Altos níveis de açúcar no sangue também podem afetar o seu cérebro

Pessoas com alto nível de açúcar (glicose) no sangue tendem a ter um declínio da função cognitiva em longo prazo.

Essa relação já foi apontada em um estudo de 2018. A pesquisa do Imperial College London obteve dados do Estudo Longitudinal Inglês do Envelhecimento (ELSA), uma avaliação contínua da saúde de uma amostra da população inglesa de 50 anos ou mais.

Para o estudo, publicado no periódico Diabetologia, a equipe rastreou 5.189 participantes, avaliando seu nível de função cognitiva entre 2004 e 2015. Os cientistas também monitoraram os níveis de HbA1c, conhecido como hemoglobina glicada, uma medida do controle de açúcar no sangue.

Todos os participantes apresentaram algum nível de declínio cognitivo ao longo da avaliação, devido ao envelhecimento. No entanto, os pesquisadores descobriram que aqueles com maiores níveis de HbA1c tiveram uma taxa de declínio acentuada da capacidade cognitiva, memória e execução de algumas habilidades.

Relação entre glicemia e o funcionamento do cérebro

Quando alta demais, a glicemia (taxa de glicose no sangue) pode indicar um quadro de pré-diabetes ou até mesmo de diabetes. Mas os níveis de açúcar também podem afetar o cérebro.

Altas taxas de glicemia no sangue têm relação com a perda de memória e o declínio da capacidade cognitiva
Altas taxas de glicemia no sangue têm relação com a perda de memória e o declínio da capacidade cognitiva Imagem: iStock

Alguns estudos já observaram uma relação entre o diabetes e o declínio cognitivo em condições como Alzheimer. A ligação entre os dois é fácil de entender: o cérebro é um dos órgãos que mais consomem energia no corpo humano —e se ela está em falta no organismo, é natural que ele também sinta os efeitos.

Mas as descobertas vão além de apenas restabelecer o vínculo entre diabetes e declínio cognitivo. O que os pesquisadores encontraram é que o aumento do declínio cognitivo não se limita apenas aqueles que são diabéticos, mas a maiores contagens de HbA1c em geral.

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Enquanto os pesquisadores ainda tentam entender o que esses mecanismos poderiam significar, o estudo mostra que, independentemente de a pessoa ser diabética ou não, dietas com alto teor de açúcar devem ser evitadas.

Não é porque você não tem diabetes tipo 2 que pode comer a quantidade de carboidratos que quiser. Especialmente se você não está ativo. O que comemos é um fator importante na manutenção do controle do nosso destino.

Fontes: Rosebud Roberts, epidemiologista

*Com matéria publicada em 05/09/2018

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