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Equilíbrio

Cuidar da mente para uma vida mais harmônica


Por que sentimos vontade de morder e apertar aqueles que amamos?

Você já teve vontade de morder uma pessoa que adora? - iStock
Você já teve vontade de morder uma pessoa que adora? Imagem: iStock

Chloé Pinheiro

Colaboração para o VivaBem

11/05/2018 04h00

Quem nunca se sentiu um pouco Felícia, a personagem dos desenhos animados que apertava seus bichos a ponto de quase esmagá-los? Pois saiba que esse é um fenômeno conhecido pela ciência e que tem até uma utilidade para a nossa saúde emocional.

Um estudo da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, mostrou a 299 pessoas fotos de oito bebês, manipulados digitalmente para parecerem mais fofos -- com olhos e bochechas grandes, por exemplo. Depois, os pesquisadores avaliaram as reações dos participantes por meio de questionários.

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No final, eles observaram que quem sentia mais emoções positivas em relação ao bebê também tendia a apresentar mais ímpetos agressivos, como apertar, morder e beliscar. Segundo os autores do trabalho, publicado em 2015 no periódico American Psychological Science, essa é provavelmente uma estratégia do cérebro para lidar com sentimentos intensos.

Bebê, pai e filho - iStock - iStock
Imagem: iStock
“O estudo mostra que, frente a um estímulo extremamente positivo, há uma resposta contrária para tentar equilibrar as emoções”, explica Daniel Mograbi, professor do Departamento de Psicologia da PUC Rio e pesquisador visitante na Universidade King’s College London.

A pesquisa de Yale avaliou especificamente bebês, mas esses impulsos opostos ocorrem também em outras situações: quando choramos na melhor parte do filme, gritamos de empolgação e por aí vai.

Sentimentos ativam partes do corpo

Os mecanismos cerebrais por trás dessa resposta não estão muito bem estabelecidos. “Sabemos que a ativação fisiológica de determinadas emoções envolve não só algumas regiões do cérebro, mas também a atividade corporal”, complementa Mograbi. No caso de coisinhas pequenas como bebês e filhotes, a relação parece ser ainda mais intensa, pois eles despertam o instinto de cuidar, tão inerente aos mamíferos.

Por isso, além do bem-estar da pessoa que está lidando com tamanha fofura alheia, os pesquisadores sugerem no trabalho a hipótese de que mesmo esse ímpeto violento sirva, em última instância aos bebês.

Ora, depois que o impulso agressivo estabiliza as coisas, o humano fica mais concentrado em cuidar do pequeno e não morrendo de fofura. Esse efeito benéfico de autorregulação foi, aliás, observado no estudo. Portanto, pode morder as dobrinhas do neném em casa --só vá com calma!