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Indústria escondeu por 50 anos estudo que liga consumo de açúcar a doenças

Getty Images
Imagem: Getty Images

Do VivaBem, em São Paulo

22/11/2017 17h38

Um grupo da indústria açucareira dos EUA acobertou por 50 anos um estudo que ligava o consumo de sacarose com doenças, como câncer e problemas cardíacos. A descoberta, publicada na PLOS Biology, foi feita por pesquisadores da Universidade da Califórnia em San Francisco.

Cristin Kearns, Dorie Apollonio e Stanton Glantz analisaram os documentos da indústria açucareira e descobriram que a SRF (Fundação de Pesquisa do Açúcar) financiou uma pesquisa para avaliar os efeitos da sacarose na saúde cardiovascular. No entanto, quando surgiu a evidência de que a sacarose poderia estar associada a doenças cardíacas e ao câncer de bexiga, a fundação encerrou o projeto, sem publicar os resultados.

Em uma outra análise, Kearns e Glantz descobriram que a SRF financiou secretamente um artigo de revisão de 1967 que minimizava as evidências que vincularam o consumo de sacarose com a doença cardíaca coronária. Essa revisão destacou que os micróbios intestinais eram a razão dos ratos alimentados com açúcar apresentarem níveis mais altos de colesterol do que os que consumiam amido.

A equipe de cientistas destacou que, no ano seguinte, a SRF --que mudou de nome para a ISRF (International Sugar Research Foundation)-- lançou o Projeto 259, um estudo para medir os efeitos nutricionais dos organismos no trato intestinal dos ratos.

Esse estudo também relatou um risco aumentado de câncer de bexiga entre os animais que consumiam açúcar. Internamente, a ISRF descreveu a descoberta como "uma das primeiras demonstrações de uma diferença biológica entre ratas alimentadas com sacarose e amido". Logo após o resultado, a fundação encerrou o projeto e as suas descobertas nunca foram publicadas.

Para os pesquisadores, essa conduta da fundação sugere que ainda é preciso debater sobre os efeitos nocivos do açúcar, já que a indústria está ciente, mas suspende o financiamento de pesquisas por conta de seus interesses comerciais.

"O tipo de manipulação da pesquisa é semelhante ao que a indústria do tabaco faz. Esse tipo de comportamento questiona os estudos financiados pela indústria do açúcar como fonte confiável de informações para a elaboração de políticas públicas", afirmou em um comunicado Stanton Glantz, co-autor do estudo.

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