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Vírus da mononucleose (ou doença do beijo) é ligado a 7 doenças autoimunes

Mononucleose, popularmente conhecida como a doença do beijo - iStock
Mononucleose, popularmente conhecida como a doença do beijo Imagem: iStock

Do VivaBem, com agência EFE

05/05/2018 13h49

Alguns estudos já haviam sugerido que, quando introduzidos no corpo, o DNA de um vírus, assim como certas proteínas, podem contribuir para o desenvolvimento de doenças graves, mesmo muito tempo após a pessoa ter se curado da infecção viral.  

Mas uma pesquisa publicada recentemente no renomado periódico "Nature" e feita pelo Hospital Infantil de Cincinnati, nos Estados Unidos, mostrou como a exposição ao vírus Epstein-Barr, mais conhecido por causar mononucleose (popularmente conhecida como doença do beijo ou do copo mal lavado), aumenta o risco de desenvolver sete doenças autoimunes em pessoas com predisposição genética.

As sete doenças são: lúpus, esclerose múltipla, artrite reumatóide, artrite idiopática juvenil, doença inflamatória intestinal, doença celíaca e diabetes tipo 1.

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O avanço abre novas vias de exploração neste campo, já que o EBV, cujo efeito mais comum é a mononucleose, afeta mais de 90% da população dos países desenvolvidos antes dos 20 anos e, uma vez contraído, se mantém no corpo durante toda a vida.

Como age o vírus da mononucleose?

Vírus da mononucleose - Divulgação/Hospital Infantil de Cincinnati - Divulgação/Hospital Infantil de Cincinnati
Vírus da mononucleose
Imagem: Divulgação/Hospital Infantil de Cincinnati
O vírus Epstein-Barr ataca as células B que produzem anticorpos no sistema imunológico e as "reprograma", por isso o corpo não pode reagir da mesma forma como quando contrai outro vírus.

A proteína presente no EBV, chamada ENBA2, parece se ligar ao DNA humano próximo a sequências que aumentam o risco de contrair o lúpus. E quando o ENBA2 está presente, proteínas produzidas pela célula que influenciam a expressão gênica, também se ligam perto do gene, aumentando assim a probabilidade de que um gene associado ao lúpus seja ativado.

Portanto, o estudo mostra que o EBV modifica os fatores de transcrição, proteínas responsáveis por "ligar" e "desligar" a informação genética e, em consequência, o correto funcionamento das células dentro do genoma. Por isso, quando estes fatores são modificados, as funções normais das células também mudam.

"O vírus cria seus próprios fatores de transcrição", afirmou Leah Kottyan, cientista que participou do trabalho.

A pesquisa comprovou que as sete doenças compartilham o mesmo padrão de fatores de transcrição "modificado" pela proteína EBNA2, embora, segundo a parte do código à qual os fatores se unem, aumenta o risco de lúpus, esclerose múltipla e das outras patologias mencionadas.

"O impacto do vírus pode mudar segundo a doença. No lúpus e na esclerose, o vírus pode ser uma causa significativa em uma grande porcentagem, por exemplo, mas não sabemos a proporção da incidência em outras doenças associadas ao EBNA2", disse John Harley, cientista chefe da pesquisa.

Para chegar a todos estes achados, a equipe de Harley analisou um grande banco de dados de sequências de DNA infectadas com EBV, usando um algoritmo que identifica regiões onde as proteínas que podem influenciar a transcrição gênica estão ligadas.