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Qual a eficácia real da pílula, da camisinha e de outros anticoncepcionais?

Na vida real, a taxa de proteção da pílula é quase 8% menor do que no seu "uso perfeito" - iStock
Na vida real, a taxa de proteção da pílula é quase 8% menor do que no seu "uso perfeito" Imagem: iStock

Priscila Carvalho

Do VivaBem, em São Paulo

15/06/2018 04h00

“Engravidei mesmo tomando pílula”. Você deve conhecer um casal que teve filho mesmo usando anticoncepcionais, não é mesmo? Na teoria, métodos como a camisinha, o DIU e a pílula garantem de 95% a 99,9% de proteção contra uma gestação indesejada. Porém, esses números são indicados pelos fabricantes quando o uso do produto é perfeito. Na prática, eles mudam um pouco.

A seguir, mostramos a taxa de eficiência "na vida real" de alguns dos principais anticoncepcionais, conforme estudo publicado no periódico científico Contraception. Para determinar isso, os pesquisadores da Universidade Princeton (EUA) acompanharam 100 mulheres que usaram durante um ano cada método e verificaram quantas engravidaram.

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Implante subdérmico

Eficiência do uso na vida real: 99,9%

É um “chip” que a mulher implanta na nádega ou no braço e libera hormônio. Ele deve ser trocado a cada três anos. É considerado o método mais eficientes no mercado, tanto que a taxa de proteção na vida real e no uso perfeito foram mesma --e nenhuma mulher engravidou durante o estudo. 

"O implante realmente é muito seguro, mas pode provocar efeitos adversos nos seis primeiros meses, provocando uma oscilação da menstruação”, diz Luiz Fernando Guimarães Santos Filho, ginecologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Para inserir o "chip", a mulher deve procurar um ginecologista. O custo equivale ao valor do uso da pílula no mesmo período.

DIU Mirena

Eficiência do uso na vida real: 99,8%

Segundo o estudo da Universidade de Princeton, o dispositivo garante praticamente a mesma proteção (99,8%) no uso perfeito e na vida real. O DIU Mirena libera um hormônio (parecido com a progesterona), que gera alterações no endométrio e nas trompas uterinas, impedindo a gravidez --que não houve no estudo.

O aumento da chance de falha na vida real é muito pequeno, pois depois de colocado o dispositivo não requer muitos cuidados. As mulheres devem fazer exames periódicos para saber se o DIU está no lugar certo e trocá-lo na data adequada --geralmente dura de três a seis anos. 

DIU de cobre

Eficiência do uso na vida real: 99,2% 

diu - iStock - iStock
Imagem: iStock

Este modelo de DIU libera cobre, provocando uma inflamação no útero e alterando a função do espermatozoide. Esses mecanismos desfavorecem a gravidez e prometem 99,4% de proteção no uso perfeito. Exige praticamente os mesmo cuidados do DIU Mirena e por isso a variação da eficácia é mínima. 

Injeção

Eficiência do uso na vida real: 94%

Injeção - iStock - iStock
Imagem: iStock
É aplicada no músculo do bumbum e vai liberando hormônio lentamente no organismo. Existem injeções mensais e trimestrais e a taxa de proteção delas no uso perfeito ultrapassa os 99%. Porém, seis das cem mulheres do estudo engravidaram

Geralmente, a falha acontece porque o momento correto de tomar a injeção não é respeitado. Na mensal, ainda é possível receber o medicamento três dias antes ou depois da "data oficial". Já na trimestral, o dia de aplicação deve sempre ser o exato. 

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Pílula

Eficiência do uso na vida real: 91% 

Pílula - iStock - iStock
Imagem: iStock
Já ouviu falar que a pílula anticoncepcional garante 99,7% de proteção? Em tese, sim. Mas nove das cem mulheres do estudo tiveram um bebê mesmo usando o medicamento.

Para ter praticamente risco zero de gestação, é preciso seguir exatamente todas instruções que estão na bula. Por exemplo, tomar o anticoncepcional todos os dias por volta do mesmo horário. “Se esquecer de fazer isso recorrentemente, a proteção fica comprometida e a chance de falha aumenta em cerca de 7%”, explica Alessandro Scapinelli, ginecologista do Hospital Israelita Albert Einstein e membro do Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. 

