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Equilíbrio

Cuidar da mente para uma vida mais harmônica


Salvo pelo gongo: spas com o instrumento viram moda, mas será que funciona?

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Imagem: iStock

Thiago Varella

Do VivaBem, em São Paulo

22/01/2018 04h00

À primeira vista, parece um pouco estranho utilizar um gongo, um instrumento musical grande e pesado que emite sons imponentes, para relaxar. Mas, esse tipo de terapia está cada vez mais popular no exterior, em países como a Inglaterra e os Estados Unidos. Inclusive, atraindo a atenção de famosos como Victoria Beckham, Robert Downey Jr. e Charlize Theron. E, aos poucos, chega ao Brasil.

Nesta semana, o jornal inglês "The Guardian" publicou uma reportagem sobre o assunto. Segundo a matéria, as sessões de "banhos de gongo", como os britânicos contam, existem por lá há anos, mas só agora se popularizaram. Terapeutas já estão sendo chamados para eventos corporativos. Os mais populares fazem "concertos" para 80 pessoas.

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A sessão, basicamente, consiste em você se deitar em um tapete enquanto o terapeuta toca um grande gongo. E também usa outros instrumentos como taças de som, por exemplo, para, no mínimo, causar uma sensação de relaxamento. Especialistas dizem que a terapia pode, até mesmo, curar dores.

Em uma reportagem de 2015, publicada pelo "The New York Times", a médica Helen Lavretsky, professora de psiquiatria da UCLA (Universidade da Califórnia em Los Angeles) e instrutora de igoa, afirmou que a terapia com gongo deixa o paciente em um estado profundo de relaxamento.

"O relaxamento mental e físico profundo diminui a resposta do sistema nervoso simpático e aumenta a do parassimpático, assim, diminuindo também o estresse", disse. No entanto, para a médica, sessões prolongadas podem causar problemas auditivos. Por isso, o recomendado é, no máximo, uma hora.

No Brasil, existem diversas técnicas disponíveis. Peterson Menezes é um dos pioneiros do país. Ele fabrica, em Itu, no interior de São Paulo, seus próprios instrumentos, inclusive os gongos.

Durante a sessão, antes de efetivamente tocar o gongo, Peterson faz um diagnóstico daquilo que a pessoa precisa. Claro que, para isso, ele usa sons. No caso, das tingshas, pequenos pratos de origem tibetana que ele passa sobre o paciente para detectar algum problema.

"Não é uma questão de energia ou de espírito. É som. Os harmônicos mudam", contou. "Uma vez, recebi um vizinho, que já tinha certa idade. Quando passei a tingsha, percebi um barulho estranho. Parecia que tinha algo na cintura. Quando perguntei, ele me mostrou que estava armado. Tudo isso, dá para saber pelo som", contou.

Após o diagnóstico, Peterson começa a sessão com o gongo. O paciente se deita e logo o gongo é tocado. Esqueça aquele barulho estridente dos filmes orientais. O som que vem do instrumento é grave e cheio de nuances e de harmônicos. Segundo Peterson, se assemelha ao som emitido por uma baleia. Para algumas pessoas, a sensação inicial pode não ser muito confortável.

"O gongo induz a um afundamento mental. Pode ser até que dê um pouco de angústia no início, mas passa. Isso porque nosso cérebro não tem esse som registrado no banco de dados dele e estranha", explicou.

Quase todo mundo dorme durante a sessão. O som do gongo induz sonhos e visões. Conforme o tempo vai passando, Peterson usa outros instrumentos, como as tingshas que emitem sons mais agudos. No final, ele fica um tempo sem tocar e acorda o paciente de forma suave.

Peterson afirma que fez cursos e se preparou muito para trabalhar com esse tipo de terapia. E que, dependendo da pessoa, pode ajudar até mesmo na cura de dores inflamatórias.

No Rio de Janeiro, Regina Santos também trabalha com gongos, mas de uma maneira diferente. A linha da terapeuta foi desenvolvida na Alemanha. Ela usa gongos tanto em trabalhos coletivos, quanto individuais.

Segundo Regina, sua técnica é diferente do "banho de gongos" que ficou popular no exterior. "Faço um trabalho mais calmo. O gongo é um instrumento muito forte, poderoso. Dá uma reorganização interna rápida e profunda e altera nosso estado de consciência. Dependendo de como se toca, ele pode ser desagradável", explicou.

Sua sessão com gongos dura 20 minutos e é recomendada para quem quer encontrar uma resposta, um caminho.

"Na sessão só com o gongo, a gente acessa a sabedoria inata da pessoa. Através desse acesso, o nosso corpo sabe o que ele precisa. Através do som do gongo e da maneira de se tocar, a gente faz esse acesso e a pessoa encontra a resposta dentro de si mesma, por meio de insights", contou.

Outra especialidade de Regina é a "massagem de som" um método que utiliza taças tibetanas para promover um relaxamento. Pela técnica, as taças terapêuticas são colocadas em cima e ao lado do corpo vestido da paciente, e são tocadas suavemente com uma baqueta de madeira com a ponta de feltro ou algodão.

Segundo Regina, os sons e as vibrações emitidas pelas taças massageiam e criam um fluxo energético que percorre todo o corpo.

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