Tratamento com LSD alivia sintomas de transtornos como depressão crônica
Não é novidade que o uso de algumas drogas recreativas estigmatizadas como perigosas está sendo testado para tratamentos de pessoas com distúrbios mentais. Nos últimos anos, diversos estudos têm feito experimentos com ecstasy, psilocibina e LSD e, apesar de ilegal, a ideia de tratar a mente com microdosagens dessas drogas chegou a conquistar adeptos nos Estados Unidos.
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Agora, uma nova pesquisa observou o que exatamente acontece dentro do cérebro quando o indivíduo toma LSD e descobriu uma conexão que pode explicar por que o uso de ácido alivia os sintomas de alguns transtornos, como estresse pós-traumático e depressão crônica.
Realizado pelo Centro de Cérebro e Cognição da Universidade Pompeu Fabra, em Barcelona, na Espanha, o estudo descobriu um processo de "harmonização" em áreas do cérebro que normalmente não funcionam em conjunto.
A pesquisa sugere que substâncias psicodélicas como o LSD poderiam encorajar o cérebro a desenvolver certos padrões de atividade que podem ajudar a compensar as conexões desordenadas que causam o sofrimento mental.
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores analisaram os cérebros de 12 voluntários, divididos em grupos que receberam uma dose moderada de LSD ou um placebo. Alguns receberam doses ao ouvir algumas músicas --pesquisas anteriores mostraram que o LSD aumenta as respostas emocionais ao ouvir faixas instrumentais, levando a equipe a analisar seus efeitos neurológicos.
Durante a análise, os cientistas observaram que o LSD faz com que o cérebro funcione de uma forma ligeiramente diferente, recrutando áreas com as quais não costuma mexer.
"Descobrimos que o que o LSD faz com o cérebro é semelhante à improvisação de jazz", disse a neurocientista e uma das autoras do estudo, Selen Atasoy. "Assim como os músicos de jazz improvisado usam muito mais notas musicais de forma espontânea e não aleatória, o cérebro combina mais ondas harmônicas espontaneamente, de forma estruturada."
A analogia musical não para por aí: o estudo ainda mostrou que ouvir música enquanto o cérebro está sob o efeito do LSD realmente amplifica os efeitos de reorganização do órgão.
Segundo os cientistas, já que os problemas de saúde mental geralmente são resultado de conexões falhas em redes cerebrais importantes, o LSD, ao forçar o cérebro a explorar novos caminhos, pode construir novas redes que ajudem a superar os traumas.
Parece que os efeitos não são provisórios. Apesar de as mudanças nas harmonias neurais resultantes do LSD desapareceram em grande parte dentro de algumas horas, os pesquisadores notaram mudanças residuais que sugeriam que novas redes poderiam se tornar permanentes.
Novos estudos ainda precisam ser feitos até medicamentos começarem a ser desenvolvidos, mas os pesquisadores estão confiantes. "No futuro, minha esperança é que possamos obter algumas ideias sobre os mecanismos neurais subjacentes ao efeito terapêutico dos psicodélicos e também de outras ferramentas terapêuticas", diz Atasoy.
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