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Trocar o dia pela noite pode desencadear problemas no intestino

Pesquisas anteriores ligaram o trabalho por turnos à obesidade, diabetes e outros distúrbios metabólicos  - iStock
Pesquisas anteriores ligaram o trabalho por turnos à obesidade, diabetes e outros distúrbios metabólicos Imagem: iStock

Do VivaBem, em São Paulo

10/07/2018 15h19

Trabalhar no período noturno pode prejudicar a sincronia entre o cérebro e o sistema digestivo, mostra uma pesquisa da Universidade do Estado de Washington, nos Estados Unidos.

O trabalho científico destaca que "trocar o dia pela noite" pode impactar de maneira diferente os diversos relógios que controlam o ritmo natural de órgãos e sistemas do organismo. Isso pode explicar, por exemplo, por que pessoas em turnos noturnos --e aquelas com jet lag -- tendem a sofrer dores de estômago e outros problemas intestinais, que desaparecem assim que o corpo tem um tempo para se ajustar. 

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"Um dos primeiros sintomas que as pessoas experimentam quando atravessam os fusos horários é o desconforto gastrointestinal. Isso ocorre porque você deixa as tripas fora de sincronia do relógio biológico central", disse Hans Van Dongen, diretor do Centro de Pesquisas de Sono e Performance da Universidade do Estado de Washington.

Para o estudo, os pesquisadores convidaram 14 voluntários saudáveis com idade entre 22 e 34 anos, que foram divididos em dois grupos. Durante três dias, uma turma dormiu das 22h às 6h, enquanto a outra entre 10h e 18h.

Nas 24 horas seguintes ao descanso, os cientistas pegaram o sangue dos voluntários a cada três horas e enviaram as amostras para a Universidade de Surrey (Inglaterra) para análise. Lá, os pesquisadores mediram os níveis dos hormônios melatonina e cortisol, que sobem e descem de acordo com o relógio principal do corpo, juntamente com as taxas de metabólitos ligados à digestão.

Os resultados mostraram que não dormir à noite moveu o relógio mestre do cérebro em cerca de duas horas em média. Já a alteração no relógio do sistema digestivo foi de 12 horas. Ou seja, o organismo "perdeu seu sincronismo". Segundo os pesquisadores, isso aconteceu pois nosso corpo tem um relógio central no cérebro que se baseia na mudança da luz ambiente. Mas muitos outros órgãos do corpo têm seus próprios relógios biológicos, incluindo o sistema digestivo. 

Pesquisas anteriores já ligaram o trabalho noturno à obesidade, ao diabetes e a outros distúrbios metabólicos que podem aumentar o risco de doenças cardíacas, derrame e câncer.

"Agora que sabemos disso, podemos começar a projetar estudos para ver se podemos minimizar o efeito prejudicial do sono e das refeições fora de horário em pessoas que trabalham à noite", disse Debora Skene, co-autora do experimento. 

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