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Cientistas criam 'cirurgia em pílula' para tratar diabetes e obesidade

Intuito é facilitar a adesão ao tratamento. - iStock
Intuito é facilitar a adesão ao tratamento. Imagem: iStock

Do VivaBem, em São Paulo

13/06/2018 18h28

Pesquisadores criaram um tratamento menos invasivo que o bypass gástrico (tipo de bariátrica), mas igualmente eficaz, para combater a obesidade e também o diabetes tipo 2. Trata-se de uma pílula especial, com uma substância que reveste temporariamente o intestino e inibe a absorção de nutrientes, evitando picos de açúcar no sangue após a refeição. 

Os cientistas relataram na Nature Materials os resultados de um estudo pré-clínico, em que aspectos de segurança são avaliados em animais de experimentação antes da aplicação dessa droga em seres humanos.

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A ideia é que o paciente final tome a pílula antes de comer para, de forma transitória, revestir o intestino e replicar os efeitos da cirurgia. Os membros da equipe contam ter procurado um material inicial que tivesse as propriedades certas para aderir ao intestino delgado e depois se dissolver em questão de horas.

Para isso, foi selecionada uma substância conhecida como sucralfato, medicamento aprovado pela FDA (Food and Drug Administration) que é usada no tratamento de úlceras gastrointestinais. A equipe também projetou a substância em um novo material que pode revestir a parede do intestino sem exigir a ativação pelo ácido gástrico.

O composto de engenharia, que ganhou o nome de LuCI (Revestimento Luminal do Intestino), pode ser feito em uma forma de pó seco justamente para ser encapsulado como uma pílula. "O que desenvolvemos aqui é essencialmente 'cirurgia em uma pílula'", disse o autor do estudo Yuhan  Lee, PhD, um cientista da Divisão de Engenharia de Medicina do Brigham and Women's Hospital em Boston (EUA).

"Usamos uma abordagem de bioengenharia para formular uma pílula que tenha boas propriedades de adesão e possa unir bem ao intestino em um modelo pré-clínico."

A equipe descobriu que, uma vez no intestino de ratos, o LuCI pode cobrir as paredes, formando uma fina barreira que altera o contato com os nutrientes e diminui a resposta da glicose no sangue após a refeição.

Uma hora após a administração de LuCI aos ratos, a resposta à glicose foi reduzida em 47%. A equipe descobriu que esse retorno foi temporário e, depois de três horas, o efeito desapareceu.

E agora?

Os pesquisadores estão testando o efeito do uso de LuCI em curto e longo prazo em modelos de roedores diabéticos e obesos. Eles também planejam avançar alguns de seus estudos piloto mostrando que o LuCI pode ser usado para distribuir drogas diretamente no trato gastrointestinal.

"O bypass gástrico é uma das cirurgias mais estudadas no mundo, e sabemos que pode levar a muitos benefícios, incluindo efeitos positivos para a pressão arterial, apneia do sono e certas formas de câncer, além de uma melhora notavelmente rápida e independente do peso no diabetes", disse Ali Tavakkoli, co-autor sênior do estudo. "Ter um revestimento temporário que possui os efeitos da cirurgia seria um enorme trunfo para os pacientes."

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