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Práticas e atitudes para uma vida longa e saudável


Quer viver bastante? Estudo mostra como ter uma vida longa e saudável

Um novo estudo mostra que a forma como as pessoas vivem suas vidas impacta diretamente na longevidade - Chiara Zarmati/The New York Times
Um novo estudo mostra que a forma como as pessoas vivem suas vidas impacta diretamente na longevidade Imagem: Chiara Zarmati/The New York Times

Jane E. Brody

Do New York Times

06/06/2018 10h42

Qual é o melhor lugar nos Estados Unidos para morar se você pretende maximizar as chances de ter uma vida longa?

Baseado em um novo e abalizado estudo estado por estado sobre o peso da doença, deficiência e morte prematura no país e em como isso mudou entre 1990 e 2016, talvez você queira se mudar para o Havaí, onde os moradores têm a maior expectativa de vida: 81,3 anos.

Contudo, se a meta for ter vida longa e permanecer saudável o máximo possível, chame Minnesota de lar, que supera todos os estados e o Distrito Federal na média de duração de expectativa de vida saudável: 70,3 anos.

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Talvez eu devesse ter ficado em Minneapolis, cidade que adorava e ainda amo quase 53 anos depois de ter mudado para Nova York para trabalhar no "Times". Porém, eu não estaria escrevendo esta coluna semanal nos últimos 40 anos. Umas a gente ganha, outras, perde.

Os moradores de Minnesota brincam que os longos meses de temperaturas abaixo de zero os conservam, mas o dr. Christopher J. L. Murray, principal autor do novo estudo, me disse: "Viver no frio faz muito mal. Os moradores de Minnesota provavelmente seriam mais saudáveis se lá não fosse tão frio."

Sem dúvida, a biologia da população nativa muito provavelmente desempenha um papel na duração e no nível de saúde das pessoas que moram nas diversas partes do país. E as oportunidades que elas têm de boa educação, segurança financeira, qualidade do atendimento médico e segurança ambiental também são fatores importantes.

A grande questão, porém, como este estudo extraordinariamente abrangente demonstra com clareza, é como as pessoas vivem suas vidas: se fumam, o que e quanto comem e se abusam de álcool e drogas. Tais questões, em conjunto com níveis elevados de açúcar no sangue e da pressão sanguínea, ambos influenciados pela dieta, são os principais fatores que determinam uma saúde ruim.

"Aproximadamente 75 por cento da variação na expectativa de vida entre os municípios pode ser explicada por esses grandes fatores risco", afirma Murray, epidemiologista e economista da saúde da Universidade de Washington. "Muito mais é devido ao ambiente sociocultural, principalmente o que as pessoas comem, do que aos genes ou ao ambiente físico."

Infelizmente, o estudo não mediu a contribuição do exercício regular para a longevidade e a saúde duradoura. "Não existe muita pesquisa sobre os efeitos da atividade física como deveria haver", assegura Murray, acrescentando que o exercício muito provavelmente contribui para amenizar os grandes riscos que foram mensurados.

A política pública e o comportamento pessoal deveriam fomentar a capacidade de viver sem doenças crônicas e deficiências até uma idade avançada – trocando em miúdos, para maximizar as chances de acrescentar anos de vida e vida aos anos para o maior número possível de pessoas, explica o dr. Howard K. Koh, que escreveu um artigo com o dr. Anand K. Parekh sobre o estudo, publicado em abril em "JAMA".

As descobertas podem e deveriam servir de instruções para que todos – o público, a profissão médica e as agências públicas – atinjam esse objetivo vitalmente importante em termos de economizar dinheiro e prevenir doenças. Porém, é um objetivo que depende bastante da preservação de um componente crítico da lei de assistência médica a preço acessível (Obamacare): cobertura total, sem pagamento do segurado, por uma "série de intervenções de aconselhamento e exames relevantes ao uso de tabaco, dieta, hipertensão e exercício, medicação preventiva como estatina e aspirina, depressão e câncer (mama, pulmão, intestino, pele e colo do útero)", escreveram Koh e Parekh.

Será que as pessoas que precisam perder peso para manter a saúde sabem que, pelo Obamacare, têm direito a muitas sessões de orientação sobre emagrecimento? Ou que os programas de prevenção ao diabetes são apoiados em muitos lugares como a ACM pelos centros públicos de serviços de saúde?

"Todos precisam possuir seguro para ter acesso ao atendimento médico, essa é uma parte essencial da saúde", declarou Koh, professor de Saúde Pública da Faculdade T. H. Chan de Saúde Pública, da Universidade Harvard. "E os serviços de prevenção cobertos pelo Obamacare são necessários para dar a todos a oportunidade de conquistar o nível mais elevado possível de saúde", uma meta estabelecida pela Organização Mundial da Saúde.

"O estudo do dr. Murray mostra que muitas pessoas não estão tirando proveito da oportunidade. Deveria ser um chamado à ação para o país. Como médico que cuidou de pacientes por mais de 30 anos, vi muito sofrimento e mortes que poderiam ter sido prevenidos", disse Koh.

Por exemplo, ocorreu um progresso enorme no controle de uso do tabaco nos últimos 50 anos. "Contudo, ainda existem 35 milhões de fumantes adultos e mais de 500 mil mortes por doenças relacionadas ao tabaco por ano. O câncer de pulmão, prevenível em 85 por cento dos casos, permanece a principal causa de mortes por câncer. Por que toleramos isso?", disse Koh.

Murray destacou que nos 25 anos cobertos pelo estudo, o índice de tabagismo caiu 60,5 por cento na Califórnia, muito mais do que o declínio de 40,8 por cento no país como um todo, sem falar na magra redução de 11,2 por cento na Virgínia Ocidental. "Nada impede os outros estados de copiarem o que a Califórnia tem feito."

Também é necessário maior comprometimento da indústria alimentícia para fornecer alimentos e bebidas mais saudáveis que as pessoas consigam comprar, além de fácil acesso a esses produtos para pessoas de todos os cantos do país. Existem doces em excesso onde alimentos integrais como frutas e legumes frescos a preços acessíveis são difíceis de achar.

O estudo constatou que, em nove estados, as pessoas comiam menos frutas em 2016 do que em 1990 e praticamente nenhuma melhoria no consumo de frutas ocorreu em seis outros estados. "A dieta precisa muito da nossa atenção, talvez com impostos sobre alimentos insalubres e subsídios para os saudáveis. Não fizemos muita coisa pela dieta além de fornecer informações", argumenta Murray.

Ao destacar os riscos dietéticos que os indivíduos podem controlar, Murray diz que as pessoas deveriam comer mais grãos integrais, frutas e verduras, nozes e sementes, legumes, fibra e alimentos ricos em ácidos graxos ômega três e menos sal, gorduras trans e carnes processadas.

Além disso, Koh declarou: "Precisamos de uma sociedade na qual a escolha saudável seja a mais fácil. Nós temos que tornar a questão social da saúde uma grande preocupação da cultura".

Para Murray, a prática médica também precisa de ajustes sérios. "Os centros de atendimento primário estão focados demais em diagnosticar doenças e tratá-las. Eles precisam se concentrar em grandes fatores de risco, como pressão alta e colesterol elevado, que são fáceis de detectar e tratar. Os pacientes deveriam exigir isso e, caso o façam, os médicos darão o que querem."

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