiz um curso de programação neurolinguística (PNL) por indicação do meu pai. Eu não tinha foco, nem objetivo. Fiz um treinamento no fim de semana e mudei a minha forma de pensar, de agir e de me enxergar. Eu me redescobri e conheci um mundo novo. Decidi mudar tudo o que estava errado.

Perdi 50 kg com treino e dieta

Miriellen sentada - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal
Minha primeira mudança foi melhorar minha saúde. Estava com 108 kg. Fiz matrícula na academia em maio de 2017, já tinha tentado outras vezes, mas dessa vez ia ser diferente. Estava determinada a passar por cima da preguiça, do sono, da vontade de comer.

Corria na esteira e fazia musculação. Malhava de segunda a sábado e meu corpo não aceitava tanto esforço por não estar acostumado. Mas eu ia à academia mesmo com dor e com bolha no pé de tanto correr.

Depois do treino, tomava banho e me encarava no espelho. Nos dias em que queria desistir, eu dizia para mim que era capaz. Renunciei a muitas coisas. Já estava tentando parar de beber e de me drogar. Quando peguei gosto pelo exercício físico, larguei os vícios de vez. O pessoal me chamava para sair, mas eu recusava. O meu organismo sentia falta, mas minha cabeça estava decidida a manter o foco na minha saúde.

Paralelamente a isso, mudei a minha alimentação. Cortei pão, farinha branca, açúcar, massas, refrigerante, suco. Aprendi a cozinhar e passei a comer de três em três horas. Adotei uma dieta rica em proteínas. Com esses novos hábitos, a balança foi dos 108 kg aos 58 kg em um ano. Hoje estou com 60 kg, ganhei dois quilos de massa muscular. 

Eu me acho bonita com a barriga flácida 

Miriellen barriga - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal
Quando comecei a emagrecer, pensava que era só perder peso para minha barriga ficar reta como a das mulheres magras.

No início fiquei frustrada e incomodada porque meus seios e minha barriga ficaram flácidos por causa do excesso de pele.

Já me falaram que estou horrível, cheia de pelancas, que era melhor ter continuado gorda 

Hoje, não tenho mais vergonha, me acho bonita e me aceito do jeito que sou. Assumo e sinto orgulho da minha barriga flácida. São as marcas da minha vitória, de tudo o que passei. Só faria a cirurgia para remover o excesso de pele se prejudicasse a minha saúde ou para alcançar meu sonho de me tornar uma fisiculturista."

O que causa a flacidez? Ela pode gerar problemas à saúde?

A flacidez é a falta de firmeza na pele, ocasionada pela redução de colágeno e elastina. Segundo a médica Daniela Aidar, dermatologista pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica, além do processo natural de envelhecimento, a flacidez pode ser acontecer após uma grande perda de peso, como foi o caso de Miriellen, e também por questões genéticas, emagrecimento rápido, efeito sanfona, sedentarismo, alterações hormonais, exposição excessiva ao sol, má alimentação, entre outros.

"A pessoa com excesso de peso tem um estiramento excessivo da pele. Ao emagrecer muito, ocorre a perda de sustentação das fibras elásticas, diminuindo sua capacidade de retração", explica Aidar. 

As sobras de pele não são só uma questão estética, também pode acarretar alguns problemas de saúde. O tecido flácido e com dobras é mais propenso a sofrer assaduras por atrito e ao acúmulo de suor, resíduos, fungos e bactérias, o que pode causar mau cheiro, candidíase e outras infecções. "Isso ocorre pois fica mais difícil manter a região seca e bem higienizada."

Segundo a dermatologista, em casos graves, é indicada a cirurgia plástica reparadora para prevenção dessas complicações, melhorando a parte funcional e estética.

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