Basear suas decisões em lembranças de dor ou perda aumenta a ansiedade
Nós nos baseamos em experiências passadas para saber lidar com situações futuras, já tendo uma opinião formada sobre o contexto. Chupou um limão e achou horrível? Depois dessa degustação ousada você sempre terá um pezinho atrás na hora de levar a fruta até a boca novamente. Seu cérebro registrou que a sensação não é das melhores e se programou para ter receio da ação.
Essa capacidade de generalizar eventos é uma técnica importante de sobrevivência, faz com que a gente navegue com segurança pelo mundo ao nosso redor. Porém, a supergeneralização pode levar ao medo e fazer com que pessoas evitem cenários que não são realmente perigosos.
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Este “excesso de evitação” foi identificado como um fator significativo em casos de ansiedade, TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo), dor crônica e depressão.
“Queríamos ver como as pessoas decidem se devem ou não evitar situações particulares, como essas informações são representadas no cérebro e se as pessoas que generalizam mais os eventos negativos tendem a ser mais ansiosas,” explicou Agnes Norbury, principal autora de um estudo realizado pela Universidade de Cambridge, no Reino Unido.
Para tirar as dúvidas, cientistas analisaram dois grupos de pessoas: 26 voluntários fizeram um teste no laboratório enquanto passavam por uma ressonância magnética do cérebro, e 482 participantes fizeram um teste online.
Os grupos viram as mesmas imagens de diferentes flores em uma tela. Algumas pareciam mais “seguras” e outras eram “perigosas”.
Para evitar as imagens perigosas, era possível apertar um botão de “escape”. Se o botão não fosse acionado, os que estavam no grupo do laboratório receberiam instantaneamente um choque elétrico, e quem estava fazendo teste online perderia parte de uma quantia em dinheiro.
No entanto, apertar o botão de fuga também teve um custo: receber choques adicionais no final, ou perder mais dinheiro.
O teste permitiu ver quando as pessoas estavam generalizando muito e apertando demais o botão de escape.
Com os dados, os pesquisadores usaram modelos matemáticos para reconstruir como as pessoas tomaram a decisão de evitar uma situação quando confrontadas com imagens semelhantes àquelas associadas à dor ou perda. Os resultados foram combinados com os mapeamentos cerebrais e questionários sobre os sintomas psicológicos de cada voluntário.
As pessoas foram mais propensas a generalizar a partir de eventos negativos, em comparação com resultados seguros ou neutros. Além disso, diferentes partes do processo de tomada de decisão estavam ligadas à atividade em diferentes regiões do cérebro, incluindo áreas envolvidas na visão, resposta ao medo e aprendizagem segura.
Também ficou claro que as pessoas que generalizaram mais os eventos negativos (de dor ou perda) relataram uma maior experiência de sentimentos ansiosos e pensamentos intrusivos (pensamentos negativos que entram na sua mente contra a sua vontade e são difíceis de se livrar).
“Esperamos que essas descobertas contribuam para maior compreensão dos processos de pensamentos que fundamentam a ansiedade em algumas pessoas”, disse Ben Seymour, que participou da pesquisa. "Nossos resultados mostram os benefícios da análise de processos comportamentais complexos, como a generalização em componentes separados que podem ser examinados e ligados à atividade cerebral e aos sintomas."
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