Topo

Movimento

Inspiração pra fazer da atividade física um hábito


Gostaria de jogar até os 100, diz "vovô tenista" de 93 anos

Vivian Ortiz

Do UOL, em São Paulo

22/10/2017 04h15

Biaggio Mazeo é um exemplo para a nova geração. O aposentado, que começou a praticar tênis aos 78 anos, continua a comparecer religiosamente às aulas quatro vezes por semana, mesmo estando com 93 anos de idade. E ainda vai dirigindo o seu próprio carro. Em outros dois dias, quando faz aulas de pilates para complementar o treinamento, vai e volta caminhando 2 quilômetros até a escola. "Já chego aquecido", brinca o "vovô do tênis", como foi carinhosamente apelidade. Descanso? Só aos domingos.

Essa história de amor ao esporte começou de um jeito inusitado, lá em 2003. Cerca de um ano após Biaggio ficar viúvo, um de seus sobrinhos, Ricardo Mazeo de Souza --que é instrutor e dono de uma escola de tênis em São Paulo (SP)-- usou um domingo para reunir a família e curtir o espaço. Em meio ao ambiente descontraído, ele decidiu chamar o tio para "bater uma bolinha" na quadra. Foi quando a paixão aconteceu.

Retratos de tenista idoso Biaggio Mazzeo  - Carine Wallauer/UOL - Carine Wallauer/UOL
Biaggio durante uma aula.
Imagem: Carine Wallauer/UOL

"Veio uma bola alta e eu fui atrás com a raquete, mas não sabia como correr do jeito certo", conta Biaggio. "Acabei caindo e batendo as costas e a cabeça no piso. O perigo estava dois palmos de mim, pois lá no fundo havia um muro de uns 20 centímetros de ponta a ponta da quadra. Poderia ter morrido na hora."

O susto foi fundamental no desenvolver dessa história. Tudo porque a nora de seu Biaggio fez um escândalo, segundo ele, e insistiu para que o sogro se inscrevesse na aula, pensando que seria uma forma dele aprender a se movimentar melhor e evitar novos acidentes do tipo.

"Ela me torrou tanto a paciência que eu pedi para meu sobrinho uma ficha de inscrição e preenchi naquele dia mesmo, mais para a minha nora ficar quieta", confessa. Com o papel da matrícula em mãos, o sobrinho voltou a insistir alguns dias depois. Biaggio foi, mas pensando em fazer algumas aulas apenas. "O problema foi que gostei", brinca.

Pessoalmente, não gosto da competição, pois leva ao exagero e se eu passar do meu limite, posso levar um tombo e quebrar a perna. O jogo para mim é o exercício e a diversão.

Nada de competição

O sobrinho, Ricardo, explica que é preciso cuidado ao lidar com um aluno dessa idade. O intuito dos professores não é desgastá-lo fisicamente, pois a ideia principal é levar diversão e fazer com que a atividade faça a diferença no dia dele. "Não exigimos o mesmo que exigiríamos de um aluno que planeja se desenvolver para competir", explica. E, segundo o instrutor, é extremamente incomum o caso de um aluno que começou no esporte tão tarde, aos 78 anos, continuar na ativa 14 anos depois.

Saúde de ferro

A saúde do simpático senhorzinho também vai muito bem, obrigado. Ele garante que fez cerca de 40 exames no último ano, todos com resultados normais. "Tomo cinco comprimidos por dia, mas são para tratar coisas decorrentes da velhice e que, se você não cuida, vão piorando", ressalta.

O simpático tenista diz que o esporte mudou a sua vida e que já não pode mais viver sem ele. "Acho que vou continuar mais uns cinco anos, que é o tempo que garanto uma boa disposição. Depois, como já estarei mais perto dos 100 anos, vejo como estarei."