Taxas de suicídio são o dobro das de homicídio nos EUA, diz estudo
Em meio a notícias de duas celebridades que se mataram na mesma semana, o CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças), nos Estados Unidos, informou em uma nova análise que as taxas de suicídios aumentaram 25% de 1999 a 2016. Segundo o estudo, em 2016, houve duas vezes mais suicídios do que homicídios no país.
Os números foram divulgados na quinta-feira (7), dois dias após o suicídio de Kate Spade e um dia antes da morte de Anthony Bourdain. No caso da estilista, seu marido, Andrew Spade, contou em um comunicado que ela lutou contra a depressão e a ansiedade por anos. "Ela estava procurando ativamente ajuda e trabalhando em estreita colaboração com seus médicos para tratar sua doença", escreveu ele.
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A nova análise constatou que cerca de 45.000 americanos com 10 anos ou mais se mataram em 2016. Isolamento social, falta de tratamento de saúde mental, abuso de drogas e álcool e posse de armas estão entre os fatores que contribuem para o suicídio.
De acordo com Anne Schuchat, vice-diretora do CDC, o suicídio é a décima principal causa de morte nos Estados Unidos e um dos três que mais está aumentando. Os outros dois são a doença de Alzheimer e a overdose de drogas. Segundo ela, as armas de fogo foram, de longe, o principal método, responsável por cerca de metade dos suicídios.
Sem diagnóstico
A análise constatou que pouco mais da metade das pessoas que cometeram suicídio não tinham nenhuma condição mental conhecida e, sim, outros problemas, como a perda de um relacionamento, contratempos financeiros, abuso de substâncias e despejos.
Outros estudos descobriram taxas muito mais altas de transtornos mentais entre pessoas com alto risco de suicídio, observaram especialistas. "A razão pela qual a maioria dos suicidas não tem um distúrbio mental conhecido é que eles nunca foram diagnosticados, e não que eles não tiveram um", disse David Brent, professor de psiquiatria da Universidade de Pittsburgh, em uma entrevista ao jornal The New York Times.
O acesso a armas pode tornar mais provável que uma pessoa impulsiva ou intoxicada tente o suicídio, mesmo que ela não tenha um claro problema de saúde mental, acrescentou Brent. "Nós trabalhamos muito duro para explicar ao público que o suicídio não é simplesmente uma questão de muito estresse, mas que envolve a identificação e tratamento de transtornos mentais como um componente importante", disse ele.
Prevenção
O estudo ainda concluiu que linhas diretas de crise podem salvar vidas, assim como o tratamento psiquiátrico. Mas o suicídio é um ato tão imprevisível e muitas vezes impulsivo que nenhuma intervenção isolada se mostrou suficiente.
"Um grande problema que ainda não foi abordado na prática é que continuamos confiando quase inteiramente nas próprias pessoas para nos dizer de forma proativa se elas são suicidas", diz Matthew Nock, professor de psicologia da Universidade de Harvard. No entanto, a pesquisa mostrou que quase 80% das pessoas que morrem por suicídio negam explicitamente pensamentos ou intenções suicidas em suas últimas comunicações.
Segundo especialistas, se houver qualquer suspeita de que essa pessoa pensa ou planeja o suicídio, é obrigatório levá-la de modo urgente a um especialista. Mesmo que, para isso, seja necessário chamar um serviço de emergência ou a força policial. Apesar de parecer exagerado, nestes casos é melhor pecar pelo excesso.
Já se a situação não for tão extrema, estar disposto a ouvir, sem criticar ou fazer grandes sugestões, é um passo inicial importante para estabelecer um canal mínimo de comunicação, deixando a sua ajuda disponível. Talvez essa pessoa não queira naquele momento, mas dar opções para ela pode ser um bom começo.
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