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Equilíbrio

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Tutoriais na internet inflam a confiança, mas não garantem prática

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Imagem: iStock

Do VivaBem, em São Paulo

08/03/2018 19h59

As redes sociais deixaram mais fácil gravar, compartilhar e ter acesso a vídeos de tutoriais e explicações. Mas assistir aos vídeos, sem praticar as habilidades demonstradas, melhora sua capacidade de executá-las? Foi com essa pergunta em mente que cientistas americanos começaram sua análise e publicaram os resultados no periódico Psychological Science.

“Quanto mais as pessoas observam os outros, mais elas sentem que podem realizar a mesma atividade com sucesso --mesmo sem terem aprimorado as habilidades de verdade”, disse o autor da pesquisa, Michael Kardas, da Universidade de Chicago. “Ao simplesmente ver alguém fazendo uma atividade, criamos confiança para tentar imitar uma ação que talvez ainda não estejamos prontos ou não sejamos capazes de realizar”, completou.

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Em um experimento, os pesquisadores selecionaram mais de mil participantes e os fizeram assistir a vídeos de passo a passo, ler cartões de instruções ou só pensar em realizar o “truque da tolha de mesa”, que consiste em puxar a toalha sem derrubar os pratos e copos que estavam sobre ela.

No fim, aqueles que assistiram ao vídeo explicativo de cinco segundos por vinte vezes eram muito mais confiantes em sua capacidade de fazer o truque do que os que assistiram ao vídeo uma vez. Já as pessoas que simplesmente leram ou pensaram sobre o truque por um longo período não mostraram esse impulso de confiança.

Com isso, os cientistas conseguiram provas iniciais de que a visualização repetida de vídeos das redes sociais pode levar as pessoas a terem um senso de competência inflado.

Para descobrir se a percepção vinha acompanhada de uma melhora real nas habilidades, os pesquisadores convidaram um grupo de 193 pessoas a lançar dardos.

Aqueles que assistiram 20 vezes a tutoriais sobre a atividade estimaram que marcariam mais pontos do que os que viram ao vídeo só uma vez, além de relatarem ter compreendido melhor a técnica e que acertariam o centro do alvo com mais facilidade.

Mas a promessa não se tornou realidade: quem assistiu mais ao vídeo não conseguiu ir melhor no jogo de dardos do que os que só o viram uma vez.

Os resultados se repetiram em provas como imitar coreografias do Michael Jackson, fazer o moonwalk, jogar games de computador e fazer malabarismo. E quanto mais eles assistiam a outras pessoas fazendo tudo isso, mais eles superestimavam suas próprias habilidades.

“Nós vemos isso como um fenômeno potencialmente generalizado, dado que as pessoas têm acesso diário a vídeos assim. É importante deixar claro que ao ver um vídeo você ficará confiante, e alertar que a realidade não é simples assim e será preciso ter cuidado”, concluiu Kardas.

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