Ultrassom pode levar remédio até as células e ser usado para curar doenças
Mais conhecido como um exame para que os pais vejam o rosto do bebê que ainda está na barriga, o ultrassom acaba de ganhar novos usos na medicina e pode, no futuro, curar doenças.
Após anos de pesquisa, os cientistas estão usando capacetes de ultrassom para testar tratamentos para Alzheimer e Parkinson e ativar remotamente as células imunes que combatem o câncer.
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Como? O ultrassom funciona da seguinte maneira: uma tensão é aplicada em um cristal piezoelétrico, que vibra e envia uma onda sonora. Quando o som regressa, ele é convertido em sinais elétricos e você obtém uma imagem de, no caso mais comum, um feto. Mas nos últimos anos, a tecnologia se reinventou e pretende usar isso com outros fins.
Agora, os cientistas estudam as microbolhas cheias de gás que os técnicos usam para conseguir o contraste em imagens granuladas de ultrassom. "Estamos começando a perceber que elas podem ser muito mais versáteis", diz Tao Sun, um estudante de graduação em engenharia elétrica e que está fazendo estudos sobre o tema para o Laboratório de ultrassom localizado no Brigham and Women's Hospital e Harvard Medical School. "Nós podemos alterar suas propriedades físicas, usá-las com marcadores de busca de tecido e até mesmo colocar medicamentos nelas".
Há quase duas décadas, pesquisadores descobriram que essas microbolhas podiam fazer outra coisa: soltar a barreira hematoencefálica (BHE). Essa membrana intransitável é o motivo pelo qual as condições neurológicas, como epilepsia, doença de Alzheimer e Parkinson são tão difíceis de tratar: 98% das drogas simplesmente não conseguem chegar ao cérebro por causa dela.
Mas os cientistas descobriram que, ao colocar um batalhão de microbolhas na barreira e atingi-las com um feixe focado de ultrassom, as bolhas começam a oscilar e crescem até atingir o tamanho crítico de 8 mícrons, fazendo a BHE se abrir. Durante algumas horas, qualquer droga (como medicamentos para quimioterapia ou anticonvulsivantes) que esteja na corrente sanguínea também escorrega para dentro do Sistema Nervoso Central.
Câncer também está na lista do ultrassom
Mais recentemente, cientistas perceberam que a barreira hematoencefálica não é o único tecido que pode se beneficiar do ultrassom e das microbolhas. O cólon, por exemplo, terrível em absorver os fármacos mais comuns para o tratamento da doença de Crohn, colite ulcerativa e outras doenças inflamatórias intestinais, também pode entrar na lista.
Em 2015, um estudo publicado no periódico Science Translational Medicine mostrou que ratos tratados com um tipo de fármaco e um segundo de ultrassom todos os dias durante duas semanas foram curados de seus sintomas de colite. O método também funcionou para fornecer insulina em porcos.
Além disso, uma nova pesquisa mostrou que o ultrassom pode ser usado para controlar as células que atacam o câncer. A última mania em oncologia é projetar as células T (grupo de glóbulos brancos responsáveis pela defesa do organismo contra agentes desconhecidos, inclusive o câncer) para melhor atingir e matar células cancerosas. Mas, até agora, ninguém havia encontrado uma maneira de seguir os tumores sólidos sem que as células T também atacassem o tecido saudável.
Entretanto, Peter Yingxiao Wang, da Universidade da Califórnia em San Diego, e sua equipe conseguiram. Eles uniram microbolhas a proteínas na superfície de uma célula T. Toda vez que uma onda ultrassônica passava, a bolha se expandia e encolhia, abrindo e fechando a proteína, deixando os íons de cálcio entrarem na célula. O cálcio acabaria estimulando a célula T a criar um conjunto de receptores geneticamente codificados, direcionando-os para atacar o tumor.
É claro que, sem dados humanos, é muito cedo dizer que a ultrassonografia é a cura para os problemas que as terapias genéticas enfrentam para aumentar a eficiência de alguns remédios no corpo. Mas esses estudos em animais oferecem algumas informações sobre como a tecnologia pode ser usada para tratar condições genéticas em tecidos específicos.
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