Cientistas descobrem como bloquear efeitos negativos da solidão no cérebro
O isolamento social crônico tem efeitos debilitantes na saúde, como doença cardíaca, artrite, diabetes tipo 2, demência e depressão. Agora, uma equipe de pesquisadores descobriu que a solidão provoca o acúmulo de uma determinada substância química no cérebro e que o bloqueio dela elimina os efeitos negativos do isolamento na saúde mental.
O estudo, publicado na quinta-feira (17) no periódico Cell, mostrou que o isolamento social prolongado (no experimento, os animais ficaram duas semanas sozinhos) leva a uma ampla gama de mudanças comportamentais em camundongos, incluindo aumento da agressividade em relação a desconhecidos, medo persistente e hipersensibilidade a estímulos ameaçadores.
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Após os testes, os pesquisadores descobriram que o isolamento crônico leva a um aumento na expressão de um gene chamado Tac2 e na produção de um neuropeptídio chamado NkB em todo o cérebro. Ambos são produzidos por neurônios em regiões específicas do cérebro do camundongo, como a amígdala e o hipotálamo, que estão envolvidos no comportamento emocional e social.
No entanto, após administrarem um fármaco que bloqueia quimicamente os receptores específicos de NkB nos animais, os cientistas perceberam que os ratos estressados se comportaram normalmente, eliminando os efeitos negativos do isolamento social.
Os pesquisadores também inibiram a função do Tac2 e seus receptores em múltiplas regiões cerebrais específicas e descobriram que a supressão desse gene na amígdala eliminou o aumento dos comportamentos de medo, mas não a agressão, enquanto que, inversamente, a supressão do gene no hipotálamo eliminou o aumento da agressão, mas não o medo persistente. Os resultados implicam que Tac2 deve aumentar em diferentes regiões do cérebro para produzir os vários efeitos do isolamento social.
Embora o trabalho tenha sido feito em camundongos, ele tem implicações potenciais para entender como o estresse crônico afeta os seres humanos. "Os seres humanos têm um sistema de sinalização Tac2 análogo, o que implica possíveis traduções clínicas deste trabalho", diz Moriel Zelikowsky, principal autor do estudo.
De acordo com Zelikowsky, isso pode ajudar a criar medicamentos mais eficazes para a saúde mental no futuro: "Quando olhamos para o tratamento de transtornos mentais, tradicionalmente focamos nos neurotransmissores, como serotonina e dopamina, que circulam amplamente por todo o cérebro. Mas manipular amplamente esses sistemas pode levar a efeitos colaterais indesejados. Um neuropeptídio como o Tac2 é uma abordagem promissora para tratamentos de saúde mental."
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