Outros fatores contribuem para elevar a ineficiência da pílula. Por ser uma droga via oral, se a paciente sofrer diarreia, por exemplo, a absorção do medicamento ficará comprometida. Antibióticos e remédios para epilepsia também podem diminuir sua eficácia.

Anel vaginal

Eficiência do uso na vida real: 91%

Anel vaginal - Nuvaring Divulgação - Nuvaring Divulgação
Imagem: Nuvaring Divulgação

Ele promete 99,7% de proteção no uso perfeito, ou seja, se for colocado corretamente e trocado no momento indicado. No estudo americano, nove das cem mulheres acompanhadas engravidaram usando o método. 

Durante três semanas, o anel libera hormônios que são absorvidos pela vagina. Após esse período, a mulher deve retirar o contraceptivo e aguardar sete dias para colocar um novo. No intervalo, recomenda-se usar preservativo nas relações sexuais, pois pode haver ovulação.

Adesivo

Eficiência no do na vida real: 91%

Adesivo anticoncepcional  - Nuvaring Divulgação - Nuvaring Divulgação
Imagem: Nuvaring Divulgação
Ele libera o estradiol (hormônio feminino) e deve ser trocado semanalmente. Se a mulher esquecer de fazer isso ou não substituí-lo corretamente, o método pode falhar. Sua taxa de proteção no uso perfeito é de 99,97%. No estudo (vida real), nove das cem mulheres engravidaram.

Quem pesa mais de 90 kg deve evitar o contraceptivo. Isso porque a gordura pode “sequestrar” o hormônio e sua eficácia ser prejudicada. Um alerta é para quem tem risco de trombose. De todos os métodos, o adesivo é o que mais tem hormônio em sua composição. Por isso, a chance de sofrer o problema aumenta.

Camisinha

Eficiência do uso na vida real: 82%

camisinha - iStock - iStock
Imagem: iStock
O preservativo é o método anticoncepcional que apresenta maior variação entre a taxa de proteção no uso perfeito (98%) e na vida real (82%). Isso é um indício de que boa parte das pessoas não utiliza a camisinha de maneira certa --incluindo aí os 18 casais dos 100 acompanhados no estudo que tiveram um filho.   

Um dos erros mais cometidos é usar o preservativo somente no fim da transa, quando o homem vai ejacular. Segundo especialistas, isso é arriscado, pois mesmo antes do orgasmo o pênis libera secreção que pode conter esperma. Outras falhas comuns, que aumentam o risco de estouro (e de gravidez), são não saber colocar o preservativo e armazená-lo de forma inapropriada --deixar muito tempo na carteira, no porta-luvas do carro (exposto ao calor) ou na bolsa, perto de objetos pontiagudo (pentes, chaves, grampos de cabelo etc.).

Vale lembrar que a camisinha é o único e mais seguro método para evitar Infeções Sexualmente Transmissíveis (IST). 

"Tabelinha"

Eficiência do uso na vida real: 76%

Calendário - istock - istock
Imagem: istock
Basear no ciclo menstrual da mulher é um método bem arriscado para evitar a gravidez. Ele sequer tem uma taxa no uso perfeito, já que isso é algo complicado de estabelecer. No estudo, 24 dos cem casais que usaram a tática --e deixaram de transar ou usaram camisinha para ter relações nos dias férteis -- tiveram um bebê no período de um ano. 

Pílula do dia seguinte não é método contraceptivo. Cuidado!

Pílula do dia seguinte - iStock - iStock
Imagem: iStock

Ela consegue evitar uma gravidez indesejada, porém, não dever ser utilizada de forma indiscriminada. O uso excessivo pode aumentar o ciclo menstrual e perder a eficácia em longo prazo.

“O recomendado é investir no método somente de duas a três vezes por ano, sempre em emergências”, afirma Luiz Fernando Guimarães Santos Filho. De acordo com o especialista, 5% a 8% das mulheres usam a pílula do dia seguinte --número considerado alto, já que ela deveria ser usada somente em casos emergenciais.

Após ter relação sexual sem método contraceptivo, a mulher tem até três dias (72 horas) para tomar a pílula. Nas primeiras 24 horas, por exemplo, sua eficácia é de 88%.

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