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Inspiração pra fazer da atividade física um hábito


Comportamento hormonal pode definir o melhor tipo de treino para você

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Imagem: iStock

Do VivaBem, em São Paulo

10/04/2018 16h12

Conhecido por participar do aumento de massa magra, força muscular e aptidão física, o hormônio fator de crescimento insulina-1 (IGF-I) também pode ajudar a identificar quanto um atleta está sendo exigido pelo treinamento e contribuir para a elaboração de um programa de exercício mais eficaz. 

A descoberta é de pesquisadores do campus de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP), que identificaram um comportamento específico da substância durante treinos físicos. Este é o primeiro estudo a demonstrar redução significativa do nível de IGF-I na corrente sanguínea durante a fase intensiva do treinamento, seguida por aumento igualmente importante do hormônio quando o atleta reduz a intensidade dos exercícios.

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Hugo Tourinho Filho, professor da Escola de Educação Física e Esporte de Ribeirão Preto (EEFERP), contou ao Jornal da USP que a eficácia do treinamento físico depende da intensidade, volume, duração e frequência do treino, além da capacidade individual do atleta em tolerar o trabalho físico.

Segundo ele, um desequilíbrio entre a carga utilizada e a tolerância da pessoa leva ao sub-treinamento ou ao overtraining --falta e excesso de treinamento, respectivamente --, situações prejudiciais à performance do atleta.

Treinos personalizados

A descoberta de que o IGF-1 é sensível aos efeitos do treinamento e pode mostrar o estado físico da pessoa faria com que o hormônio ajudasse a planejar treinos personalizados, balanceando as sessões nas diferentes fases da temporada, com o intuito de conquistar um melhor desempenho.

De acordo com o professor, se o atleta está em uma fase intensa de treinos, é natural que esse hormônio se encontre reduzido no organismo. No entanto, quando a fase do treinamento está menos intensa, ele deve voltar aos seus valores basais. "Caso isto não ocorra, pode ser sinal, por exemplo, de overtraining", explica Tourinho.

Ação do treino sobre organismo

Ao lado de Carlos Eduardo Martinelli Júnior, professor do Departamento de Puericultura e Pediatria da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) e especialista em endocrinologia pediátrica, a equipe de Tourinho acompanhou nove nadadores adolescentes --com idade entre 16 e 19 anos, todos do sexo masculino -- em diferentes etapas de uma temporada de treinamento.

O objetivo era verificar se as concentrações sanguíneas de IGF-I e as proteínas a ele relacionadas (IGFBP-3 e ALS) poderiam servir como um marcador de adequação de treinamento. Os pesquisadores compararam, então, os níveis hormonais com desempenho físico e composição corporal dos atletas.

Comprovou-se que tais hormônios servem para sinalizar o modo como o treino atua sobre o organismo, sendo útil ainda para medir a ação do treinamento em qualquer esporte e atleta. Mas, no caso dos adolescentes, o procedimento torna-se "muito importante", garantiu Tourinho. Isso porque o IGF-I está ligado diretamente com o estirão de crescimento e a supressão de sua produção poderia afetar o crescimento do atleta adolescente.

O professor, no entanto, lembrou que um possível prejuízo sobre o crescimento do adolescente ainda não foi confirmado. O IGF-I é produzido, principalmente, pelo fígado por estímulo do hormônio do crescimento (GH, do inglês growth hormone). "Esse eixo, que vai do GH (produzido pela hipófise) até a produção do IGF-I, é composto de hormônios, fatores de crescimento, proteínas de ligação (BPs) e receptores que regulam muitos processos vitais essenciais, incluindo crescimento e desenvolvimento, processos metabólicos e reparadores e envelhecimento", conta Tourinho.

Esses fundamentos justificam a preocupação dos pesquisadores em compreender o funcionamento do eixo GH/IGF-I, que, segundo o professor da USP, deve ser considerado individualmente de forma fisiológica e patológica (funcionamento normal e em doenças).

As pesquisas do grupo continuam, com avaliações de atletas de diferentes esportes. Os cientistas monitoraram equipes de jiu-jítsu, futebol, futebol americano e vôlei, além da natação, e hoje estudam um grupo que pratica crossfit.

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